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A protestantização do rito da Missa

A protestantização do rito da Missa

O acadêmico Jean Guitton, grande amigo e confidente de Paulo VI, declarou que o Papa quis deliberadamente remover da Missa tudo o que pudesse desagradar aos protestantes.

De fato, Paulo VI pediu a seis pastores protestantes para colaborarem na redação da Missa nova.

Uma célebre fotografia mostra-o em companhia desses ministros protestantes. Um deles, Max Thurian, de Taizé, explicou mais tarde:

“Nessa Missa renovada, nada há que possa realmente incomodar os protestantes evangélicos” [277].

Mais tarde, em 1988, ele foi ordenado padre, sem ter antes abjurado o protestantismo.

Quando Jean Guitton evocou essa vontade de Paulo VI?

Numa transmissão radiofônica, consagrada a Paulo VI, (em 19 de dezembro de 1993, na Radio-Courtoisie), Jean Guitton evocou, nestes termos, a intenção com que Paulo VI mandou realizar o novo rito:

“A Missa de Paulo VI, primeiramente, apresenta-se como um banquete, e insiste muito sobre o aspecto de participação em um banquete, e muito menos sobre a noção de Sacrifício ritual em face de Deus - com o sacerdote somente mostrando as costas.
Então, creio não me enganar ao dizer que a intenção de Paulo VI, e da nova Liturgia, que leva seu nome, é a de pedir aos fiéis uma maior participação na Missa, a de dar maior espaço para a Escritura, um menor espaço a tudo que há...; alguns dirão, de mágico, outros, Consagração transubstancial, e que é a Fé Católica.
Dito de outra forma, há, em Paulo VI, uma intenção ecumênica de apagar; ou, ao menos de corrigir; ou, ao menos de suavizar o que há de católico demais, no sentido tradicional, na Missa, e de aproximar a Missa – eu o repito – da Ceia calvinista.”

Há outros testemunhos da orientação ecumênica da nova Liturgia?

O principal autor da reforma litúrgica, o padre Annibal Bugnini (1912-1982), nunca escondeu suas intenções ecumênicas. Delas fez a confissão mais significativa, em 1965, em uma pequena frase surpreendente, que merece ser lida duas vezes:

“A Igreja foi guiada pelo amor às almas e pelo desejo de tudo fazer para facilitar a nossos irmãos separados o caminho da união, removendo toda pedra que poderia constituir qualquer sombra de um risco de obstáculo ou de desprazer” [278].

Releiamos: removendo toda pedra, 1) que poderia constituir (no futuro do pretérito); 2) sombra; 3) de um risco; 4) de desprazer...

Como os protestantes avaliaram a Missa nova de Paulo VI?

Muitos protestantes – que, evidentemente, recusavam a Missa tradicional – afirmaram que não viam nenhuma dificuldade em utilizar o novo rito para celebrar sua Ceia protestante.

Além de Max Thurian (em La Croix de 30 de maio de 1969); podem-se citar, entre outros, G. Siegvalt (Le Monde de 22 de novembro de 1969); Roger Mehl (Le Monde de 10 de setembro de 1970); Ottfried Jordahn (conferência de 15 de junho de 1975, a Maria Laach); enfim, a Declaração oficial do Consistório Superior da igreja da Confissão de Augsburgo da Alsácia-Lorena, de 08 de dezembro de 1973.

Os protestantes foram os únicos não-católicos a influenciar a preparação da Liturgia nova?

Além da influência protestante, a reforma litúrgica de 1969 sofreu a influência da Maçonaria.

Como se exerceu essa influência maçônica sobre a reforma litúrgica de 1969?

A influência da Maçonaria sobre a reforma litúrgica se exerceu, primeiramente, de modo indireto, graças à abertura ao mundo pregada por Vaticano II, no momento mesmo em que a sociedade civil se deixava dominar pelos slogans maçônicos: progresso, culto do homem, liberdade, secularização, tolerância, igualdade, etc.

Tudo o que manifestava a transcendência divina, o senso do sagrado, o respeito pela autoridade, o desprezo do mundo, a confissão de nosso estado de pecadores, a importância do combate espiritual, a necessidade do sacrifício e da reparação, ou mesmo apenas o claro reconhecimento de uma ordem sobrenatural, tudo isso pareceu inadaptado ao “homem moderno”, e foi eliminado ou edulcorado.

Podeis dar exemplos dessas mudanças?

A nova Liturgia modificou ou expurgou textos que falavam claramente demais:

a) do inferno ou do diabo (Dies irae na missa dos defuntos; coletas do XVIIº domingo depois de Pentecostes, de São Nicolau, São Camilo de Lelis, etc.);

b) do pecado original (Coleta de Cristo-Rei);

c) da penitência (Coletas de São Raimundo de Peñafort, de São João Maria Vianney cura d’Ars, da Quinta-Feira depois das Cinzas);

d) do desprezo das coisas da terra (Coleta de São Francisco de Assis, pós-comunhão do IIº domingo do Advento; secreta do IIIº domingo depois da Páscoa);

e) da necessária satisfação pelos pecados (Coleta da Festa do Sagrado Coração de Jesus);

f) dos inimigos da Igreja (Comunhão da Festa da Exaltação da Santa Cruz, coletas de São Pio V, São João Capistrano, etc.);

g) dos perigos do erro (Oração da Sexta-Feira Santa pela conversão dos hereges e cismáticos; coletas de São Pedro Canísio, São Roberto Bellarmino, Santo Agostinho de Cantorbéry);

h) dos milagres dos santos (Coletas de São Nicolau, São Francisco Xavier, São Raimundo de Peñafort, São João de Deus, Santa Francisca Romana, etc.). [279]

Essas supressões eram, verdadeiramente, a expressão de um espírito novo?

Paulo VI declarou, nesse mesmo ano de 1969:

“A partir do Concílio, propagou-se, na Igreja, uma onda de serenidade e de otimismo, um Cristianismo estimulante e positivo, amigo da vida, dos valores terrestres (...).
Uma intenção de tornar o Cristianismo aceitável e amável, indulgente e aberto, desprendido de qualquer rigorismo medieval, de toda interpretação pessimista dos homens, de seus costumes.” [280]

Houve também uma influência direta da Maçonaria sobre a reforma litúrgica de 1969?

Em 1975, o grande arquiteto da missa nova, Annibal Bugnini, foi denunciado a Paulo VI como maçom.

O eclesiástico que o acusava fornecia provas e ameaçava tornar a coisa pública.

Paulo VI levou a coisa muito a sério, e, para evitar escândalo, demitiu imediatamente Mons. Bugnini de suas funções de Secretário da Congregação para o Culto Divino, antes de nomeá-lo pró-núncio em Teerã (janeiro de 1976). [281]

Em 1976 e 1978, encontrou-se o nome de Annibal Bugnini nas listas de prelados maçons publicadas pela imprensa italiana. [282]

Notas:

[277] Max Thurian em La Croix de 30 de maio de 1969.

[278] Annibal Bugnini, DC nº 1445(1965), col.604. Annibal Bugnini comentando as modificações trazidas à Liturgia da Sexta-Feira Santa.

[279] Resumimos aqui o estudo de Dom Edouard Guillou O.S.B “Les oraisons de La nouvelle messe et l’esprit de La reforme liturgique”. Encontra-se, neste, o texto completo dessas orações e exemplos complementares (estudo publicado em Fideliter nº 86, março-abril de 1992, p.58ss.).

[280] Paulo VI, DC nº 1538 (1969), col.1372.

[281] Ver, entre outros, as memórias de Mons. Bugnini (The Reform of the Liturgy, 1948-1975,p.91) e a pesquisa de Michäel Davies (Liturgical Revolution, Pope Paul’s New Mass, Augustine Publishing Company, Devom, 1981, part 3, p.505).

[282] Listas publicadas em Panorama nº538 (10.08.76), depois em L’Osservatore Politico de Mino Pecorelli (12.09.1978). Notemos que o jornalista Mino Pecorelli era , ele mesmo, maçom. Foi assassinado a tiros alguns meses mais tarde (20 de março de 1979). Sobre esse caso, ver a pesquisa do professor Carlo-Alberto Agnoli, La Maçonnerie à La conquête de l’Eglise, Versailles, Publications Du Courrier de Rome, 2001.

Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.

Notas da imagem:

Diferença entre a missa nova e a missa tradicional. 

Ainda quando a Missa Nova foi promulgada, os Cardeais Bacci e Ottaviani assinaram uma carta ao papa Paulo VI, acusando a Missa Nova de ter se afastado perigosamente da Teologia Eucarística proclamada infalivelmente pelo Concílio de Trento. Disseram, esses dois Cardeais, que a Missa Nova “representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão XXII do Concílio de Trento”.

Por isso, acusavam a Missa Nova de ter sabor protestante, e de ameaçar levar os católicos ao protestantismo. Escreveram esses Cardeais ao Papa Paulo VI:

“O seguinte Estudo Crítico é o trabalho de um grupo seleto de bispos, teólogos, liturgistas e pastores de almas. A despeito de sua brevidade, o estudo demonstra de forma bastante clara que a Novus Ordo Missae – considerando-se os novos elementos amplamente suscetíveis a muitas interpretações diferentes que estão nela implícitos ou são tomados como certos -- representa, tanto em seu todo como nos detalhes, um surpreendente afastamento da teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão XXII do Concílio de Trento.
Os “cânones” do rito definitivamente fixado naquele tempo constituíam uma barreira intransponível contra qualquer tipo de heresia que pudesse atacar a integridade do Mistério”.
(Carta dos Cardeais Bacci e Ottaviani a Paulo VI em 25 de Setembro de 1969)

O que os Cardeais Bacci e Ottaviani constataram e criticaram na Missa Nova de Paulo VI foi exatamente o que esse Papa ordenara que fosse feito na Missa. Isto é, que da Missa fosse retirado tudo quanto fosse mais católico e que pudesse ir contra o protestantismo. Esse desejo de Paulo VI foi tornado público por Jean Guitton, amigo pessoal e confidente do Papa Paulo VI. Jean Guitton disse:

“Em Paulo VI havia uma intenção ecumênica de eliminar, ou pelo menos de tirar ou de atenuar, o que na Missa era demasiado católico em seu sentido tradicional, com a finalidade de aproximar a missa católica da missa calvinista” (Jean Guitton, apud Padre Dominique Bourmaud, Cien Años de Modernismo, Ediciones Fundación San Pio X, Buenos Aires, 2006, p. 374).

Para executar essa ordem de eliminar o que havia de mais católico na Missa foi incumbido Monsenhor Anibale Bugnini, cujo nome consta da lista de Maçons divulgada por Mino Peccorelli, lista que lhe custou a vida. E para eliminar o que havia de mais católico na Missa, Monsenhor Bugnini contou com a colaboração de 6 pastores protestantes que o ajudaram a fazer a Nova Missa.

Mons. Annibale Bugnini, fora indicado por Paulo VI no dia 5 de maio de 1964 como Secretário da Comissão para elaborar o Novo Ordo. Em março 1965, o L'Osservatore Romano publicou declarações de Monsenhor Bugnini mas quais ele dizia:

"Desejo eliminar [do futuro Rito em elaboração] cada pedra que pudesse se tornar ainda que só uma sombra de possibilidade de obstáculo ou de desagrado aos irmãos separados." (L'Osservatore Romano, de 11 de março de 1965; Doc. Cath. Nº 1445, de 4/4/1965, coll. 603-6040).

Portanto, Monsenhor Bugnini declarou que ia fazer exatamente o que Paulo VI afirmara que desejava que fosse feito: eliminar o que havia de mais católico na Missa, e que só podia ser a Fé na Presença Real de Jesus Cristo na Hóstia Consagrada, e o caráter sacrifical e propiciatório da Santa Missa. (L'Osservatore Romano de 13 de maio de 1967)

De novo, Jean Guitton, avaliando a Nova Missa de Paulo VI, no livro "L’infinito in fondo al cuore", declarou que "a Missa de Paulo VI parece ser a tradução de um serviço protestante."

No dia 19 de dezembro de 1993, no debate "Lumière 101" da Rádio Courtoise, o mesmo Jean Guitton fez as declarações que já citamos tiradas do livro do Padre Bourmaud sobre as intenções de Paulo VI ao reformar a Missa de sempre:

"..a intenção de Paulo VI em relação à liturgia, ou à vulgarização da Missa, era para reformar a liturgia católica para aproximá-la da liturgia protestante... à Ceia protestante. (...) repito que Paulo VI fez tudo o que estava em seu poder para aproximar a Missa católica, apesar do Concílio de Trento, à Ceia protestante".

E quando um Padre, presente no debate, protestou Guitton respondeu:

"A Missa de Paulo VI se apresenta principalmente como um banquete, não é verdade?... e insiste muito pouco na noção de sacrifício, de sacrifício ritual (...). Em outras palavras, há em Paulo VI uma intenção ecumênica de eliminar, ou pelo menos de atenuar, o que há nela de muito 'católico', no sentido tradicional e de aproximá-la, repito, da Missa calvinista!" (Una Voce, França, 1994)

Daí a Missa Nova ser mais próxima da ceia protestante do que da Missa católica. E essa protestantização da Missa fez do sacerdote um “show-man", mais preocupado em divertir a comunidade do em realizar misticamente o sacrifício do Calvário. Tal mudança da Missa católica para um show-missa dessacralizou o sacerdote e causou o êxodo de milhões de católicos para os cultos protestantes.

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