Jesus Cristo é Rei da sociedade temporal?
Jesus Cristo não é apenas Rei da Igreja ou dos fiéis; mas também de todos os homens e de todos os Estados. Ele mesmo o disse antes de Sua Ascensão:
“Todo poder Me foi dado no Céu e sobre a Terra” (Mt 28,18).
Ele é Rei do mundo inteiro, nada pode se subtrair ao Seu poder.
Quais são os fundamentos da Realeza de Cristo?
O Papa Pio XI ensina na encíclica Quas Primas que Cristo tem um duplo direito à Realeza:
1. Ele é Rei por natureza, em razão de um direito inato (Ele é o homem Deus);
2. Ele é Rei por conquista, por um direito adquirido (tendo resgatado o mundo, adquiriu, para si, todos os homens no Seu Sangue);
Essa Realeza de Cristo não se restringe apenas aos batizados?
Pio XI cita a esse propósito Seu Predecessor, Leão XIII:
“Seu Império não se restringe apenas, exclusivamente, às nações católicas, nem somente aos cristãos batizados (...): abrange, igualmente, sem exceção, todos os homens, mesmo estranhos à Fé Cristã, de sorte que o Império de Cristo Jesus é, em estrita verdade, a universalidade do gênero humano” [94]
Jesus Cristo não disse que Seu Reino não era deste mundo?
Cristo afirmou diante de Pilatos que Seu Reino não era deste mundo (Jo 18,36). Isso significa que Sua Realeza não é originária deste mundo, e que ela é de uma natureza bem superior às realezas da Terra. Mas ela se exerce, no entanto, sobre a Terra.
O Reino de Jesus Cristo não é deste mundo; mas este está sim dentro deste mundo.
Essa interpretação é certa?
Essas palavras são tão claras que mal precisam de interpretação. Do mesmo jeito que Nosso Senhor declarou que Ele não era do mundo [95], mas que havia sido enviado a este mundo pelo Pai [96]; afirma, diante de Pilatos, que Sua Realeza não era deste mundo; mas que, Rei, ele veio ao mundo para dar testemunho da Verdade. [97]
O que dizem os Padres da Igreja sobre isso?
Os Padres da Igreja sublinham que Nosso Senhor não disse: “Meu Reino não é aqui”; mas sim: “Meu Reino não é daqui”. [98] Sua Realeza é exercida, certamente, neste mundo.
Por que Jesus Cristo afirma que Seu Reino não é deste mundo?
Jesus Cristo recusou-se a ser proclamado rei (Jo 6,15) para dissociar o Seu Reino das falaciosas esperanças messiânicas dos judeus (libertação do jugo romano e dominação mundial).
Dirigindo-Se a um Governador romano, indica que Sua Realeza, essencialmente sobrenatural, não ameaça ao Imperador; não concorre com as realezas terrestres, cujos limites, cuja fragilidade e cujas mesquinhas ambições não tem.
O Reino de Cristo engloba todos os reinos do mundo, como diz a segunda antífona das vésperas da festa de Cristo-Rei:
“Seu Reino é um Reino eterno e todos os reis da Terra o servirão e obedecer-lhe-ão.”
A Realeza de Cristo não é essencialmente espiritual?
Pio XI ensina, com efeito, em Quas Primas, que o Reino de Cristo é “principalmente espiritual e concerne, antes de tudo, a ordem espiritual”. [99]
Notas:
[94] Leão XIII, encíclica Annum sacrum (25.05.1899), citada por Pio XI em Quas Primas (11.12.1925), EPS-PIN 542.
[95] Jo 17,16: Ego non sum de mundo. Em latim, a preposição de indica a origem, o ponto de partida (do mesmo jeito, no texto grego, a preposição έκ, aqui, como em Jo 18,36).
[96] Jo 17,18: Tu me misisti in mundo. A preposição in seguida do acusativo indica o destino de um movimento(do mesmo modo, em grego, a preposição єίς, aqui como em Jo 18,37).
[97] Jo 18,36-37: Regnum meum non est de hoc mundo (...) Rex sum Ego. Ego in hoc natus sum, et ad hoc veni in mundum, ut testimonium perhibeam veritati.
[98] Jo 18,36: Regnum meum non est hinc. O advérbio latino hinc (como no texto grego, o advérbio) indica a proveniência (responde à pergunta unde). O advérbio hic, ao contrário, indica a localização atual. O fato é, explicitamente, destacado por Santo Agostinho, São João Crisóstomo e Teophilacto (citados por Santo Tomás de Aquino na obra Catena áurea, sobre Jo 18).
[99] Pio XI, Quas Primas (11.12.1925) EPS-PIN 538.
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da imagem:
Filme sobre o martírio do Beato José Sánchez del Río, um cristero de 15 anos de idade.
Vídeo complementar: https://www.youtube.com/watch?v=4bsiTCnoNK0.
O Beato José Sánchez del Río foi torturado e assassinado em 10 de fevereiro de 1928 pelos oficiais do governo de Plutarco Elías Calles porque se recusou a renunciar a sua fé. A guerra cristera no México começou depois da legislação anticlerical de 1926 promovida por Calles. Os católicos que se levantaram com armas em defesa da fé foram chamados cristeros.
Quando a sua família se mudou para Guadalajara, José visitou o túmulo do advogado Anacleto González Flores, martirizado no dia 1º de abril de 1927. Ali, o menino pediu a Deus a graça de poder morrer como Anacleto em defesa da fé católica.
Uma das 27 testemunhas durante o seu processo indicou que o jovem decidiu se unir aos cristeros nessa visita-peregrinação. A sua decisão se tornou mais forte e implorou aos seus pais para que autorizassem que se unisse aos cristeros.
No início, eles negaram por causa de sua pouca idade. Ele mesmo chegou a dizer à sua mãe:
“Nunca foi tão fácil como agora ir para o Paraíso”.
No final, deram-lhe sua permissão e bênção.
José serviu aos cristeros – que inicialmente não quiseram aceitá-lo porque era jovem e pelo perigo ao qual estaria exposto – como porta-estandarte da imagem da Virgem de Guadalupe, mas não chegou a participar ativamente nos confrontos armados.
Em 6 de fevereiro de 1928, durante um confronto entre as tropas do governo e os cristeros, atiraram no cavalo do chefe cristero Luis Guízar Morfin.
José Sánchez desceu do seu cavalo e em um “ato heroico” para que o chefe não fosse preso, disse-lhe:
“Meu general, pegue o meu cavalo para que se salve; você é mais necessário e fará mais falta do que eu nesta guerra”.
Então Guízar Morfín conseguiu fugir e o jovem foi capturado junto com o seu amigo Lázaro.
Depois de ser capturado em 7 de fevereiro de 1928, José Sánchez foi preso no batistério da igreja de São Tiago Apóstolo, em Sahuayo, que havia sido transformado em um cárcere e cavalaria das tropas do governo. Assim, o local onde ele foi batizado se tornou sua prisão.
O postulador contou que o tabernáculo e presbitério da igreja onde estava preso foram transformados em um galinheiro, onde treinavam os galos de briga do governador.
José “reagiu com força, matando os galos, sem medo das ameaças de morte”. Então, disse ao carcereiro:
“A casa de Deus é para orar, não para refúgio de animais. Estou disposto a tudo. Fuzile-me para que eu esteja logo diante de Nosso Senhor e peça para confundi-lo!”.
O presidente Plutarco Elías Calles promulgou várias restrições à Igreja e as pessoas que ousavam desobedecer e professar a sua fé eram enviados para a prisão e executadas.
“Participava das catequeses e estava muito comprometido nas difíceis atividades paroquiais (...) recebia os sacramentos, quando podia, pois o culto público estava proibido, colocando a sua vida em perigo; rezava o terço todos os dias com a sua família. Embora ainda fosse muito jovem, José compreendia bem a perseguição que estavam vivendo no México”, indicou o postulador.
“A etapa da adolescência – explicou o sacerdote – tem características especiais muito conhecidas: tempo de buscar um modelo para se identificar e de um ideal que fundamenta a vida. José o encontrou em Cristo e seu maior desejo foi se entregar totalmente em favor da Igreja ofendida”.
Segundo recordou o postulador, o padrinho de primeira comunhão de Joselito foi Rafael Picazo Sánchez. Também tinham parentesco e era amigo da família. Foi ele quem, influenciado pelo presidente Calles e seu ódio pela Igreja, mandou assassiná-lo. É considerado “o autor intelectual” do martírio de Joselito.
No principio, Rafael Picazo não queria assassiná-lo, assim fez várias propostas tentadoras ao menino a fim de que renunciasse a sua fé. Ofereceram-lhe inscrevê-lo na prestigiosa escola militar do regime e até mesmo enviá-lo aos Estados Unidos. Entretanto, José Sánchez recusou a proposta.
Então, Picazo pediu à sua família 5 mil pesos de ouro para pagar o seu resgate. Seu pai conseguiu o dinheiro, mas José Sánchez pediu para que não pagasse o resgate, porque ele já tinha oferecido a sua vida a Deus e “a sua fé não estava à venda”.
Duas testemunhas do seu martírio contaram que cortaram a sola dos seus pés e lhe obrigaram a caminhar descalço até o seu túmulo, enquanto batiam nele.
O Pe. Gonzalez disse que “queriam obrigá-lo a abandonar a fé com a tortura, mas não conseguiram. Seus lábios somente se abriram para gritar ‘Viva Cristo Rei! Viva a Virgem de Guadalupe!’”.
No cemitério, o chefe dos soldados ordenou que o esfaqueassem para que os tiros não fossem ouvidos. A cada facada, José gritava: “Viva Cristo Rei!!”, “Viva a Virgem de Guadalupe!”. Depois, o chefe deu dois tiros na sua cabeça. Eram 23h30 do dia 10 de fevereiro de 1928.
Editora Permanência. Guerra dos Cristeros. Disponível em: https://permanencia.org.br/drupal/node/1429
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