Os erros do sedevacantismo
Frequentemente, ouvimos esta afirmação: "D Marcel Lefebvre era sedevacantista." Quer seja para condená-lo, quer seja para reclamar a sua autoridade moral para esta posição na crise da Igreja. Como vemos na sua biografia monumental escrita por S. Exma. o Sr Bispo D. Bernardo Tissier de Mallerais, esta afirmação é absolutamente contrária à verdade.
O Sedevancantismo
A questão do sedevacantismo foi levantada por muitos, e Dom Lefebvre, ele mesmo, se perguntou como era possível que um Papa presidisse à destruição da Igreja.
“Pois, enfim, um grave problema se impõe à consciência e à fé de todos os católicos desde o pontificado de Paulo VI, dizia Dom Lefebvre numa entrevista concedida ao jornal Figaro em agosto de 1976.
Como um Papa, verdadeiro sucessor de Pedro, ao qual não falta a assistência do Espírito Santo, pode presidir à destruição da Igreja, a mais profunda e a mais extensa de toda a sua história, num espaço de tempo tão curto, coisa que nenhum heresiarca jamais conseguiu fazer?” [1]
“Temos verdadeiramente um Papa ou um intruso sentado sobre o trono de Pedro? Bem-aventurados aqueles que viveram e morreram sem ter que formular uma tal questão”. [2]
Mas Dom Lefebvre não deixou essa pergunta sem resposta. Mesmo se não é possível esclarecer inteiramente essa questão, ou melhor, por isso mesmo, por não se ter um ensinamento infalível do magistério a esse respeito, uma atitude de reserva se impõe.
“Fora as ocasiões em que ele usa o seu carisma de infalibilidade, o Papa pode errar. Por que então se escandalizar e dizer: ‘Então ele não é Papa’, como Ario que se escandalizava a respeito das humilhações do Senhor que dizia na sua Paixão: ‘Meu Deus, porque me abandonaste?’ e Ario concluía: ‘Então, ele não é Deus!’ Nós não sabemos até onde um Papa levado por não sei que espírito ou formação, submetido a não sei que pressões ou por negligência pode arrastar a Igreja a perder a Fé, mas nós constatamos os fatos. Eu prefiro partir deste princípio: nós devemos defender nossa Fé; eis aí o nosso dever. Quanto a isso não há a menor sombra de dúvida”. [3]
Mais claramente, Dom Lefebvre se perguntava: pode-se afirmar a heresia formal do Papa? Quem tem autoridade para declarar isso? Quem fará as monições previstas pelo Direito Canônico, necessárias para esta constatação? Além disso, se o Papa não é Papa, em que situação se encontra a Igreja? Quem nos indicará o futuro Papa? Como poderá ele ser designado se não há mais cardeais, já que o Papa atual não é Papa e portanto não pode criar validamente novos cardeais?
E Dom Lefebvre conclui:
“Este espírito sedevacantista é um espírito cismático”.
E ainda:
“A visibilidade da Igreja é por demais necessária à sua existência para que Deus possa omiti-la durante décadas”. [4]
Por essas razões, Dom Lefebvre dizia a seus padres e seminaristas:
“Eu não posso admitir que, dentro da Fraternidade, alguém se recuse a rezar pelo Santo Padre e, portanto, se recuse a reconhecer que há um Papa. Seria entrar num caminho que é um impasse. Eu não quero conduzir os senhores a um impasse, pôr os senhores numa situação impossível”. [5]
Mas, então, por que na diocese de Campos alguns acusam ou suspeitam os padres da Fraternidade São Pio X de serem sedevacantistas?
A resposta; por mais curiosa que possa parecer, é a seguinte: aqueles que acusam os padres da Fraternidade São Pio X de serem sedevacantistas raciocinam da mesma maneira que os próprios sedevacantistas. Para eles; ou o Papa é Papa, e então tudo o que ele diz é certo e tem que ser acatado, ou então, se ele ensina erros graves, ele não é Papa.
A verdade é que este dilema é um falso dilema. A verdade é que o Papa, mesmo sendo Papa, pode errar. Fora os casos em que o Papa engaja a sua infalibilidade, ele pode errar. Hoje vemos o Papa errar e difundir o erro e mesmo heresias. Denunciá-lo não é sinal de sedevacantismo mas sim de catolicismo.
Além do mais todos os padres da Fraternidade São Pio X assinam um documento, antes de sua ordenação, dizendo que reconhecem Bento XVI como Papa e que rezarão publicamente por ele. Portanto os que atacam a Fraternidade por causa disto não sabem o que dizem.
Quanto aos que defendem o sedevacantismo temos um conselho a dar. Um conselho de prudência e de humildade. Se a Santa Igreja não definiu as condições em que um Papa deixa de ser Papa, convém não se avançar neste terreno, pois isto seria também amar novidades, e abandonar os caminhos seguros da doutrina já definida.
Amar a Tradição da Igreja é justamente rejeitar novidades e firmar-se no terreno firme do ensinamento do magistério infalível da Santa Igreja. Deve-se também levar em conta o caráter próprio do modernismo e do liberalismo, que admitem uma infinidade de matizes e de graus.
Além disso, as heresias do Papa reinante não são necessariamente heresias formais; mas podem ser apenas materiais, como no caso daqueles que não têm noção de estar indo contra o magistério da Igreja. Em seguida, mesmo em caso de heresia formal, resta a questão de saber se o Papa perde o pontificado nesse caso e como.
Tudo isto nos convida à sobriedade, e o exemplo de Dom Lefebvre e de Dom Antônio de Castro Mayer deviam ser suficientes para nos preservar desta conclusão, que peca por excesso ao querer dar, para não dizer impôr, solução definitiva a uma questão à qual a Santa Igreja não só não deu ainda solução.
O perigo do cisma é certo para os que seguem as doutrinas sedevacantistas. A experiência mostra que isso não é apenas uma hipótese. Já há vários Papas eleitos pelos sedevacantistas. Mais de dez, ao que parece. Isto devia ser o suficiente para inspirar maior sobriedade aos defensores de uma posição que leva a tais loucuras, pondo em risco certo a salvação eterna de suas almas, e de muitas outras.
Notas:
[1] Mgr. Tissier de Mallerais – Marcel Lefebvre, éditions Clovis, pág. 515
[2] Ibidem – pág.533
[3] Ibidem – pág.534
[4] Ibidem – pág. 536
[5] Ibidem – pág. 536
Mosteiro da Santa Cruz. Disponível em: http://beneditinos.org.br/2012/02/o-sedevacantismo/
Vídeo sobre o sedevacantismo:
Homilia do Revmo. Sr. Pe. Samuel Bon sobre o sedevacantismo: https://www.youtube.com/watch?v=5O344Uy21jA.
Produtos recomendados:
-
Vestido midi infantil…
Vestido infantil midi modelo evasê com babado, confeccionado em crepe seda, cor branca, com estampa floral delicada, com babado, decote…
Vestido infantil midi modelo evasê com babado, confeccionado em…
R$ 79,0069,00 - Vestido midi evasê preto com… Vestido modesto midi evasê, cor preto, com tule na saia, decote princesa, acompanha faixa. Está disponível nos tamanhos M, G e… Vestido modesto midi evasê, cor preto, com tule na saia, decote… R$ 169,00
- Vestido infantil midi Jacinta Vestido infantil midi modelo evasê salmão com linda estampa delicada de buquê de flores, com babado, decote redondo. acompanha faixa… Vestido infantil midi modelo evasê salmão com linda estampa… R$ 139,00
Leia também o próximo estudo:
Compartilhe este estudo: