Papas que se passam por conservadores
Os Papas conciliares passam geralmente por conservadores, porque continuam a defender certos princípios de moral natural que o mundo moderno nega; em matéria dogmática, procuram frear os mais progressistas dos teólogos modernistas.
Pode-se fornecer uma outra explicação desta falsa reputação de “conservadores”?
Uma característica da crise atual é a grande confusão de ideias e de pontos de vista que reina até dentro da Igreja Católica. Basta defender esse ou aquele ponto de Doutrina Católica para ser qualificado de conservador. A expressão não significa mais grande coisa.
Em matéria moral, por que o Papa Paulo VI tem reputação de Papa conservador?
O Papa Paulo VI passa por conservador por conta da Encíclica Humanae Vitae, de 25 de julho de 1968, que incute a oposição da Igreja à contracepção. Essa encíclica excitou muito ódio contra ele, e numerosos episcopados a ela se opuseram mais ou menos abertamente.
Tendo em vista o contexto, essa Encíclica Humanae Vitae não foi um ato de coragem do Papa?
A encíclica Humanae Vitae requereu, sem dúvida, uma certa coragem da parte de Paulo VI, e ela certamente é a prova da assistência de Deus à Sua Igreja, mesmo no meio da crise atual. Mas não se pode esquecer que o Papa Paulo VI era o primeiro responsável pelo contexto em questão, uma vez que havia recusado que a contracepção fosse claramente condenada no Vaticano II. A porta não teria sido tão difícil de fechar se não houvesse sido entreaberta no Concílio.
João Paulo II não foi, diante do mundo moderno, um grande paladino da Moral Cristã?
João Paulo II – como, hoje, Bento XVI – era criticado como um conservador endurecido em razão de sua clara posição nas questões de moral conjugal e de celibato. E, mais uma vez, não nos enganemos: mesmo nestas matérias, há nele algum amolecimento doutrinal.
O ensinamento moral de João Paulo II se afasta da Tradição?
Constata-se, nas justificativas de moral cristã dadas por João Paulo II, um deslocamento de ênfase: é sempre o argumento da dignidade do homem que é colocado em primeiro plano.
O Novo Catecismo da Igreja Católica diz assim:
“O assassinato de um ser humano é gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador” [52]
Uma tal inversão de ordem mostra até onde chega hoje o Humanismo dos homens da Igreja. Lembremos a frase de Paulo VI, dizendo que a Igreja, Ela também, tem o “culto do Homem”.
Em matéria doutrinal, Paulo VI não defendeu a doutrina tradicional no seu Credo do Povo de Deus? E João Paulo II na sua Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis, de 22 de maio de 1994, declarando claramente que a ordenação de mulheres está absolutamente excluída ?
Os Papas atuais não são (e, graças a Deus, não podem ser) deficientes de todo. Mas basta que o sejam em alguns pontos para que as consequências sejam trágicas para o conjunto da Igreja.
Ora, de fato, esses Papas, em numerosos casos, apoiaram os modernistas, abandonaram os defensores da Verdade católica e mesmo condenaram a estes.
Notas:
[52] Novo Catecismo da Igreja Católica (1992), §2320
Catecismo Católico da Crise na Igreja. Pe. Mathias Gaudron.
Notas da ilustração:
Papas pós-conciliares*: João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco.
*Exceto o Papa João Paulo I, que não está na imagem.
Segundo Paulo VI, no testemunho de Jean Guitton até o presente momento não contestado, existe uma incompatibilidade de fé entre a Missa de sempre e a Missa nova que é a expressão da fé do Vaticano II.
Trata-se de duas fés divergentes: uma teocêntrica, expressa de modo inequívoco na liturgia antiga, e outra antropocêntrica, predominante na liturgia moderna e nos documentos do Vaticano II.
Quem nos garante isso? Novamente o Papa Paulo VI:
“Alguns acusam o Concílio [Vaticano II] ter se desviado para o antropocentrismo. Desviado, não. Dirigido, sim”
“... Ó vós humanistas modernos, que renunciais à transcendência das coisas supremas, e saibais reconhecer o nosso novo humanismo: nós também, Nós mais do que qualquer outro, nós temos o culto do homem" (Paulo VI, Discurso de encerramento do Concílio Vaticano II, 7 de Dezembro de 1965. Destaques nossos).
Constata-se, portanto, que a divergência é de “centro”. Enquanto na Missa tridentina resplandece a luz do teocentrismo católico, na Missa nova vislumbramos as trevas do humanismo que, desprezando a Deus, coloca o homem no centro de tudo.
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