Santa Maria Bernarda Soubirous

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Santos de novembro

Santo do dia 16 de abril
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Santa Maria Bernarda Soubirous

Santa Maria Bernarda Soubirous, a Santa Bernadette

(† 1879)

Em meio do século XIX, quando a perversa doutrina dos racionalistas movia guerra atroz à verdade cristã e com ímpio afã se esforçava de perturbar toda a ordem sobrenatural, Pio IX, de gloriosíssima memória, sob os aplausos de todo o mundo católico, definiu solenemente como dogma da fé a Conceição Imaculada de Maria Virgem. Esta proclamação do privilégio fulgidíssimo da Mãe de Deus, se ao mundo soberbo faz lembrar a lastimável ruina do gênero humano, pelo pecado, de modo admirável exalta a graça da divina Redenção, e eleva a coisas superiores os corações dos homens.

Mas o que em Roma, pelo infalível magistério, o Sumo Pontífice definia, a própria Virgem Imaculada, bendita entre todas as mulheres, parece quis confirmar com sua própria boca, quando não muito depois com célebres aparições se manifestou na gruta de Massabielle, perto de Lourdes, nos montes Pireneus; porque para lá de todas as partes do mundo multidões se dirigiam para sentir os benefícios da piíssima Mãe, e quase em série contínua de milhares se restabelecem as almas mais que os corpos dos homens. O mais admirável, porém, é, que a SS. Mãe de Deus para conferir aos homens tanto benefício, e para confundir o que no mundo se julga forte, escolhesse um instrumento à preferência de outros, débil, segundo a divina economia que S. Paulo exalta: "Deus escolheu o que é fraco no mundo, para confundir os fortes" (1 Cor. 1, 27). Este instrumento era Bernarda Soubirous, nome hoje caríssimo e celebérrimo no mundo inteiro, mas naquele tempo, quando apenas quinze anos contava, de todos desconhecida.

Nascida em Lourdes, região montanhosa dos Pireneus, a 7 de janeiro de 1844, filha de Francisco e Ludovica Casterot, dois dias depois foi batizada e recebeu o nome de Maria Bernarda.

Vivendo pobremente e por algum tempo empregada em tomar conta do gado, crescia sem alguma doutrina humana, mas em suavíssima simplicidade de costumes e admirável candura de espírito, querida por Deus e pela Santíssima Virgem Mãe. Maria observou a humildade de sua filha e dignou a inocente menina, entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858, de 18 aparições e de celeste colóquio. Finalmente, perguntada por ela pelo seu nome, disse: "Eu sou a Imaculada Conceição".

Nesta, tão célebre aparição e ilustrada por Deus por tantos sinais, pode-se notar um tríplice carisma, conferido à piedosa jovem. Chamamo-la antes de tudo: Vidente, porque diante de numeroso povo arrebatada em êxtase, foi maravilhosamente deliciada com o bondoso aspecto da Virgem. Chamamo-la de Mensageira da Virgem ao mundo, porque por ordem de Maria pregou penitência e oração ao povo; mandou aos sacerdotes, que naquele lugar construíssem um Santuário; predisse a todos a glória, a santidade e os futuros benefícios do mesmo lugar.

Por fim, vemos nela a testemunha da verdade, porque a muitos contradizentes, com o máximo candor de simplicidade, junto com suprema prudência e fortaleza de alma sobrenaturais, atestou constantemente a verdade das aparições e do mandamento confiado da Virgem, com admiração de todos os eclesiásticos e de juízes seculares.

Todas estas coisas levadas ao termo por divino impulso por uma ignorante e inculta menina, Deus a leva longe para a solidão de um convento, e quase desprezada pelo mundo, preparou-se para coisas as mais admiráveis, para que, pregada na cruz com Cristo e com Ele quase sepultada, atingisse profundamente na humildade a vida interior sobrenatural, e um dia na luz da santidade ressurgindo ao mundo, com este estável testemunho da santidade unisse nova glória ao Santuário de Lourdes. Por isto, obedecendo ao chamamento de Deus, em julho de 1867 se transferiu para Nevers, para iniciar a vida religiosa naquela Casa-Mãe das Irmãs de Caridade e instrução cristã. Terminado o noviciado no mesmo ano, fez os votos temporais, e onze anos depois os perpétuos. Admiravelmente fulguraram nela as virtudes, mas sua alma virgem foi principalmente adornada daquelas que mais convinha à discípula predileta da Virgem Maria: Humildade profunda, terníssima pureza e ardente caridade. Provou-as aumentou-as e com as dores de uma longa enfermidade e angústias de espírito que a atormentaram suportando-as com suma paciência. Na mesma casa religiosa a humildíssima virgem ficou até a morte, que depois de recebidos os sacramentos da Igreja, invocando sua dulcíssima Mãe Maria, descansou santamente a 16 de abril de 1879, no trigésimo sexto ano de idade, e duodécimo de vida religiosa.

Tendo ficado até este ponto como debaixo do alqueire da humildade, com a morte tornou-se resplandecente a todo o mundo. Debaixo do pontificado de Pio X, em 1923, foi iniciado o processo de sua beatificação. A 14 de julho de 1925 o Papa Pio XI lançou o nome da serva de Deus nos fatos dos bem-aventurados. Em contemplação aos grandes e inegáveis milagres, que Deus se dignou de operar por sua serva, a causa foi reassumida em junho de 1926 e levada ao fim em 2 de julho de 1933.

Reflexões

Bernadette, a humilde camponesa de Barkés, simples, ignorante, que aprendeu a ler só muito tarde, que não se sentou nunca na Academia, recebeu o mais nobre, glorioso, rutilante diadema: o da Santidade. Como essa camponesa se enganou, quando em 1866 foi pedir o véu negro das religiosas de Nevers, as delicadas filhas de D. Delaveyne! O seu fim era ali, toda a sua missão na terra findaria ali. Pura ilusão: na honra que a Igreja lhe conferiu solenemente, iniciou-se o seu reinado de glória, e o seu nome é aclamado agora no mundo inteiro.

No claustro de Nevers, findava apenas uma parte de sua missão perante a humanidade. Lourdes, que ela dera a conhecer, espalhando pelas almas a nova das aparições e os desejos da Virgem de Massabielle, lá seguia, em ascensão espantosa, rápida, pela sua própria força. O mundo via a Virgem de Lourdes por intermédio de sua confidente, cujos olhos claros e cândidos afastavam toda a ilusão e embuste.

Bernadette, cavando o solo com os seus dedos afiados, fazia surgir, pela graça da Senhora, uma fonte de água do milagre, o mais fecundo capítulo da apologética moderna. Recebeu um ministério novo, confiado a todos os Santos. Cada um deles, porém, tem as suas características. As de Bernadette são a sua pequenez engrandecida pela força e pelo amor de Cristo; a sua condição humilde de ontem, elevada hoje, à de distribuidora de grandes lições ao gênero humano.

Mostrou-nos ela a Rainha dos Santos; hoje começa a ensinar-nos o espírito da santidade. Já não é o sobrenatural acima de nós, mas dentro de nós.

Já não nos convida a irmos às bordas do Gave beber da água milagrosa; o seu apelo é para que vamos ao grande rio sacramental, onde as almas bebem a santidade; e para que consideremos como a humanidade se refaz, se nobilita, se sublima, modelada em Cristo.

A sua voz dir-nos-á de futuro: Vede, homens pequeninos, materializados em gozos efêmeros, o que pode a ignorância, a humildade de uma camponesa iletrada, transformada pelo Espírito Santo.

É talvez mais bela esta segunda missão do que a primeira. Depois de nos revelar a Virgem, mostra-nos o Espírito Divino. Com uma diferença: é que a Virgem vimo-la através dos olhos dela; o Espírito vemo-lo nela própria.

Oração da missa da nova Santa

Ó Deus, que protegeis e amais os humildes, que alegrastes a vossa serva Maria Bernarda com a aparição e a palavra da Imaculada Virgem Maria, concedei-nos, nós vo-lo suplicamos, chegar aos céus a Vossa presença, pelos simples caminhos da fé. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. — Amém.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Atirados ao mar morreram em Corinto os mártires S. Calisto e S. Charísio, com mais sete companheiros. 3.° sec.

Em Saragoça, na Espanha, a morte de 18 mártires na perseguição diocleciana.

Na mesma cidade a Virgem Mártir Engracia. Os pagãos mutilaram-lhe horrivelmente o corpo, arrancaram-lhe o fígado e meteram-lhe um prego na testa. — É invocada em caso de dores de cabeça. 304.

Em Roma a morte de S. Benedito José Labre. Pouco favorecido pela natureza, e destituído de talento para estudar, procurou em vão ser admitido nas Ordens dos Trapistas, Cartuxos e Cistercienses. Resolveu então viver como peregrino, visitando os grandes santuários da cristandade. É admirável seu espírito de penitência e de abnegação e seu amor à pobreza. 1783.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 16 de abril.

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