Santo de 5 de janeiro

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São Simeão Estilita

São Simeão Estilita

(† 459)

É erro pensar que temos obrigação de imitar sempre o exemplo dos Santos. Em muitas coisas, não há dúvida, podem os Santos servir-nos de modelo e um dos fins da leitura que fazemos da sua vida, é animar-nos na prática das virtudes, como sejam a humildade, a caridade, a penitência, etc., virtudes que eles praticaram com heroicidade. O exemplo dos Santos deu a Santo Agostinho ânimo e coragem para continuar na prática do bem. "O que eles conseguiram – perguntava a si próprio – não poderei eu conseguir?" O modelo perfeito de todas as virtudes é Jesus Cristo, Nosso Senhor. Para entrarmos no céu, é preciso que sejamos imagens de Jesus, Filho de Deus.

A imitação de Cristo é uma obrigação para todos, sem exceção. "Este é o meu Filho muito amado, a quem deveis ouvir", é a ordem de Deus Pai, dirigida a todos nós. Ordem nenhuma recebemos de imitar os Santos. De Jesus Cristo diz a Igreja: "Tu solus Sanctus" – só vós sois Santo, Jesus é a luz e a verdade. Nos Santos pode haver e há imperfeições. Na vida de alguns Santos há exageros, e por esse motivo, nem sempre seus exemplos nos podem servir de modelo, Jesus Cristo quer ser e é modelo para todos os homens, de todos os tempos, o que não se pode afirmar quando se trata dos Santos. Só Jesus Cristo tem o direito de dizer: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração", e em outro lugar: "Se queres ser perfeito... vem e segue-me". Quem dos Santos, e se fosse de todos o mais santo, poderia como Cristo, afirmar: "Quem me segue, não anda nas trevas, mas terá a luz da vida?"

Feito este preâmbulo, siga a leitura da vida de S. Simeão Estilita. Natural da Síria, viu Simeão a luz do mundo em 390. Até a idade de quatorze anos, tinha por ocupação vigiar o gado no pasto. Ouvindo numa prática as palavras: "Bem-aventurados os tristes, porque serão consolados", surgiu-lhe na alma o desejo de servir a Deus numa vida santa e perfeita. Para este fim entrou para o convento. Só dois anos lá pôde ficar; seu modo de pensar mais ainda, sua inclinação a práticas de piedade e de penitência que aos monges pareciam exageradas, e um tanto fora dos moldes da praxe comum, fizeram com que a permanência se lhe tornasse impraticável. Um outro convento abriu-lhe as portas. Dez anos passou Simeão no mais perfeito recolhimento, até que o abade o demitiu, porque receava uma perturbação da vida monástica, como consequência das esquisitices do religioso, cujas práticas discordavam demais da regra por todos observada.

Simeão procurou então a solidão de uma montanha muito alta, onde construiu uma cela, sem coberta. Para que não o pudesse assaltar a ideia de afastar-se daquele sítio, pôs no pescoço e no pé direito uma corrente de ferro muito pesada, cuja outra extremidade estava presa à rocha. Não tardou que muito povo afluísse àquela montanha, para ver e admirar o homem santo, e dele receber conselhos e lembranças. Às insistências suaves e convincentes do Bispo, Simeão concordou que lhe tirassem os grilhões.

Como, porém, o afluxo das multidões o incomodasse, construiu uma coluna bastante alta, de 3 palmos de diâmetro, cercada de uma balaustrada de três palmos de altura. Esta coluna que não lhe dava comodidade alguma, nem lugar para se sentar ou deitar, serviu-lhe de morada durante sete anos. Corrido este tempo, Simeão fez uma coluna muito mais alta e nela morou 30 anos. O que nos parece extraordinário, extravagante em supremo grau, Deus aprovou, como comprova o dom dos milagres que deu ao Santo. Da sua coluna Simeão desenvolveu uma atividade admirável, para a salvação de muita gente, cristãos e pagãos. As conversões contavam-se aos milhares. Tribos inteiras de árabes e persas renunciaram a idolatria. Quem diria que a vida penitente do Estilita contribuísse, como contribuiu poderosamente, para o feliz êxito do concílio de Éfeso, no qual os bispos orientais concordaram na condenação da heresia nestoriana? Simeão morreu na idade de 70 anos e sobre sua coluna foi construída uma basílica.

Nota: Simeão teve muitos imitadores no Oriente, quase nenhum no Ocidente. O extraordinário e esquisito que há, na vida desta classe de Santos, tem sua explicação no caráter dos orientais, que propende para manifestações de piedade exagerada, de penitências excêntricas e grotescas, A experiência ensina que a perfeição pode ser adquirida por meios muito mais suaves que aqueles, que os estilitas empregaram e que estes meios, por mais esquisito que sejam, nem por isso são os mais infalíveis. Em todo o caso, é digna de admiração a força de vontade e constância heroica, de que aqueles Santos deram prova.

São Simeão – Escritores contemporâneos do Santo, e testemunhas oculares, Assemani. At. Mart. tom. 2. ap. p. 227. Tillemont tom. 14. Raess e Weiss vol. 1. p. 101.

Reflexões

1. Um dos Santos, cuja vida absolutamente não convida a ser imitada, é S. Simeão. O nosso tempo não compreende a espécie de penitência que S. Simeão praticou. No entanto, a verdade que levou São Simeão a servir a Deus, dum modo aparentemente tão esquisito, nós a reconhecemos: é uma das verdades que tanto nos deve preocupar, como preocupou o Santo, de que tratamos: "Muitos são os chamados, poucos, porém, os eleitos" (Mt. 20, 16). Muito nos deve interessar saber se pertenceremos ao número dos eleitos, ou se seremos excluídos da eterna bem-aventurança. Cristo ensina-nos, dizendo: "Apertada é a porta e estreito o caminho que conduz à vida, e poucos são os que nele andam. Entrai pela porta estreita; larga a porta e espaçosa o caminho que leva à perdição, muitos são os que nele se acham" (Mt. 7). Palavras como estas, ditas por Nosso Senhor, que não nos engana, devem necessariamente nos preocupar e nos convencer da necessidade absoluta de fazer penitência, se não numa coluna, como a praticou S. Simeão, certamente de um modo que mais condiga ao meio em que vivemos. Longe de nos desanimar com a verdade proposta, temos bastante motivo de crer na certeza da nossa salvação. Se todos os homens, sem exceção alguma, são destinados para o céu, se todos igualmente de Deus recebem as graças suficientes para alcançar este fim; se está no poder de cada um fazer ou não o que Deus manda, claro é, que também para nós é possível o prêmio eterno, que é a eterna glória. Perde-se quem quer. Procuremos estar sempre no meio daqueles poucos de que Deus Nosso Senhor diz que se acham no caminho estreito, que conduz à vida eterna.

2. O maior consolo, na hora da morte deve ser uma vida passada na santidade e inocência do coração. Preciosa é a morte do justo! Preciosa, porque traz à alma a felicidade, há tanto almejada: a união eterna com Deus. A morte do justo é a rica colheita dos seus merecimentos, a recompensa das virtudes e dos sacrifícios feitos no serviço do Senhor. Não há mais nada que lhe possa arrebatar o galardão. Com S. Paulo pode o justo, na hora da morte, dizer: "Pelejei boa peleja – acabei a minha carreira, guardei a fé. Pelo mais me está reservada a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia" (2. Tim. 4, 7).

Os merecimentos, as virtudes, tudo que sofreu pelo amor de Deus, as vitórias sobre as tentações, serão outros tantos mensageiros de paz que, rodeando o leito da morte, encherão de alegria e consolo a alma do justo. Sabendo-se na graça de Deus, confiadamente se entrega à misericórdia divina, certo que terá na pessoa de Cristo, não um juiz, mas um Salvador.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Muitos mártires, que no tempo da perseguição diocleciana deixaram a vida pela fé no Baixo Egito.

Santa Sinclética, Virgem. Natural de Alexandria, fundou uma espécie de convento perto da cidade. Santo Atanásio em termos elogiosos se refere às grandes virtudes desta Santa.

Santa Emiliana, Virgem, tia de S. Gregório Magno. Com suas irmãs levou uma vida retirada do mundo, em estrita observância de uma regra.

Santa Apolinaris, Virgem. Filha do Imperador Antemio. Viveu no século 5.º no Egito.

Santo Eduardo rei da Inglaterra (1942-1066), filho de Etelredo e Ema; esposo de Edith, com que viveu em matrimônio virginal. Querido por seus súditos deu ao país leis justas e sábias, muitas das quais ainda vigoram. Fundou muitos conventos e construiu igrejas. Padroeiro dos reis da Inglaterra.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 5 de janeiro.

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