O que é o ecumenismo?
O nome ecumenismo designa o movimento que teve origem no século XIX, dentre os não-católicos, e que tem por objetivo a colaboração e a aproximação das diversas confissões cristãs. Este movimento conduziu, em 1948, à fundação do Conselho Ecumênico de igrejas. [171]
O mesmo contorno de espírito conduziu, em seguida, a aproximar-se das religiões não-cristãs. É o que se chama diálogo inter-religioso.
De onde vem o nome ecumenismo?
“Ecumênico” significa “universal”. O padre Boyer explica:
“A renovação do emprego da palavra “ecumenismo” é devido ao fato de que os protestantes, desejando designar uma universalidade, e achando a palavra “católica” já ao serviço da Igreja romana, escolheram o seu equivalente: “ecumênico”. [172]”
Por que os protestantes experimentaram essa necessidade de trabalhar pela unidade dos cristãos?
Tendo rejeitado a autoridade do Magistério, que é a única que pode garantir a unidade na Verdadeira Fé, os protestantes se dividiram muito rapidamente em seitas e confissões inumeráveis.
Para guardar alguma credibilidade, e segurar os membros atraídos pela unidade católica (tripla unidade de Fé, de culto e de governo), era-lhes necessário encontrar um meio de se reunirem de outro modo: nasceu então o movimento ecumênico.
Qual foi a atitude da Igreja para com esse movimento ecumênico?
No início, a Igreja Católica tomou distância claramente. Só na época do Concilio Vaticano II que o ecumenismo penetrou-a oficialmente.
Vaticano II tratou do ecumenismo e do diálogo inter-religioso?
Vaticano II consagrou ao ecumenismo um decreto especial intitulado Unitatis redintegratio. Promulgou também a declaração Nostra aetate, que trata das relações da Igreja com as religiões não-cristãs.
Onde se pode encontrar a verdadeira posição católica sobre o ecumenismo?
A verdadeira posição católica sobre o ecumenismo está expressa na encíclica Mortalium animos (1928). Seu autor, o Papa Pio XI descrevia os esforços dos “ecumenistas” de uma maneira muito atual:
“Sabendo perfeitamente que é extremamente raro encontrar homens absolutamente desprovidos de senso religioso, nutrem a esperança de que se poderia facilmente levar os povos, apesar de suas dissensões religiosas, a se unirem na profissão de certas doutrinas admitidas como um fundamento comum de vida espiritual.
Em consequência, obtêm congressos, reuniões, conferências frequentadas por um número bastante considerável de ouvintes.
Convidam às discussões todos os homens, indistintamente, os infiéis de toda a categoria, os fiéis, e até aqueles que têm a infelicidade de se terem separado de Cristo ou que negam áspera e obstinadamente a Divindade de Sua natureza e de Sua missão.” [173]
Qual apreciação trazia Pio XI sobre essas atividades ecumênicas?
O Papa prossegue:
“Semelhantes esforços não têm nenhum direito à aprovação dos católicos; apoiam-se sobre aquela opinião errônea de que todas as religiões são mais ou menos boas e louváveis, no sentido de que revelam e traduzem todas, igualmente, embora de modo diferente, o sentimento natural e inato que nos leva a Deus e inclina-nos com respeito diante de Seu Poder.
Além de se enganarem redondamente, os que têm esta opinião rechaçam ao mesmo tempo a Religião verdadeira; falsificam sua noção e caem, pouco a pouco, no naturalismo e no ateísmo.”
Como conclui o Papa?
O Papa conclui:
“É, então, perfeitamente evidente que se unir aos partidários e aos propagadores de semelhantes doutrinas é abandonar inteiramente a Religião divinamente Revelada.” [174]
Qual julgamento fazer sobre o ecumenismo a partir da Fé Católica?
A Igreja Católica sendo a única Igreja fundada por Cristo e a única a possuir a plenitude da Verdade, a unidade dos cristãos apenas pode ser restabelecida pela conversão e pelo retorno, ao seu seio, dos indivíduos ou das comunidades separadas.
Tal é o ensinamento de Pio XI em Mortalium animos:
“A união dos cristãos não pode ser buscada de outro modo que não seja favorecendo o retorno dos dissidentes à única e verdadeira Igreja de Cristo, que tiveram, um dia, a infelicidade de abandonar”. [175]
É tão simplesmente a consequência lógica da reivindicação da Igreja de sozinha possuir a Verdade, pois somente pode haver verdadeira unidade religiosa na Verdadeira Fé.
Antes de Vaticano II, a Igreja se desinteressava pelas comunidades separadas?
A Igreja sempre se esforçou a trazer de novo à unidade do Corpo Místico de Cristo os membros das comunidades cristãs separadas. Esses esforços se concentravam mais nos indivíduos; às vezes também sobre comunidades separadas inteiras.
Na época dos Concílios de Lyon (1245 e 1274), e de Florença (1439), por exemplo, esforçou-se por restabelecer a unidade com os orientais separados da Igreja Católica desde 1054.
Convocando o Vaticano I, em 1869, Pio IX convidou os cristãos separados a pôr fim ao cisma e a retornar ao seio da Igreja [176].
Leão XIII dirigiu um apelo semelhante a todas as confissões cristãs em 1894. [177]
Em que diferiram essas tentativas do ecumenismo atual?
Essas tentativas diferiram do ecumenismo atual, porque eram acompanhadas da firme convicção de que não é a Igreja Católica que devia mudar; mas sim aqueles que se separaram Dela. A Igreja sempre esteve pronta para facilitar seu retorno; mas nunca ao preço da Fé.
Notas:
[171] Este Conselho se define como “uma comunidade de igrejas, que reconhecem a Cristo como Deus e Salvador”. As confissões religiosas que fazem parte deste permanecem independentes. O Conselho não tem nenhuma autoridade sobre elas; podem estas aceitar ou recusar como quiserem suas decisões. Não é nem necessário que cada um dos membros reconheça as outras comunidades como igrejas em sentido estrito – A Igreja Católica não é membro do CEI, apesar de ter, dele, muito se aproximado.
[172] P. Ch.Boyer, artigo “Oécuménisme chrétien” – “Ecumenismo cristão”, em DTC – O termo ‘ecumênico”, em seu sentido mais antigo (“universal”) era empregado para designar os Concílios Gerais da Igreja, assim distintos dos Concílios Particulares. Um Concílio Ecumênico é um Concílio de toda a Igreja, cujos decretos valem para a Igreja Universal; “ecumênico”, aqui, significa “geral”. No caso contrário, fala-se de Concílio particular ou de sínodo: este só compreende os Bispos de uma certa parte da Igreja e suas decisões só valem para esta parte. A palavra “ecumênico”, hoje, tomou sentido novo.
[173] Pio XI, Mortalium animos (06.01.1928), EPS-Égl. 854.
[174] Pio XI, Mortalium animos, EPS-Égl. 855.
[175] Pio XI, Mortalium animos, EPS-Égl. 872.
[176] Pio IX, carta Jam vos omnes, de 13.09.1868 (DS 2998; EPS-Égl. 313-320).
[177] Leão XIII, carta Praeclara gratulationis, de 20.06.1894.
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da imagem:
São Maximiliano Maria Kolbe no Campo de Concentração de Auschwitz, Alemanha (hoje Polônia).
“Não há maior inimigo da Imaculada e de Seu Reinado que o ecumenismo de hoje, o qual todo Cavaleiro [da Imaculada] deve não só combater, mas também neutralizar, por uma ação diametralmente oposta e, finalmente, destruir.” (S. Maximiliano Maria Kolbe).
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