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Moda e modéstia

Moda e modéstia

Vós que piedosamente vestis o altar e o sacrário nunca deveis esquecer que carregais Deus dentro de vós pela habitação da graça em vossas almas. Essa presença divina faz não só vossas almas, mas também vossos corpos, templos sagrados. O apóstolo Paulo escreveu em sua primeira epístola aos Coríntios: “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?” Certamente vós sabeis que vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós. E que Ele é dom de Deus para vós, de forma que vós já não vos pertenceis (cf. 1Cor 6, 15.19).

A consciência da habitação divina, da nossa incorporação em Cristo, tem através dos séculos, desenvolvido um respeito religioso para com o corpo em povos dóceis ao espírito do Evangelho. Esse respeito se manifesta no adorno da pessoa humana, no comportamento e na atitude, na fala sabiamente regulamentada e cuidadosamente medida: em uma palavra, modéstia.

O mesmo apóstolo, nos primeiros anos da Igreja, desejava que as mulheres usassem o véu nas funções sagradas, e de novo para os Coríntios escreveu: “Julgai vós mesmos: é decente que uma mulher reze a Deus sem estar coberta com véu? No entanto, para a mulher é glória ter longa cabeleira, porque os cabelos lhe foram dados como véu.” (cf. 1Cor 11, 13.15)

Este ano vós tendes dado o primeiro lugar em vossos projetos para a “grande cruzada da pureza”, a mesma pureza da qual a modéstia é a salvaguarda. Assim como a natureza colocou em cada criatura o instinto da autopreservação no que diz respeito à vida da criatura e da integridade dos seus membros, assim, consciência e graça, que não destroem a natureza, mas a aperfeiçoam, colocam na alma, por assim dizer, um sentido que se torna vigilante contra os perigos que ameaçam a pureza. Essa é uma característica especialmente da jovem cristã.

Moda e modéstia devem andar juntas

Lemos na “Passio SS. Perpetuae et Felicitatis” – com justiça considerada uma das jóias mais preciosas da literatura cristã primitiva – que, no anfiteatro de Cartago, quando a mártir Vibia Perpétua, jogada para o alto por uma vaca selvagem, caiu no chão, seu primeiro pensamento e ação foi arrumar o vestido de modo a cobrir sua coxa, porque ela estava mais preocupada com a modéstia do que com a dor. (cf. Ed Franci de Cavalieri, 1896, p. 142-144)

Moda e modéstia devem andar de mãos dadas como duas irmãs, porque ambas as palavras têm a mesma etimologia: elas derivam do latim “modus”, significando a medida certa, e qualquer desvio em uma direção ou outra é considerada não reta, não razoável. (cf. Horace Sermones, I, 1, 106-107)

Mas a modéstia não é algo apartado da moda. Muitas mulheres, como pobres, tolas criaturas que perdem o instinto de autopreservação e a ideia de perigo, e então jogam-se em incêndios e rios, têm esquecido a modéstia cristã por causa da vaidade e da ambição: caem miseravelmente em perigos que podem significar a morte de sua pureza.

Elas entregam-se à tirania da moda, mesmo que a moda seja indecente, de forma a não parecer nem mesmo suspeitarem que isso é inconveniente. Elas perderam o próprio conceito de perigo: elas perderam o instinto de modéstia.

Ajudar essas mulheres infelizes a reconhecer suas obrigações morais será o vosso apostolado, a vossa cruzada em todo o mundo: “Seja a vossa modéstia conhecida de todos os homens.” (Fil 4,5)

Dar o bom exemplo

Vosso apostolado será realizado, acima de tudo pelo bom exemplo. Será o dever de vosso amado Presidente, de vossos líderes sábios, ensinar-vos que antes de vós colocardes um vestido, vós deveis vos perguntar o que Jesus Cristo iria pensar disso.

Eles vão avisar-vos que, antes de aceitar um convite, vós deveis considerar se o vosso invisível guardião celestial poderá acompanhar-vos, sem cobrir seus olhos com suas asas. Eles vão dizer-vos quais teatros, quais companhias, quais praias evitar. Eles vão mostrar-vos como uma moça pode ser moderna, culta, esportiva, cheia de graça, naturalidade e distinção, sem ceder a todas as vulgaridades de uma moda doentia, mas preservando uma aparência que não tem artificialidades, assim como a alma que essa aparência reflete, um semblante sem sombra, quer interior quer exterior, mas sempre reservado, sincero e franco.

Recomendamos, acima de tudo, rezar para a corajosa e ativa defesa de vossa pureza. Recomendamos especialmente a devoção à Eucaristia e à Virgem Maria Imaculada, a quem vós estais consagradas.

Na Eucaristia vós encontrais a Deus, a pureza em si, porque Ele é infinitamente perfeito. Quando Ele se entrega a vós, agrada-nos repetir as palavras do profeta: “O trigo dará vigor aos jovens, e o vinho às donzelas” (cf. Zac 9, 17). Nosso Senhor, “que é uma efusão da luz eterna, um espelho sem mácula” (cf. Sab 7, 26) purifique vossas almas e vossas faculdades, vossos corpos e vossos sentidos. Quanto mais uma criatura se aproxima de Deus, mais se une a Ele, mais pura se torna e mais ela deseja a pureza, mais ela tende para Aquele que é o Ser puro.

Quando o Verbo desejou tornar-Se carne e nascer de uma mulher, colocou o seu olhar sobre o mais perfeito ideal de Suas criaturas: uma moça na graça de sua virgindade. Quando essa graça foi unida por um milagre singular à graça da maternidade divina, sua beleza era tão sublime, que os artistas, poetas, santos aspiravam ardentemente, mas sempre em vão, dar-lhe expressão adequada.

A Igreja e os seus anjos a saúdam com os títulos de Rainha e Mãe, inúmeros são os títulos com os quais a piedade dos fiéis a coroou como um diadema de um milhar de jóias. Mas de todos esses títulos de glória, um é particularmente caro a ela, e descreve a sua perfeição: a Virgem.

Que essa Virgem das Virgens, Maria, Rainha do Santo Rosário, seja o vosso modelo e vossa força durante toda vossa vida como jovens mulheres católicas e, especialmente, na vossa cruzada pela pureza.

Alocução do Papa Pio XII às moças da Ação Católica, 6 de outubro de 1940. “The Woman in the Modern World”, St. Paul Editions, 1958.

Categorias: Moda e modéstia, Modéstia na prática

Tags: moda, modéstia

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Publicado em: 21 de outubro de 2017.

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