Meditação de 1 de maio

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Santo Afonso, modelo de Pobreza Evangélica

Santo Afonso, modelo de Pobreza Evangélica

Devoção a Santo Afonso como modelo das Virtudes Fundamentais. Mês de Maio

Beati pauperes spiritu; quoniam ipsorum est regnum coelorum – “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5, 3)

Sumário. A fim de se tornar mais semelhante a Jesus Cristo, tão amante da pobreza, Santo Afonso começou a praticar a pobreza voluntária desde que entrou no estado eclesiástico. Quando depois se consagrou inteiramente a Deus pelos santos votos, o seu amor à pobreza não conhecia mais limites, praticando-a no vestido, na alimentação, na mobilia e em tudo o mais. Examinemos depois se nós também estamos desapegados das coisas da terra, e lembremo-nos de que nunca será santo quem ama as comodidades e riquezas. I. O Filho de Deus baixou do céu à terra para ensinar aos homens o valor da santa pobreza que Ele tomou por companheira durante toda a sua vida. Eis porque Santo Afonso, que resolvera seguir em tudo os ensinos do divino Redentor, cuja imagem viva queria ser, procurou por todos os modos adquirir tão bela virtude. — Ainda no mundo, já começou a praticá-la, quando abraçou o estado eclesiástico; e preferiu a humilde libré de Jesus Cristo a todas as pompas e lucros do foro.

Mas, depois que Afonso deixou o mundo e se uniu estreitamente a Deus pelos santos votos, o seu amor à pobreza não tinha mais limites. — Como missionário, e também como bispo, seu vestido era sempre o mais simples possível; nem se envergonhava de comparecer assim na presença de personagens ilustres, dizendo que a pobreza é o distintivo do bispo. — Enquanto a obediência lho permitia, escolhia sempre para si o quarto mais incomodo e dormia sobre um pobre enxergão. Como alguém o procurasse persuadir que assim não fizesse, em consideração às pessoas de distinção que o vinham visitar, respondeu:

“Oh! Pouco importa; todos sabem que fiz voto de pobreza”

— Finalmente, para o sustento, ser via-se Afonso de alimentos comuns, simples e de preço baixo.

“Que escândalo”, exclamava o Santo, “se o povo viesse a saber que o bispo manda procurar os melhores bocados!”

Nem mostrou o Santo menos zelo a fim de que os seus Congregados fossem igualmente ciosos da santa pobreza. Bastava que neste ponto alguém se desviasse um pouco da regra, para ser severamente punido.

“Vigiemos”, dizia a seus filhos, “para que não se abra a porta a faltas contra a pobreza, porque, junto com a obediência, é ela que nos conserva o fervor.”

— “Cada um de nós», acrescentava, “se gloria de ser discípulo de Jesus Cristo, e entretanto não quer seguir os seus ensinamentos. Como é possível que alguém pratique a virtude da pobreza e seja pobre de espírito, quem prorrompe em queixas, quando não é segundo a sua vontade o que a Comunidade lhe dá de alimento ou vestido? Jesus Cristo, o Senhor do céu e da terra, não tinha onde reclinar a cabeça!”

II. Seja o fruto desta meditação a imitação da pobreza de Santo Afonso, conforme o permite o teu estado de vida, e o desapego dos bens terrestres, ao menos pelo afeto. Lembra-te da sentença terrível pronunciada por Jesus Cristo contra os que apegarem o coração às riquezas :

“Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. Ainda mais vos digo, que mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” (1)

—Tu, pois, que tens a ventura de seres religioso e filho do santo Doutor, mira-te neste modelo; vê se lhe és semelhante no sustento, no vestido, no uso dos objetos necessários, e reforma a tua vida segundo a do Santo. Oh! Quantos religiosos se condenam pelos pecados contra o voto de pobreza, ou ao menos se preparam um purgatório longo e rigoroso!

Meu Jesus, se no passado tive o coração preso aos bens da terra, doravante quero, à imitação de Santo Afonso, que sejais o meu único tesouro. O Deus de minha alma, sois um bem infinitamente superior a todos os bens, mereceis um amor infinito; eu Vos amo e estimo sobre todas as coisas e mais que a mim mesmo. Vós sois o único objeto de todos os meus afetos. Nada desejo deste mundo; mas, se tivesse de formar algum desejo, seria o de possuir todos os tesouros e reinos da terra, para renunciar a eles e privar-me inteiramente deles por vosso amor. Vinde, ó meu amor, vinde consumirem mim todos os afetos que não são para Vós. Fazei com que para o futuro eu só suspire por Vós. O amor que Vos fez morrer por mim na cruz, faça-me morrer a todas as minhas inclinações, afim de não amar outra coisa senão à vossa bondade infinita e só desejar.a vossa graça e o vosso amor.

Meu amado Redentor, quando serei todo Vosso, assim como Vós sois todo meu, desde que eu o queira? Nem sei como dar-me a Vós. Ah! Tomai Vós mesmo posse de mim, e fazei com que eu só viva para Vos agradar. O Jesus meu, espero tudo pelos merecimentos de vosso Sangue .

— E vós, ó minha Mãe, Maria, dai-me a santa perseverança; eu vô-lo peço pelo amor de vosso grande devoto e meu protetor, Santo Afonso.

Referências: (1) Mt 19, 23

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até à Undécima Semana depois de Pentecostes Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 390-392)

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Festa dos Apóstolos São Filipe e São Tiago

Festa dos Apóstolos São Filipe e São Tiago

Dicit ei Philippus: Domine, ostende nobis Patrem, et sufficit nobis — ”Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos a Pai, e isso nos basta” (Jo 14, 8)

Sumário. Se foi grande a graça que o Senhor deu a estes seus discípulos, sublimando-os ao ministério do apostolado, eles por sua vez corresponderam-lhe exatamente. Durante toda a sua vida trabalharam pela glória de Deus e salvação do próximo, e afinal selaram a sua pregação com o martírio. Regozijemo-nos com os santos apóstolos, demos graças a Deus em nome deles e vejamos se e como os temos imitado na correspondência aos favores divinos.

I. Considera como São Filipe foi um dos primeiros que Jesus Cristo chamou em seu seguimento. Diz São João Crisóstomo que, já antes de ser chamado ao apostolado, era venerado de todos pela santidade da sua vida. Meditava continuamente nas Escrituras Sagradas, e com sentimentos de devoção sincera esperava o Messias, que havia de ser o Redentor de Israel. Feito apóstolo, trabalhou com tão grande zelo na pregação das glórias do seu divino Mestre, que bem se pode dizer que neste ponto se avantajou aos outros. Com efeito, foi São Filipe o discípulo fiel, que, pressuroso por dar ao Senhor uma prova do seu afeto, o fez conhecer a Natanael, quando ele mesmo acabava apenas de o conhecer (1).

Para fazeres ideia da familiaridade com que o tratou o Redentor, basta que reflitas no seguinte: Querendo Jesus fazer o milagre da multiplicação dos pães, perguntou-lhe, como que de gracejo, onde se poderia conseguir bastante pão para tantas pessoas (2). Além disso, na despedida que o Salvador fez dos apóstolos na véspera da sua Paixão, quando tinha falado sobre o seu Pai divino, o santo tomou a liberdade de pedir ao Senhor que lhes mostrasse o Pai, por ser isso o desejo de todos. E Jesus respondeu: Qui videt me, videt et Patrem meum (3) — “Filipe, quem me vê a mim, vê também o Pai”.

Depois da vinda do Espírito Santo, São Filipe foi pregar o Evangelho na Frígia, converteu grande número de infiéis, e afinal, teve a glória de ser açoitado e crucificado, e apedrejado ainda sobre a cruz, por amor de seu divino Mestre. Regozija-te com o santo, mas procura também imitar-lhe os exemplos, fazendo o que puderes, para que Deus seja amado e servido por todos.

II. Igual ao zelo de São Filipe foi o do apóstolo São Tiago Menor, chamado na sagrada Escritura irmão do Senhor, quer dizer seu parente próximo. A exemplo de Jesus Cristo, que coepit facere et docere — “começou a fazer e a ensinar” (4), ele se preparou para o apostolado pela prática das mais belas virtudes. “A sua vida”, diz São Jerônimo, “não foi senão um jejum prolongado”: abstinha-se do uso de carne e vinho, andava sempre de pés descalços e vivia de um modo tão austero, que, na palavra de São João Crisóstomo, parecia-se mais com um esqueleto do que com um homem vivo.

A sua piedade estava a par da sua mortificação. Basta dizer que ele granjeou tão alta estima, que era cognominado o Justo, e os homens procuravam à porfia tocar-lhe a orla dos vestidos. Era tão contínua a sua oração no templo, que lhe calejaram os joelhos igual pele de camelo. Depois da ascensão do Senhor, São Tiago foi feito bispo de Jerusalém e incumbido da conversão tão difícil dos judeus, dos quais converteu tão grande número, que se fundou ali uma Cristandade muito florescente.

Movidos de despeito, os escribas e fariseus primeiro acometeram-no com pedras e depois precipitaram-no do alto do templo. O santo não morreu logo, mas, pisado pelo corpo todo, levantou as mãos ao céu, rogando pelos seus algozes e repetindo as palavras com que seu divino Parente orou sobre a cruz: Ignosce eis, Domine, quia nesciunt quid faciunt (5) — “Perdoa-lhes, Senhor, pois não sabem o que fazem”.

Regozija-te com o santo apóstolo e dá graças a Deus pelos favores a ele concedidos. Mas ao mesmo tempo examina a tua consciência e vê se em tua alma há virtudes iguais às do santo. Não seja porventura que em vez de edificar ao próximo, o escandalizes com teu modo de viver tíbio e relaxado!

“Ó Deus, que nos alegrais com a festa anual de vossos apóstolos Filipe e Tiago: concedei-me que, celebrando seus méritos, imite seus exemplos” (6). Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima.

Referências: (1) Jo 1, 45. (2) Jo 6, 5. (3) Jo 14, 9. (4) At 1, 1. (5) Lect. II Noct. (6) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 328-330)

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Remorso do condenado: podia salvar-me tão facilmente

Remorso do condenado: podia salvar-me tão facilmente

Transiit messis, finita est aestas, et nos salvati non sumus – “O tempo da ceifa é passado, o estio findou-se, e nós não fomos salvos” (Jr 8, 20)

Sumário. O que mais que o fogo cruciará o réprobo no inferno é ter que dizer consigo: Se eu tivesse feito para Deus tanto quanto fiz para condenar-me, seria um grande santo; agora, ao contrário, hei de ser infeliz para sempre! – Meu irmão, quem sabe se este cruel remorso não virá a ser o teu lá no abismo infernal, se não mudares de vida? Apressa-te, pois, sem perda de tempo: remedeia o mal feito e resolve-te a empregar todos os meios para assegurar-te a salvação eterna.

I. Apareceu certo dia um condenado a Santo Umberto e disse-lhe que o que mais atormentava no inferno era a lembrança do pouco pelo que se tinha condenado e do pouco que tivera de fazer para se salvar. O mesmo nos afirma o Angélico Santo Tomás: “A principal pena dos condenados”, diz ele, “será o verem que se perderam por um nada, e que podiam, com suma facilidade, adquirir a glória do paraíso, se o houvessem querido.” – É pois verdade, dirá então o desgraçado réprobo, se eu me tivesse mortificado para não ver aquele objeto, se tivesse vencido o respeito humano, se tivesse evitado tal ocasião, tal companheiro, tal conversação, não me teria condenado. Se me tivesse confessado cada semana, se tivesse perseverado na congregação, se todos os dias tivesse feito leitura espiritual, se me tivesse recomendado a Jesus e Maria, não teria recaído. Tantas vezes tomei a resolução de assim fazer, mas nunca a executei; ou comecei a fazê-lo e depois me descuidei e assim me condenei.

Este remorso será aumentado com a lembrança dos bons exemplos que lhe davam os bons amigos e companheiros; e mais ainda com a vista dos favores que Deus lhe concedeu para a salvação: dons naturais, como sejam a saúde, a fortuna, os talentos, que Deus lhe deu para se santificar fazendo deles bom uso; dons também sobrenaturais: tantas luzes, inspirações, convites, tantos anos concedidos para reparação das faltas cometidas. Mas o desgraçado verá que no triste estado em que se acha, já não há tempo para remediar o mal.

Dirá gemendo com os seus companheiros no desespero: Transiit messis, finita est aestas, et nos salvati non sumus – “O tempo da ceifa é passado, o estio findou-se, e nós não fomos salvos”. A hora da salvação passou para mim; estou irreparavelmente perdido. Oh! Se todos estes trabalhos que passei para me perder fossem feitos para Deus, ter-me-ia tornado um grande santo! Agora, que me resta senão mágoas e remorsos que me atormentarão eternamente? Sim, mais cruciante do que o fogo e todos os outros tormentos do inferno será para o réprobo o ter de reconhecer: podia ser feliz para sempre; e serei eternamente desgraçado!

II. Meu irmão, se no passado nós também temos merecido estar com aqueles infelizes para chorarmos desesperados no inferno é preciso que reparemos o mal que fizemos; é preciso que mudemos, quanto antes, de vida. Não digas: quero fazê-lo mais tarde. O inferno está cheio de almas que falavam assim; mas veio a morte e agora não têm mais tempo para o fazer. Deves, portanto, resolver-te e dizer: quero salvar-me a todo custo. Perca eu tudo: bens, amigos e vida, contanto que não perca minha alma.

Sobretudo examinemo-nos muitas vezes para ver se porventura nos tenhamos afrouxado na devoção para com Maria Santíssima, e roguemos-lhe que aumente sempre em nós o seu amor. Qui operantur in me, non peccabunt; qui elucidant me, vitam aeternam habebunt (1) – “Os que obram por mim não pecarão, e os que me esclarecerem, terão a vida eterna”. É o que afirma de si mesma a divina Mãe, é o que confirma a experiência contínua. É impossível que se perca um devoto de Maria, que a honra fielmente e a ela se recomenda.

Ah, meu Jesus, como pudestes suportar-me tanto? Tantas vezes Vos voltei às costas e nunca deixastes de me procurar! Tantas vezes Vos ofendi e sempre me haveis perdoado! Tornei a ofender-Vos e Vós também tornastes a perdoar-me! Por piedade, dai-me uma parte da dor que sofrestes no horto de Gethsemani por causa de meus pecados, que então Vos fizeram suar sangue. Arrependo-me, querido Redentor meu, arrependo-me de ter retribuído tão mal o vosso amor. Ó malditos gostos, detesto-vos e amaldiçôo-vos; vós me fizestes perder a graça de meu Senhor.

Meu amado Jesus, amo-Vos agora sobre todas as coisas; e por vosso amor renuncio a todas as minhas satisfações ilícitas e proponho antes morrer mil vezes do que Vos tornar a ofender. Por esse terno afeto com que me amastes sobre a cruz e sacrificastes por mim a vossa vida divina, peço-Vos que me deis luz e força para resistir às tentações e implorar o vosso auxílio quando for solicitado para o mal. – Ó Maria, minha esperança, vós que podeis tudo junto de Deus, impetrai-me a santa perseverança; obtende-me a graça de nunca me separar do seu santo amor. Obtende-me também uma terna devoção para convosco, ó minha santíssima Mãe.

Referências:

(1) Eclo 24, 30

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 80-82)

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