O Concílio Vaticano II e a apostasia
Diz a Sagrada Escritura:
"Experimentaram a doçura da palavra de Deus e as maravilhas do mundo vindouro e, apesar disso, caíram na apostasia" (Hebreus 6, 5).
"Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição" - (II Tessalonicenses 2, 3).
Com imensa tristeza, assistimos a cada ano que passa um aumento na descaracterização da nossa Igreja Católica, de tal forma, que se formos comparar a sua situação atual com a de algumas décadas passadas poderíamos afirmar, sem nenhum exagero, que essa de hoje parece claramente outra igreja. E qual a causa desse descalabro?
A apostasia, que tomou conta do clero, dos religiosos e dos leigos, em sua imensa maioria. Jesus fala que a crise de Fé e de Moral serão tão grandes, mas tão grandes, que se não se “abreviassem”, pessoa alguma se "salvaria", como que indicando a extensão da onda de crimes, pecados e apostasia que destruirão a sociedade do final dos tempos. Ou seja: a grande apostasia mundial, o desrespeito a Deus Pai, Filho e Espírito Santo.
Portanto, a apostasia, os pecados e as ofensas a Deus, será geral, atingirá todos os povos, e quase todas as pessoas ofenderão a Deus. Acaso não profetizou a Sagrada Escritura:
"Se o Senhor não abreviasse esses dias, ninguém conseguiria salvar-se. Mas Ele abreviou aqueles dias, por causa dos eleitos que escolheu" (São Marcos 13, 20).
E também nos diz a Sagrada Escritura:
"Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a Terra?" (Lc 18, 8).
Isto quer dizer que no fim dos tempos a Fé e a Virtude serão coisas raras, raríssimas, um privilégio e responsabilidade de pouquíssimos. Este é o tempo profetizado e anunciado na Sagrada Escritura, em que Satanás iria deflagrar todo seu ódio contra a Igreja, sabendo que pouco tempo lhe resta antes que seja julgado e precipitado para sempre no inferno, lugar de condenação eterna para o demônio e todos que se rebelam contra o Deus Altíssimo, Pai, Filho e Espírito Santo.
Diz a Sagrada Escritura:
“Ó terra e mar, cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Apocalipse 12, 12).
Neste momento, uma "Grande Guerra" está sendo travada entre as forças da Luz e das trevas. Satanás quer almas para dividir com Ele sua condenação eterna no abismo infernal. É obrigação dos verdadeiros Filhos de Maria Santíssima, os apóstolos dos Últimos Tempos, guerrear contra Satanás e suas legiões malignas, buscando e salvando as almas para o Glorioso Rei Jesus e Seu Pai Altíssimo.
Há algumas décadas, muitos eclesiásticos de importantes Congregações, já contaminados pelo espírito de rebeldia, começaram a adotar o seguinte discurso:
“Precisamos abrir a Igreja, para conseguirmos conquistar a humanidade”.
E o que realmente ocorreu? Conseguiram, não só “abrir” a Igreja, mas escancarar suas portas ao mundo. E aí, qual foi a consequência trágica dessa leviandade, que os primeiros rebeldes não conseguiram minimamente imaginar?
Com as portas escancaradas, ao invés de a Igreja tomar domínio no mundo, aconteceu simplesmente um movimento inverso: o mundo, cujo príncipe é o próprio demônio, tomou de assalto a Igreja e a secularizou. E foi por causa dessa apunhalada, que Ela vem sangrando e sendo flagelada há vários anos sem parar.
Como bem sabemos, uma hemorragia não só enfraquece um organismo, como também vai necrosando boa parte de seus tecidos, pela falta da irrigação sanguínea que significa vida. E essa vida na Igreja, é transmitida pela fé. Se ela enfraquece, ou até mesmo desaparece, o organismo começa a agonizar. E lamentavelmente, esse é o ponto em que se encontra a Una e Santa Igreja Católica Apostólica neste momento. Ela agoniza, em consequência da apostasia de muitíssimos de seus pastores, e de uma gigantesca parte de seu rebanho.
Chegamos ao grande momento. Hoje, uma grande maioria dos católicos sente-se desnorteada, confusa e perplexa. Existe um abalo gravíssimo em questão de fé. A Fé está agora na presença não de uma heresia particular como no passado – o arianismo, o maniqueísmo, dos albigenses, dos maometanos – nem está na presença de algum tipo de heresia generalizada, como ocorreu quando enfrentou a revolução protestante quinhentos anos atrás.
O inimigo que a Fé tem de enfrentar agora, e que pode ser chamado de “O Ataque Moderno”, é um assalto indiscriminado aos fundamentos da Fé, à própria existência da Fé. E o inimigo, que agora avança contra nós, está cada vez mais consciente, do fato de que não pode haver qualquer neutralidade.
As forças que agora se opõem à Fé Católica, têm o propósito de destruí-la por completo, na sua Doutrina, nos Seus Sacramentos e na sua Liturgia.
Disse Paulo VI, em uma clara demonstração da fracassada incursão do Concílio Vaticano II:
“Na Igreja também está reinando uma situação de incerteza. Tem-se a sensação de que, por alguma abertura tenha entrado a fumaça de satanás no Templo de Deus. A Igreja está passando uma hora inquieta de autocrítica, que melhor se diria de autodestruição. É igual a um transtorno agudo e complexo, que ninguém teria esperado depois do Concílio. A Igreja parece se suicidar, matar a si mesma. A abertura ao mundo foi uma verdadeira invasão do pensamento mundano dentro da Igreja. Talvez nós fomos por demais fracos e imprudentes. Esperava-se que depois do Concílio haveria um período resplandecente de sol para a história da Igreja. Pelo contrário, veio um sopro de nuvens, de tempestades e de trevas! O Concílio foi dominado por modernistas e liberais, daí: Contradições, desagregações, desobediência e anarquia!” – (Papa Paulo VI, ao jornal L'Obsservatore Romano).
São tempos realmente difíceis. Tempos de profundas trevas. Em raríssimas paróquias, ainda observamos a existência de catequeses para adultos, no sentido de manter-se sempre viva a chama da fé, pois o fiel vive em um mundo contaminado pelo agnosticismo.
Assistimos em muitas paróquias catequistas sem nenhum preparo teológico e doutrinário para ministrarem catequeses do santo Batismo, primeira Eucaristia e santo Crisma. Os lamentáveis e distorcidos cursos para noivos em muitas paróquias, que perderam o foco principal na espiritualidade do sacramento do Matrimônio, para, ao invés disso, ministrarem até orientações e detalhamentos da prática do ato sexual.
Sacerdotes, em sua grande maioria, que há muitos anos deixaram de usar suas santas batinas, que eram um grandioso testemunho silencioso da fé e do amor a Deus e à Igreja. Hoje já não usam mais nem mesmo um crucifixo, não usam mais a batina. Andam nas ruas como se homens comuns fossem. E não o são, pois na realidade são os ungidos do Senhor!
Os religiosos e religiosas em sua grande maioria, eliminaram também o uso de seus santos hábitos e vestem-se como leigos, como se isso fosse muito natural. Se não tivessem feito seus votos, até seria.
Será que dez por cento dos sacerdotes e dos leigos atualmente, ainda rezam a Liturgia das Horas, tão desejada pelos Céus? E o Terço, que percentual ainda o reza diariamente? Também houve a retirada e o desuso dos confessionários. Banalização e descaso.
A confissão feita no confessionário, em primeiro lugar, coloca o penitente de joelhos, não para o padre, mas para Jesus. O fiel arrependido, contrito e humilhado, não está em busca do perdão e da misericórdia do padre, mas a de seu Senhor (onipresente e velado), representado na figura do sacerdote. Isso também foi retirado de quase todas as paróquias, favorecendo um esfriamento e distanciamento do fiel, deste Sacramento vital para a vida de todo Católico, pois acabou por banalizá-lo, dessacralizá-lo. E quem perde o zelo pela sacralidade, está perdendo a espiritualidade!
Em suma: está perdendo a fé! Mais um fruto maléfico da gigantesca apostasia que tomou de assalto quase toda a Igreja.
Será que não acreditam mais na existência do inferno e dos demônios? Mas está confirmado no santo Evangelho que eles existem! Estarão duvidando do Evangelho? Mas no Evangelho, é o Senhor Jesus quem afirma isto em vários momentos! Já estarão eles, em sua monumental apostasia, duvidando até do próprio Deus?
Duas das mais hipócritas e cruéis formas de perseguir a sacralidade e a espiritualidade são a sua banalização e descaso. E isso vem ocorrendo gradualmente e lentamente, para passar mesmo despercebido, nos últimos cinquenta anos dentro da nossa Igreja, em relação à Sagrada Eucaristia e a Nossa Senhora.
Essas são as colunas principais que sustentarão a autêntica Igreja Católica no momento de sua maior tribulação, perseguição e purificação, conforme foi mostrado a São João Bosco, quando de sua perseguição derradeira no Fim dos Tempos, por seus inimigos internos, que são os apóstatas, profanadores, blasfemadores, sacrílegos e cismáticos, e também por seus inimigos externos.
A banalização profanadora, o escamoteamento, e o descaso por Jesus-Eucarístico nestas últimas décadas, têm causado a todos nós, grandes tristezas e indignações. Pois Diz a Sagrada Escritura:
“Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e creste. Sabes de quem aprendeste. E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas tem o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz a salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça” (2Tm 3 ,14-16).
Tristemente, podemos afirmar que hoje, quem ensina e defende a Verdade, corre o risco do martírio moral. Por respeito humano, não querem mais falar em nome de Deus, falar as coisas de Deus, e se curvam ante as fábulas, e para não serem perseguidos, abandonam a via régia da Santa Cruz, que é a única a conduzir ao céu.
Assistimos portanto, no pós-concílio, a um desvio, um desmoronamento do cristianismo, que de teocêntrico passa a ser antropocêntrico. O fim último do neo-cristianismo conciliar é a paz entre as nações, a união entre as religiões, o diálogo entre os homens, a saúde e o bem-estar, a harmonia ecológica, as conquistas materiais, e não mais a paz entre o homem e Deus, o culto de Deus, a pregação do Evangelho a todas as nações, nossa santificação. As promessas do Vaticano II revelaram-se falsas e ilusórias
Um certo Padre, em um artigo recente, acusa covardemente os Católicos Tradicionais, de não serem católicos, segundo ele, por “Não guardarem a unidade querida por Jesus”. Ora, pura mentira. Pois são os que preservam a Tradição, que justamente guardam esta unidade. Os que buscam as novidades, estes sim é que saem da unidade.
Este mesmo Padre, acusa também de forma mentirosa e covarde, os Católicos Tradicionais de "cismáticos", de estarem em "heresia"! Mente, mente e mente, e acha que insistindo na mentira, a fará se tornar verdade. Pois eu digo aos senhores: À Deus, ninguém engana.
Diz este mesmo Padre: “O católico, é simplesmente católico”. Covardia, comodismo! É isso que significa esta afirmação. Ou seja: Católico, se cala e obedece à tudo e à todos, independente se a ordem ou ensinamento for contra o Dogma, contra a Doutrina ou contra o Magistério e a Tradição, e se for uma heresia, ou algo que leve à ela.
Acusa aos Católicos Tradicionais, também, e levianamente, sem base de conhecimento nenhuma, de Sedevacantes! Outra mentira! Respeitamos o Papa enquanto chefe supremo da Igreja, e o obedecemos em tudo que não vai contra a Fé de 20 séculos da Igreja, em tudo que é Católico.
Rejeitamos somente o que não é Católico. Isso é direito e obrigação à qualquer Católico do mundo inteiro. Ora, o papado também é uma instituição. E realizada pelo próprio Deus. Por isso, todo católico tem o dever de respeitar e rezar pelo Papa. E, antes de tudo, é preciso respeitá-lo, pelo o que ele é institucionalmente.
Se um dia for eleito um Pontífice pelo qual se sinta certa antipatia, não é possível, por causa disso, lavar as mãos e pensar que se esteja isento de respeitá-lo e de segui-lo. Não. Se ele foi eleito validamente, é o chefe visível da Igreja, e o pai de todos os Católicos. Mas repito: Respeitá-lo e segui-lo, naquilo que é Católico.
As condições para o exercício do carisma da infalibilidade, de acordo com o dogma estabelecido pelo Concílio Vaticano I, em 1870, são quatro:
1 - Que o Soberano Pontífice se pronuncie como sucessor de Pedro, usando os poderes das chaves, concedidas ao Apóstolo pelo próprio Cristo;
2 - Que se pronuncie sobre Fé e Moral;
3 - Que queira ensinar à Igreja inteira;
4 - Que defina uma questão, declarando o que é certo, e proibindo, com anátema, que se ensine a tese oposta.
Fora estas condições, não somos obrigados a segui-lo. Isso é Doutrina Católica, não uma invenção dos Tradicionalistas! Para exercer um ato infalivelmente, em qualquer documento ou forma de pronunciamento, seja numa encíclica ou num decreto especial, bula, constituição apostólica etc, o Papa precisa deixar claro, que o faz nessas quatro condições acima citadas.
Todos os Concílios ecumênicos que foram declarados dogmáticos pelos Papas, e concluíram lançando anátemas definidores de teses dogmáticas, são infalíveis nas decisões aprovadas como infalíveis pelos Papas.
O Concílio Vaticano II foi exceção única na História dos Concílios, pois que João XXIII, ao convocá-lo, e Paulo VI ao reconvocá-lo, e ao encerrá-lo, declararam que ele era apenas apenas pastoral, e que, por essa razão, não tinha valor dogmático. Sendo meramente pastoral, ele pretendia dar apenas conselhos de orientação pastoral.
É caso único na História. Por isso, o Vaticano II recusou lançar anátemas. Portanto, nada definiu dogmaticamente. Somos guiados pelo ensinamento de São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja, no tocante à resistência lícita a um Romano Pontífice, quando, e se necessário. Ensina o santo:
"Portanto, assim como é lícito resistir ao Pontífice que agride o corpo, assim também é lícito resistir ao Pontífice que agride as almas, ou que perturba a ordem civil, ou, sobretudo, aquele que tentasse destruir a Igreja. Digo que é lícito resistir-lhe, não fazendo o que ordena e impedindo a execução de sua vontade” – (De Controversiis sobre o Romano Pontífice, capítulo 29).
Portanto, repito: Covardia e mais mentiras, quando acusam de forma leviana os Católicos Tradicionais de Sedevacantes, pois não somos, pois se o fôssemos, não seríamos Católicos.
Reconhecemos a autoridade e legitimidade do Papa, e rezamos para que ele seja sempre santo e Católico, rezamos pelo seu pontificado, e rezamos para que se afaste de todos os possíveis erros, e rezamos, rezamos cada vez mais.
Não são os Católicos Tradicionais, como os Protestantes, que querem estar acima da Santa Igreja. Ir contra a Tradição, é que é próprio do protestantismo. O que Dom Lefebvre e seus apoiadores, como Dom Antonio de Castro Mayer fizeram, foi justamente ir contra o protestantismo infiltrado na Igreja, que começava abandonando aos poucos a Tradição, imprescindível para a Igreja, a ponto de hoje quase repudiá-la publicamente
As críticas ao pastoral Concílio Vaticano II, são justamente por esse concílio ter trazido para dentro da Santa Mãe Igreja Católica, uma alma protestante. Essa questão não é de ideologia, e sim de Tradição Católica. Quem tem ideologia são os modernistas liberais, que defendem o concílio pastoral vaticano II. Paulo VI confessa a novidade do Vaticano II, ao dizer:
“As palavras importantes do Concílio, são novidade e aggiornamento. A palavra novidade, nos foi dada como uma ordem, como um programa” (Paulo VI, in Osservatore Romano, 3 de Julho de 1974. Citado na página 98).
Ao dito sacerdote, e aos caluniadores, covardes e comodistas, deixo as palavras de um Papa Santo, São Pio V, que disse:
"Aquele que conhece a Verdade e não a proclama, é um covarde miserável, e não um cristão”.
Papa Leão XIII, em sua encíclica Sapientiae Christianae, de 10 de Janeiro de 1890, disse:
“Nesse enorme e geral delírio de opiniões que vai grassando, o cuidado de proteger a verdade e extirpar o erro dos entendimentos, é missão da Igreja, e missão de todo o tempo e de todo o empenho, pois que à sua tutela, foram confiadas a honra de Deus e a salvação dos homens. Mas quando a necessidade é tanta, já não são somente os prelados que hão de velar pela integridade da Fé, uma vez que, cada um tem obrigação de propalar a todos a sua fé, seja para instruir e animar os outros fiéis, seja para reprimir a audácia dos que não são.”
Incumbe, portanto, a todos os leigos, a magnífica tarefa de trabalhar para que o desígnio de salvação, atinja cada vez mais os homens de todos os tempos e lugares. Santo Ivo de Chartres disse:
“Não queremos privar as chaves da Igreja do seu poder, a menos que se afaste manifestadamente da verdade evangélica” (P.L. tomo 162, col. 240)
O Código de Direito Canônico dá aos leigos, direitos e deveres que alguns padres abusiva e ilegalmente recusam com seu “cala a boca“ anti canônico. Diz o Cânon 212, Artigo 2, 3 e Cânon 225:
Artigo 2: “Os fiéis têm o direito de manifestar aos Pastores da Igreja as próprias necessidades, principalmente espirituais, e os próprios anseios”;
No Artigo 3: “De acordo com a ciência, a competência e o prestígio de que gozam, os leigos tem o direito e, às vezes, até o dever, de manifestar aos Pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o bem da Igreja, e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes, e a reverência para com os Pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis”;
Cânon 225, artigo 1: “Uma vez que, como todos os fiéis, através do batismo e da confirmação, são destinados por Deus ao apostolado, os leigos, individualmente ou reunidos em associações, têm obrigação geral e gozam do direito de trabalhar para que o anúncio divino da salvação seja conhecido e aceito por todos os homens, em todo o mundo; esta obrigação é tanto mais premente naquelas circunstâncias em que somente através deles os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer o Cristo”.
Assim disse Paulo VI, em seu discurso em Belém, aos 6 de janeiro de 1964:
“O ensinamento do Vaticano II não é mais o Evangelho de Deus ao homem, mas a mensagem do homem ao homem. Os povos olham para as Nações Unidas, como para a última esperança de concórdia e paz”.
Mas que coisa é o homem? Para São Bernardo de Claraval:
“O homem reduzido a sua dimensão terrena, é um sêmen fedorento, é um saco de esterco, e será alimento dos vermes”.
Ao passo que para Paulo VI é tudo, é a nova divindade do mundo moderno, que põe o Eu no lugar de Deus.
Disse Paulo VI:
“Honra ao homem, honra à ciência, honra ao homem rei da terra, e hoje príncipe do céu” (Discurso por ocasião do Angelus de 7 de fevereiro de 1971).
O Evangelho, ao contrário, nos diz que o “Príncipe, não do céu, mas deste, mundo, é Satanás” (Jo. 12. 31; 14, 30; 31, 11). Esquece-se de que “Amar o mundo significa odiar a Deus” (Tg. 4, 4).
Lembrando as sábias palavras do Arcebispo Dom Marcel Lefebvre, que disse:
"Inseriram a ideologia do homem moderno nos ritos mais Sagrados. Eles têm acreditado atrair para a Igreja as pessoas que não creem tomando suas ideias, tomando as ideias do homem moderno, desse homem que é um homem liberal, um homem modernista, um homem que aceita a pluralidade das religiões, mas que não aceita mais o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso é algo que ultrapassa a nossa imaginação, que nunca teríamos podido pensar, que nunca teríamos podido crer, sobretudo em nossa infância, enquanto tudo era uniforme, quando a Igreja acreditava em sua unidade geral, quando ela tinha a mesma fé, os mesmos sacramentos, o mesmo Sacrifício da Missa, o mesmo catecismo. Eis que, de repente, tudo isso se encontra dilacerado.” (Arcebispo Lefebvre)
A Igreja entrou em uma guerra civil religiosa. A situação é tão grave, que hoje há uma escolha clara entre a fidelidade à Igreja, sua Doutrina, sua Tradição e ao seu Magistério perene, ou àquilo que significa erros, heresia e apostasia. Esta situação é tão grave, que uma posição de neutralidade não é possível. Somos obrigados a escolher de que lado ficaremos.
Cito novamente Dom Marcel Lefebvre, que disse:
“Não é possível deixar de fazer uma escolha, mas esta escolha não é entre obediência e desobediência, mas o que nos propõe, o que expressamente nos convidam, porque nos perseguem, é uma obediência aparente. Eu diria que temos de escolher entre uma aparente obediência – pois o Santo Padre não pode, de forma alguma, pedir-nos que abandonemos nossa fé, que é algo absolutamente impossível – e a conservação da nossa fé. Pois bem, nós escolhemos não abandonar a nossa fé, porque nela não podemos errar. A Igreja não pode estar errada no que tem ensinado durante dois mil anos, e por esse motivo nos apegamos a essa Tradição, que tem se manifestado de forma admirável e definitiva. Temos de dizer “não” a esta onda de neo-modernismo e neo-protestantismo. Não se pode dizer que se escolhe uma parte, mas deixa a outra; isso não pode ser, porque tudo está relacionado. Por esta razão, nós escolhemos o que sempre foi ensinado, e fechamos nossos ouvidos às novidades destruidoras da Igreja." (Dom Marcel Lefebvre)
Lemos em Apocalipse:
“Toda a Terra se maravilhou após a besta, e adoraram o dragão, porque deu a sua autoridade à besta. Adoraram a besta, dizendo: Quem há semelhante à besta, e quem pode pelejar contra ela? Vi, então, outra fera subir da Terra. Tinha dois chifres como um cordeiro, mas falava como um dragão. Ela exercia todo o poder da primeira fera, sob a vigilância desta, e fez com que a Terra e os seus habitantes adorassem a primeira fera” (Apocalipse 13).
Deus cega aos que não resistem ao erro, aos que não querem defender a verdade. E como diz São Pio X:
“E o que exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se tanto mais nocivos, quanto menos percebidos”.
Ora, São Pio X não estava se dirigindo aos católicos Tradicionais, mas aos modernistas infiltrados no seio da Igreja!! Não manipule nem inverta as palavras deste Santo Papa. Não é digno de sua história passada! Não queremos ser maiores do que a Igreja, isso seria heresia. Queremos sim, ser Católicos por inteiro, de forma plena, e não em partes, aos pedaços que nos convêm. Diz a Sagrada Escritura:
"Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas" (II Timóteo 4, 3-4).
Por isso, devemos lutar e permanecer unidos fielmente à Sagrada Tradição. São dois mil anos guardando os ensinamentos verdadeiramente católicos. Os Católicos Tradicionais não são rebeldes, não são cismáticos, não são hereges. Eles resistem. Eles são Católicos. Resistem a esta onda de modernismo que invadiu a Igreja, essa invasão do laicismo, do progressismo e do protestantismo que invadiu a Igreja de uma maneira completamente sem razão e injusta, e que tentou eliminar da Igreja, tudo que nela era sagrado, tudo que era sobrenatural, divino, a fim de reduzi-la à dimensão do homem.
Então os Católicos Tradicionais resistem e resistirão, não num espírito de contradição, não num espírito de rebelião, mas num espírito de fidelidade à Igreja, espírito de fidelidade a Deus e a Nosso Senhor Jesus Cristo, o espírito de fidelidade a todos que nos ensinaram nossa santa religião, o espírito de fidelidade a todos os Papas que mantiveram a Tradição.
É por isso que decidiram simplesmente continuar, preservar a Tradição, perseverar naquilo que santificou os santos que estão no céu. Assim fazendo, estão persuadidos que estão prestando um grande serviço à Igreja, a todos os fiéis que desejam manter a Fé imaculada, a todos os fiéis que desejam receber verdadeiramente e plenamente a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Deserção de padres, deserção de membros de ordens religiosas, a ruína de igrejas, a apostasia de tantos fiéis. Tudo isso teve que acontecer diante de nossos olhos, para que se começasse a perceber o dano que essa reforma causou. Reforma que não foi feita pela Igreja, mas que foi conduzida por aqueles que estavam imbuídos de ideias contrárias, àquelas que a Igreja sempre ensinou.
Diz a Sagrada Escritura:
"Eles são do mundo. É por isto que falam segundo o mundo, e o mundo os ouve. Nós, porém, somos de Deus. Quem conhece a Deus, ouve-nos; quem não é de Deus, não nos ouve. É nisto que conhecemos o Espírito da Verdade e o espírito do erro" - (I João 4, 5 -6).
Temos que nos perguntar: Por que Deus se incarnou? Não foi para estabelecer a paz entre as nações, que é uma utopia. Não foi também, para eliminar a pobreza e a doença do mundo, outra utopia. Não foi, tampouco, para dar a saúde, o bem-estar, bens materiais, conforto ao homem. Ele se incarnou, para dar-nos o céu. Continuemos a Tradição, e é por isso que devemos confiar, não devemos nos desesperar mesmo diante da situação atual, devemos manter, manter nossa fé, manter nossos sacramentos, apoiados sobre vinte séculos de tradição, apoiados sobre vinte séculos de santidade da Igreja, de fé da Igreja.
Disse o Bispo Fulton Sheen:
"Se você tiver que encontrar Cristo hoje, então procure uma Igreja que não se dá bem com o mundo. Procure por uma Igreja que é odiada e ridicularizada pelo mundo, como Cristo foi odiado e ridicularizado pelo mundo. Procure pela Igreja que é acusada de estar desatualizada com os tempos modernos, como Nosso Senhor foi acusado de ser ignorante e nunca ter aprendido. Procure pela Igreja que os homens de hoje zombam, e acusam de ser socialmente inferior, assim como zombaram de Nosso Senhor porque Ele veio de Nazaré. Procure a Igreja que é rejeitada pelo mundo assim como Nosso Senhor foi rejeitado pelos homens. Procure a Igreja que em meio às confusões de opiniões conflitantes, seus membros a amam do mesmo modo como amam a Cristo e respeitem a sua voz como a voz do seu Fundador. E então você começará a suspeitar que se essa Igreja é impopular com o espírito do mundo, é porque ela não pertence a esse mundo, e uma vez que não pertence a esse mundo, ela será infinitamente amada, e infinitamente odiada, como foi o próprio Cristo. Pois só aquilo que é de origem divina, pode ser infinitamente odiado e infinitamente amado. Portanto, essa Igreja é divina." (Bispo Fulton Sheen)
Não temos que temer nada. Jesus vencerá, como venceu sempre. Defendamos a Verdadeira, única e Santa Igreja Católica, da heresia, da apostasia e do falso ecumenismo.
Para finalizar, cito novamente o Papa Leão XIII:
"Retirar-se frente o inimigo, ou calar quando por todas partes se levanta um incessante clamor para oprimir a verdade, é atitude própria ou de homens covardes ou de homens inseguros da verdade que professam. A covardia e a dúvida, são contrárias a salvação do indivíduo e a segurança do Bem Comum, e proveitosas unicamente para os inimigos do cristianismo, porque a covardia dos bons fomenta a audácia dos maus. O cristão nasceu para a luta." (Papa Leão XIII)
Não podemos esquecer, sobre o mais importante de todas as coisas, o objetivo santo de nossa religião: a salvação das almas!! Os nossos dias são de provações e dor para o Corpo Místico de Cristo. Por isso, temos de pedir ao Senhor, com clamor incessante, que os abrevie, que olhe com misericórdia para a sua Igreja, e conceda novamente a luz sobrenatural às almas dos pastores e de todos os fiéis.
Termino essa meditação, citando uma oração da Santa Doutora da Igreja, Santa Catarina de Sena, que assim rezou:
“A ti recorro, Maria! Ofereço-te a minha súplica pela doce Esposa de Cristo e pelo seu Vigário na terra, a fim de que lhe seja concedida luz para governar a Santa Igreja com discernimento e prudência” (Santa Catarina de Sena, Oração, XI).
São os Santos, Doutores e Mártires, apoiados em vinte séculos de Fé, Tradição e Santidade da Igreja, que clamam aos católicos: Lutem!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Salve Maria! Viva Cristo Rei! Senhor, dai-nos a fortaleza dos Mártires!
Vídeo sobre o Concílio Vaticano II e a apostasia: https://www.youtube.com/watch?v=UUnI1DZ67AE.
Notas do vídeo:
Foto dos 6 Pastores Protestantes que participaram ativamente da elaboração da “Missa Nova”, elaborada pós Concílio Vaticano II. Na foto, estão: A. Raymond George (Metodista), Ronald Jaspar (Anglicano), Massey Shepherd, Friedrich Künneth (Luterano), Eugene Brand (Luterano) e Max Thurian (Comunidade Calvinista de Taize).
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