Santa Clotildes

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Santos de dezembro

Santo do dia 3 de junho
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Santa Clotildes

Santa Clotildes, Rainha

(† 545)

Apesar de ser filha dos reis de Borgonha, teve Clotildes uma infância muito triste. Gundobaldo seu tio, obcecado pela ambição, assassinou os pais de Clotildes, dois dos irmãos, enclausurou a irmã mais velha num convento e levou consigo Clotildes, menina de extraordinária beleza. Embora, vivesse num ambiente todo ariano, Clotildes teve a felicidade de receber uma mestra católica, que a educou na religião verdadeira. Quanto mais aversão lhe inspirava a presença do assassino dos pais, tanto mais se entregava a Deus e à sua divina Mãe.

Debalde se esforçava por ficar desconhecida do mundo: sua rara beleza, porém, mais ainda as nobres qualidades do coração e do espírito da donzela atraíram a atenção de toda a Borgonha, que se orgulhava de possuir uma princesa tão virtuosa.

Pedida em casamento por Clovis I, rei da França, deu seu assentimento só depois de muito rezar, e ainda assim com a condição de o rei pagão deixar-lhe toda a liberdade em praticar a religião cristã. Clovis deu sua palavra de honra de respeitar a religião de Clotildes, e assim contraíram núpcias em 493.

O único desejo de Clotildes era ver a conversão do rei e do povo ao catolicismo. No palácio instalou uma capela riquíssima e organizou o culto do modo mais esplendoroso. De pontualidade rigorosa no cumprimento dos deveres religiosos, levava uma vida de penitência e de caridade. Deste modo não só alcançou ser respeitada pelos súditos pagãos, mas ainda conseguiu que o rei perdesse os seus preconceitos contra a religião cristã, e se sentisse feliz em possuir uma esposa tão virtuosa.

Clotildes não perdia ocasião de mostrar ao esposo a beleza da religião de Cristo, e incessantemente dirigia preces à misericórdia divina, para que se compadecesse do rei e do povo da França, e lhes concedesse a todos a graça da conversão. Clovis embora não inacessível de todo aos rogos da esposa, não se animava a abandonar as superstições do paganismo, e também receava cair no desagrado do povo, se abraçasse a nova religião. Não obstante, consentiu que o primeiro filhinho fosse batizado com toda a solenidade.

Aprouve a Deus sujeitar a fiel serva a provações duríssimas. O filho morreu poucos dias depois de batizado, Clovis se exasperou e, invectivando contra a esposa, atribuiu-lhe a perda do primogênito. Indescritível era a dor do rei, e o coração encheu-se-lhe de rancor contra a esposa, à qual levantou as mais duras acusações. "Vejo — disse — na morte de meu filho, a ira dos deuses que, irritados com o batismo cristão, assim se vingaram". Clotildes, com mansidão respondeu: "Não menos motivo tenho eu de chorar a morte da criança; mas dou graças a Deus, que se dignou de dar-me um filho para recolhê-lo logo ao seu reino". Que bela resposta, digna de uma mãe cristã!

Clotildes não desanimou e continuou a preparar o espírito de Clovis, para que recebesse a graça do Cristianismo. Quando deu à luz o segundo filho, conseguiu do rei o consentimento para o batismo da criança. Aconteceu, porém, que esse segundo menino também adoecesse gravemente, depois da recepção do Sacramento. Para Clovis já não havia mais dúvida que era o Sacramento cristão o causador da morte do primeiro, e da doença do segundo filho. Alucinado pela dor, rompeu em blasfêmias e lançou contra a esposa os mais graves insultos. Clotildes suportou tudo calada, mas seu amor a Deus e a confiança na Divina Providência nenhum abalo sofreram. Com o intuito de desagravar a santa religião ultrajada tomou a criança doente nos braços e, de joelhos ante o crucifixo, ofereceu a inocência do filhinho pela conversão do pai. Deus recompensou essa humildade e caridade com a repentina cura do menino.

A alegria e o pasmo de Clovis, ao ver o filho são e salvo, eram indescritíveis. Bendizendo a grandeza e o poder do Deus dos cristãos, prometeu aceitar a fé cristã, promessa cujo cumprimento, porém, depois protelou, alegando mil motivos.

Nestes entrementes, veio a guerra contra os Alemanos. Despedindo-se da mulher, esta lhe disse: "Não ponhas tua confiança em teus deuses, que nenhum poder tem, mas confia em Deus, Todo-Poderoso, que te dará a vitória sobre teus inimigos. Lembra-te destas palavras, quando te achares em perigo".

Em Tolpiac, feriu-se sangrenta batalha, e a vitória pendia para o lado dos Alemanos. Nas fileiras dos exércitos de Clovis começava já, a se espalhar desordem, e ele mesmo corria risco de ser aprisionado. Nesta suprema angústia, Clovis se lembrou das palavras que a esposa lhe dissera à despedida e, olhos e mãos elevadas ao céu, assim rezou: "Ó Deus de Clotildes, valei-me! Se me libertardes desse perigo e me concederdes a vitória, acreditarei em Vós, e a vossa religião será introduzida no meu reino". Imediatamente as coisas mudaram de aspecto. Um pânico inexplicável apoderou-se dos inimigos, que sofreram grande derrota. Indescritível foi o júbilo dos Francos e do rei, que tão evidentemente acabara de experimentar o poder do Deus dos cristãos.

Desta vez Clovis cumpriu a palavra. Instruído na doutrina cristã por São Remígio, pelo mesmo santo bispo foi batizado, em 496, em Reims e com ele 3.000 Francos receberam o mesmo Sacramento. As ruas da cidade ostentavam ornato pomposo, e a catedral achava-se ricamente enfeitada. "É este o reino dos céus, santo Padre?" Perguntou o rei ao transpor o limiar do templo. Quando o bispo lhe falou da morte de Cristo na Cruz, Clovis respondeu: "Se eu lá tivesse estado, com os meus Francos, nada lhe teria acontecido". No batistério, S. Remígio o recebeu com estas palavras: "Inclina tua cabeça, altivo Sigambro, e adora o que até hoje perseguiste, e persegue o que até agora adoraste". Diz a lenda, que, no momento do batismo de Clovis, foi vista sobre ele descer uma pomba branquíssima, que trazia no bico um frasco, com os santos óleos, e ao seu lado apareceu um anjo, ostentando um estandarte de bordado riquíssimo. O frasco conservou-se até o tempo da revolução, quando foi quebrado. O Liz, desde então, é o brasão dos reis da França, símbolo antiquíssimo, de origem céltica, significando fertilidade.

Embora cristão, Clovis continuou na carreira de conquistador, dando muitas provas de um caráter bárbaro e índole feroz. Morreu na idade de 70 anos. Clovis teve muitos e profundos desgostos com os filhos, que se guerreavam em lutas fratricidas. Morreu em 545 e seu corpo acha-se na igreja de Santa Genoveva, em Paris.

Reflexões

Grandes foram as provações, por que Deus fez passar sua fiel serva e apóstola, santa Clotildes. A resignação profunda, a fé em Deus e a oração perseverante, fizeram com que o desânimo não se apoderasse da sua alma atribulada, e vitoriosa fizesse sair da luta contra os infortúnios, que lhe atravessavam o caminho. Deus concedeu-lhe a grande graça e satisfação da conversão do marido e de uma grande parte dos súditos.

Se também a nós Deus mandar uma cruz, em forma de contínuas contrariedades, acusações injustas e sofrimentos físicos e morais, recorramos à oração, e não nos entreguemos à tristeza e ao desânimo. Sofrimento que vem mandado por um Pai, que nos tem tanto amor, não pode visar outro fim, senão o nosso bem temporal e eterno. O sofrimento um dia há de converter-se em alegria; as lágrimas derramadas hoje, darão lugar a uma felicidade que não terá fim.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Arezzo, na Toscana, os mártires e irmãos Pergêncio e Lourenço. Meninos ainda, tiveram de sofrer muitas crueldades dos inimigos da religião cristã e Deus se designou de glorificá-los por muitos milagres. Finalmente a espada do algoz abriu-lhes as portas do céu. 250.

Em Constantinopla, os mártires Luciliano com os quatro meninos Cláudio, Hypacio, Paulo e Dionísio. Luciliano antes da sua conversão, tinha sido zelador de templos pagãos. Morreu como Nosso Senhor na cruz. Os meninos foram executados pela espada. 250.

Em Córdoba, na Espanha, o martírio do monge Isaac, morto pelos muçulmanos. 851.

Em Constantinopla, o martírio de Santa Paula, virgem. Foi presa, quando ia cuidar dos cadáveres dos mártires acima referidos, e morta no mesmo lugar da crucificação de Luciliano.

Na China, o martírio de João Alcober, dominicano. Depois de ter trabalhado na missão, 16 anos, foi condenado à forca e executado em Fu-Tcheu, 1748.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 3 de junho.

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