Santa Ângela Merici

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Santos de novembro

Santo do dia 31 de maio
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Santa Ângela Merici

Santa Ângela Merici, Virgem

(† 1540)

Santa Ângela Merici é contemporânea do tristemente célebre revolucionário Martinho Lutero. Numa época, em que os homens obcecados pelo orgulho e vaidade, negaram obediência à Sé Apostólica e pregaram a rebelião contra a Igreja de Cristo, a Divina Providência escolheu pobres donzelas para que, pela "estultícia da sua pregação" (1. Cor 1, 21) envergonhassem a sabedoria humana, pela obediência desarmassem a licenciosidade, e pela dedicação curassem os males causados pela tal chamada "Reforma". Entre aquelas almas escolhidas Ângela Merici ocupa lugar saliente. Natural de Desenzano, na Alta Itália, nasceu em 1470, filha de pais honestíssimos, porém, pobres. A educação que recebeu, foi, como não podia ser outra, numa família exemplar e temente a Deus, esmeradíssima, baseada sobre o fundamento da lei cristã. Órfã com poucos anos de idade, Ângela e a irmã foram confiadas aos cuidados de um tio, em Salo.

Embora sem constrangimento algum pudessem fazer os exercícios religiosos, o amor à solidão levou as duas irmãs meninas a um ato de grande imprudência. Um dia clandestinamente abandonaram a casa do tio, e se esconderam numa gruta, distante duas horas de Salo.

Após longas pesquisas, foi-lhes descoberto o paradeiro, e arrependidíssimas para casa voltaram. Lá viveram como num santo recolhimento, completamente separadas do mundo, conhecidas por todos pelo apelido de "as duas rolinhas de Salo". Pouco durou a íntima união das irmãs, que se dedicavam a mais terna amizade. Deus exigiu de Ângela o sacrifício da separação, pela morte da amiga e irmã. A dor foi tamanha, que dia e noite passava no cemitério, junto ao túmulo que encerrava os restos mortais da irmã. Na idade de treze anos, recebeu Ângela a primeira Comunhão e, para poder unir-se mais vezes ao divino Salvador, entrou para a Ordem Terceira de S. Francisco de Assis. Jesus era o seu amor, seu supremo Bem, seu Tudo.

Pela morte do tio, Ângela resolveu voltar à sua terra, Desenzano, com o propósito de dedicar-se à instrução religiosa da mocidade feminina. Numa visão, com que Deus a distinguiu, foi-lhe apresentada uma multidão de donzelas, rodeadas de luz celeste, trazendo coroas na cabeça e lírios nas mãos e acompanhadas por luminosos Anjos, subindo uma escada, cuja extremidade terminavam no céu. Ao mesmo tempo ouviu uma voz, dizendo: "Ângela, não deixarás a terra, enquanto não tiveres fundado uma união de donzelas, igual àquela que acabas de admirar". Deus abençoou-lhe o apostolado. As famílias confiaram-lhe a educação das filhas, e a fama divulgou-se-lhe tão rapidamente, que de Bréscia vieram pedidos para fundar ali escolas.

No espírito de Ângela a ideia de fundar uma Ordem, para o fim da educação da mocidade feminina, tomou forma cada vez mais concreta. Para alcançar a assistência divina, numa obra de tanto alcance, Ângela fez uma romaria à Jerusalém. Na viagem perdeu a vista. Levada por outros, passou por todos os Santos Lugares, sem podê-los ver, a não ser pelos olhos da fé. Na volta, o navio perdeu o rumo e aportou na ilha Candia. Ali havia, perto do porto, um crucifixo milagroso. Ângela para lá se dirigiu e pediu a Nosso Senhor que lhe desse a vista. A sua oração foi ouvida e ela se levantou curada. Para demonstrar sua gratidão, fez uma outra peregrinação à Roma, por ocasião do Jubileu (1525). O Papa Clemente VII recebeu-a em audiência, examinou-lhe os projetos e abençoou a obra, que parecia ter sido imposta pela Divina Providência. Após curta permanência em Cremona, voltou para Bréscia, onde então lançou os fundamentos da nova Ordem. De toda parte vieram petições de admissão na Congregação, que em 1535 contava já 27 irmãs. São consideradas estas as fundadoras da Instituição das Ursulinas. O fim primitivo da mesma não era a vida contemplativa, mas o trabalho no seio das famílias: a instrução religiosa, a assistência aos pobres e enfermos e a vigilância pela conservação dos bons costumes. A primeira regra, escrita por Ângela, teve a aprovação do Cardeal Bispo de Bréscia e do Papa Paulo III.

Mais tarde a Pia Instituição das Ursulinas tomou a feição de Ordem religiosa, com clausura e votos. O fim conservou-se o mesmo: a educação da mocidade feminina.

Santa Ângela morreu no dia 27 de janeiro de 1540. Tendo Deus glorificado por muitos milagres o túmulo de sua serva, S. Carlos Borromeu lhe iniciou o processo de beatificação, o qual, porém, ficou retardado pela morte do Bispo, e outras circunstâncias. Ângela foi beatificada pelo Papa Clemente XIII em 1768 e o Papa Pio VII inseriu-a no catálogo das Santas da Igreja, no ano de 1807.

Reflexões

Santa Ângela Merici dedicou-se ao apostolado da instrução religiosa. Não pode haver missão mais nobre que a de Jesus Cristo. "Eu vim para pregar aos pobres o Evangelho". Felizes daqueles que sentem em si a mesma vocação, porque, trabalhando pelos interesses mais caros de Jesus, dele receberão uma recompensa extraordinária. Dessa missão participam os pais, a quem cabe por obrigação dar aos filhos a necessária instrução religiosa. Dessa missão participam os catequistas, que, sob as vistas do vigário da freguesia, ensinam à mocidade a doutrina. Homens de grande reputação dedicaram-se ao ensino do catecismo, por exemplo, Gerson, o cardeal Belarmino, Santo Inácio, S. Francisco Xavier, S. Francisco de Sales, D. Bosco. Todos eles imitaram o exemplo de Jesus, que chamou as crianças, dizendo que delas é o reino do céu, e assevera que todo aquele que recebe uma criança em seu nome, é a Ele que recebe. Em cada criança devemos ver a Jesus. Por isso devemos amar as crianças e fazer-lhes todo o bem possível. O maior benefício que se lhes pode fazer, é instruí-las na religião. Os meninos de hoje serão os homens do futuro. Triste é o espetáculo que presenciamos, da ignorância religiosa. Para que a sociedade se regenere no espírito da fé, para que a família, a escola, voltem aos princípios cristãos, é preciso que nos dediquemos à Instrução religiosa.

Quando fordes convidados para ajudar aulas de catecismo, não vos recuseis; pelo contrário, considerai grande honra poder trabalhar na obra de Cristo. Se não vos for possível trabalhar como catequistas, auxiliai com a vossa esmola e oração.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Roma, a memória de Santa Petrolina, filha espiritual de S. Pedro Apóstolo. Era da célebre família romana dos Flávios, e achou seu último repouso perto da Via Ardeatina, onde mais tarde, no séc. 4º se erigiu uma igreja de seu nome. É padroeira de Roma. O povo cristão pede sua intercessão contra a febre, que muito a atormentava. É padroeira também dos turistas, sem que para isto se conheça uma explicação plausível.

Em Seoul, na Coréia, o primeiro missionário e sacerdote indígena Thiago Tsiu, foi decapitado em 1801.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 31 de maio.

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