Lutero e o ofertório da missa
Lutero afirmava:
“Essa abominação (...) que se chama Ofertório. É daí que quase tudo ressoa e faz sentir vivamente o Sacrifício.” [266]
Por que Lutero odiava tanto o Ofertório da Missa?
O antigo Ofertório exprime, claramente, que a Missa é um Sacrifício de propiciação pelos pecados. O sacerdote reza assim:
“Recebei, Pai Santo, Deus Onipotente e Eterno, esta Hóstia imaculada, que eu, Vosso indigno servo, ofereço-Vos, a Vós, meu Deus vivo e verdadeiro, pelos meus inumeráveis pecados, ofensas e negligências; por todos os que estão aqui presentes e por todos os fiéis, vivos e defuntos; para que tanto a mim, como a eles, aproveite para a salvação e vida eterna. Amém.”
O que virou esse Ofertório no rito novo?
No novo rito, o Ofertório foi suprimido e substituído por uma preparação das oferendas, cujo texto é tirado de uma oração judaica para a bênção da mesa:
“Sois bendito, Senhor, Deus do Universo, Vós, que nos dais este pão, fruto da terra e do trabalho do homem. Nós Vo-lo apresentamos; ele virará o pão da vida.”
O que se pode destacar nesta nova oração?
Além de sua tonalidade muito naturalista (nada nela alude às Verdades sobrenaturais reveladas por Deus), nota-se que essa oração esvazia totalmente as ideias de Sacrifício e de propiciação. É o equivalente a uma simples bênção antes de uma refeição.
O mais importante não é que o Cânon da Missa – o muito antigo e muito venerável Cânon romano – tenha sido conservado?
Não se pode, realmente, dizer que o Cânon romano tenha sido conservado pela nova Liturgia.
1. Primeiro, porque perdeu seu caráter de Cânon, isto é, de regra fixa e obrigatória: não é mais que uma possibilidade entre várias (virou a “Oração Eucarística nº 1”, à qual, de fato, prefere-se, frequentemente, uma das outras três “Orações Eucarísticas” introduzidas, em 1969, ou mesmo uma das múltiplas outras autorizadas pela Santa Sé).
2. Em seguida, mesmo essa “Oração Eucarística nº 1” deforma o Cânon romano.
A “Oração Eucarística nº 1” da nova Liturgia não retoma o Cânon romano?
A “Oração Eucarística nº 1” da nova Liturgia pode parecer, à primeira vista, retomar o antigo Cânon romano. De fato, introduziu neste várias modificações. É preciso sublinhar dentre elas:
1. A recitação em voz alta (que implica uma dessacralização do Cânon);
2. A modificação da fórmula consecratória (aproximada do rito luterano);
3. A banalização dessa fórmula consecratória (doravante pronunciada em tom narrativo, como um relato, e não em tom intimativo);
4. A supressão da genuflexão do sacerdote entre a Consagração e a elevação (o que favorece a heresia segundo a qual seria a fé dos fiéis, e não as palavras consecratórias que causariam a Presença Real);
5. A supressão de numerosos sinais-da-cruz;
6. O acréscimo de uma aclamação ambígua depois da Consagração.
Todas essas novas maneiras de agir são, verdadeiramente, más?
Tomadas separadamente, todas essas práticas não são necessariamente más em si mesmas (pode-se mesmo encontrar uma ou outra entre estas em um ou outro rito oriental). Mas, tomadas em seu conjunto e comparadas com o que se fazia antes, todas vêm no sentido do enfraquecimento da Fé.
As outras três “orações eucarísticas” são também contestáveis?
As outras três “Orações Eucarísticas” acrescentam, às faltas da primeira, várias graves deficiências que o Pe. Calmel resume assim:
“Começa-se por transferir para depois da Consagração a maior parte das Preces Eucharisticae; só há uma breve invocação ao Espírito Santo encravada entre o Sanctus e o relato da instituição.
Deseja-se, a toda força, que o sacerdote desemboque na Consagração, sem lhe deixar o tempo conveniente para tomar consciência do que vai fazer, sem lhe permitir que se prepare para o Mistério infinito que vai realizar. (...)
Enfim, mesmo se foram guardadas – mal ou bem - certas ideias do Cânon romano sobre a natureza da Missa e sobre seus efeitos; estas, foram, sistematicamente, amolecidas e enfraquecidas por omissões bem calculadas: o Senhor Deus, a Quem o Sacrifício é oferecido, não é mais invocado com os títulos de Sua Onipotência ou de Sua Clemência infinita; – nenhuma só palavra sobre nossa condição de servos e de pecadores, obrigados por esses dois títulos a oferecer o Santo Sacrifício; – nada sobre a Igreja enquanto católica e apostólica (...)”. [267]
Essas críticas não são muito severas?
Essas críticas são verdadeiras. E podem-se passar em revista ainda muitas omissões comuns às três novas “Orações Eucarísticas”: a finalidade propiciatória do Sacrifício da Missa nunca é explicitamente afirmada (mesmo se as palavras sacrifício e vítima figurem na orações nº 3 e nº 4); todas as figuras do Sacrifício de Cristo (Abel, Abraão, Melquisedec) desapareceram; a Virgem Maria nunca é chamada de sempre Virgem; os méritos dos santos são ignorados (estes sendo reduzidos ao anonimato: mesmo São Pedro não é mencionado); o inferno é inteiramente silenciado, etc.
A “Oração Eucarística nº 2” não é muito antiga?
A “Oração Eucarística nº 2” merece, efetivamente, uma menção especial, pois pode, como se escreveu, “ser empregada, com toda tranqüilidade de consciência, por um sacerdote que não creia mais nem na transubstanciação, nem no caráter sacrifical da Missa: essa “oração eucarística” pode muito bem servir para a celebração de um ministro protestante”. [268]
A noção de Sacrifício, nela, não aparece nenhuma só vez. É, todavia, a mais empregada, porque se faz passar por antiga e venerável, e, sobretudo, porque é a mais curta das quatro (apelidaram-na de mini cânon).
Essa “Oração Eucarística nº 2” não é o cânon de São Hipólito (século III)?
Pretende-se que essa oração seria o antigo cânon de Hipólito; mas:
1. Seria apenas uma forma mutilada desse cânon (a passagem afirmando que Cristo se entregou, voluntariamente, ao sofrimento “para destruir a morte, destruir a servidão ao demônio, pisotear o Inferno, esclarecer os justos” foi, por exemplo, suprimida); [269]
2. Esquece-se de dizer que Hipólito foi o segundo Anti-Papa e que não está comprovado de forma nenhuma que sua Liturgia tenha sido celebrada na Igreja Católica.
Esse Hipólito não era, entretanto, um santo?
O padre Roguet, que é insuspeito de hostilidade para com a nova Liturgia, explica:
“Hipólito não dá seu texto como um cânon; isto é, uma fórmula fixa e obrigatória; mas sim como um modelo para improvisação: seu texto não foi, sem dúvida, pronunciado tal qual é. Enfim, era um personagem muito reacionário, oposto à hierarquia romana ao ponto de se ter erigido em Anti-Papa (o que reparou pelo martírio) e é bem possível que tenha apresentado sua anáfora, contra a oração eucarística então empregada em Roma”. [270]
Quais são as consequências das deficiências dessas novas orações eucarísticas?
O padre Calmel explica:
“Por conseqüência dessas alterações e manipulações, as riquezas inesgotáveis; mas bem definidas, do rito consecratório não estão mais convenientemente explicitadas.
As disposições interiores requeridas para receber os frutos sobrenaturais do Santo Sacrifício não estão mais favorecidas como convém. Como evitar que sacerdotes e fiéis, pouco a pouco, cessem de perceber o significado da Missa, e, que a Missa católica caminhe em direção à Ceia protestante?” [271]
Notas:
[265] Cardeais Ottaviani e Bacci, Carta entregue a Paulo VI, em 29 de setembro de 1969, acompanhada de um Breve exame Crítico do novo Ordo missae, redigido por um grupo de teólogos.
[266] Lutero, em formula missae et comunionis (1523) (t.XII, p.211).
[267] Pe. Roger-Thomas Calmel, O.P. “Apologie pour le canon romain”, Itinéraires nº 157 (novembro de 1971), p.38. Pe. Calmel desenvolve, abundantemente, no resto do artigo, os fatos enumerados aqui.
[268] Breve Exame Crítico do novo Ordo missae, apresentado a Paulo VI, em 1969, pelos Cardeais Ottaviani e Bacci, cap. VI.
[269] Ver Hipólito de Roma, A Tradição Apostólica, texto latino, introdução, tradução e notas de Dom Bötte OSB, Paris, Cerf, “Sources Chrétiennes”, 1946, p.32.
[270] Aimon-Marie Roguet O.P, Pourquai le canon de la messe en français?, Paris, Cerf, 1967, p.23.
[271] Roger-Thomas Calmel O.P., “Apologie pour Le Canon romain”, Itinéraires nº 157 (novembro de 1971), p.38.
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da imagem:
Lado homicida e suicida do criador do protestantismo.
O Dr. Dietrich Emme, em seu livro: "Martinho Lutero - sua juventude e os seus anos de estudos, entre 1483 e 1505", Bonn, 1983, afirma que Lutero entrou no Convento só para não ser submetido à justiça criminal, cujo resultado teria sido, provavelmente, a pena de morte, por ter matado em duelo um seu colega de estudos chamado Jerônimo Buntz. Daí o seu "medo da morte" ao qual se referia frequentemente. Então um amigo o aconselhou a se refugiar no Convento dos Eremitas de Santo Agostinho, que então gozava do direito civil de asilo, que o colocava ao abrigo da justiça. Foi aí que se tornou monge e padre agostiniano.
Lutero parecia ter-se convertido. Mas não. Sempre perturbado e contraditório, ele se declara réu confesso em uma prédica em 1529:
"Eu fui monge, eu queria seriamente ser piedoso. Ao invés, eu me afundava sempre mais: eu era um grande trapaceiro e homicida" (WAW, 29, 50, 18).
E um discurso transcrito por Veit Dietrich, afirma:
"Eu me tornei monge por um desígnio especial de Deus, a fim de que não me prendessem; o que teria sido muito fácil. Mas não puderam porque a Ordem se ocupava de mim" (isto é, os superiores do Convento o protegiam) (WA Tr 1, 134, 32).
Portanto, Lutero foi réu de um homicídio que cometeu quando era estudante em Erfurt. E segundo os seus biógrafos, o motivo teria sido despeito por ter o seu colega obtido melhor nota nos exames.
Fonte do texto da imagem: https://www.catolicosnabiblia.com.br/conheca-o-lado-homicida-e-suicida-do-criador-do-protestantismo
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