Santo de 11 de maio

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São Mamerto

São Mamerto, Bispo

(† 477)

É para lastimar, que nada se sabe da procedência e da mocidade deste grande Bispo, talvez o maior que a França possuiu no século 5. Figura inconfundível entre os apóstolos daquele país, foi S. Mamerto por Deus chamado para reconstruir a vida cristã tão prejudicada pelas contínuas guerras, que em todo o sul da França deixavam seus tétricos vestígios de devastação e destruição. Os arianos por sua vez tudo fizeram em propaganda das suas nefastas doutrinas. Parecia não haver mais lugar para a prática das virtudes cristãs de tão enraizados se ostentavam os vícios mais execrandos. Longe de se conservar indiferente em face da geral apostasia, de desprezo descarado dos mandamentos divinos, da ingratidão provocadora do povo, Deus, descarregou sobre ele os raios da sua ira.

Formidáveis eram os castigos com que golpeou os desrespeitadores da sua lei. Repetidos terremotos transformaram cidades e vilas em montões de ruínas, e milhares de vidas tiveram assim sua inesperada sepultura. Tempestades portadoras de chuvas fortíssimas devastaram os campos e aniquilaram as plantações, tendo como resultado a fome e a miséria entre as populações. Os casos de morte repentina se repetiam assustadoramente. Acossadas pela fome, atraídas pelas exalações pútridas de cadáveres insepultos, apareceram as feras do mato, e a farejar pelas ruas e becos, a procura do prato seu predileto, perigosas se tornaram para quem com elas se encontrasse. O desespero das populações chegou ao grau máximo.

O Santo Bispo Mamerto de Vienne, em oração ardorosa pedia a Deus misericórdia e clemência. Com severidade paternal continuou a verberar a impiedade e a depravação dos costumes e a chamar à razão o povo, a convidá-lo a fazer penitência e se corrigir.

Pouco, senão nada adiantou o Bispo assim se interessar pelo bem da comunidade e pela salvação das almas. Responderam-lhe com a mais fria indiferença, com escárnio, injuriando por cima o zeloso Pastor.

Aconteceu, que em 469, Vienne fosse espetáculo de um horrível incêndio, que resistia a todos os esforços de debelá-lo e ameaçava reduzir a cinza a cidade toda. Neste perigo extremo o Bispo trocou sua vestimenta pontifical com uma roupa de penitência, e descalço, acompanhado por algumas pessoas andou pelas ruas da cidade e entrou numa igreja dedicada a Nossa Senhora, e lá se prostrou por terra, pedindo socorro divino. O incêndio cessou imediatamente, fato que a muitos pecadores fez se converterem e acreditarem na justiça e na misericórdia divina.

Na noite de um Sábado de Aleluia, estando Mamerto a celebrar a Ressurreição de Cristo na igreja da Sé, foi dado alarme de fogo. Estava ardendo o palácio da municipalidade. O povo, apavorado abandonou a igreja, ficando só o Bispo, e este em fervorosa prece pediu a Deus, salvasse da destruição e edifício. Como por encanto as chamas, que ameaçavam a devastação completa do fórum, dominadas por um poder invisível se apagaram, e o povo tornou à igreja, onde prosseguiram as cerimônias litúrgicas do dia. Terminadas estas, o Bispo, em eloquente alocução apelou para os sentimentos cristãos dos seus ouvintes, insistindo no que abandonassem os caminhos do pecado, fizessem penitência, e de boa vontade se voltassem para Deus, que tantas provas de misericórdia lhes tinha dado. Disse, que naquela noite, enquanto lavrasse o horrível incêndio, fez a Deus o voto de, junto com seu rebanho, durante três dias consecutivos fazer procissões de penitência. Convidou a todos a se associar com o seu Bispo, e se preparar para uma boa confissão, por obras de penitência e de caridade. O povo em peso aderiu à proposta do seu Pastor. As próprias autoridades do lugar, que até aquele dia sempre conservaram certa reserva e indiferença em matéria de religião, não puderam negar a sua solidariedade e cooperação.

Em cumprimento do voto foram designados os três dias antecedentes à Festa da Ascensão de Nosso Senhor. Os sacerdotes prepararam devidamente os fiéis, e foram destacadas três igrejas fora da cidade, para onde as procissões se dirigissem. No percurso da romaria o povo cantava ladainhas e salmos. Os três dias eram de jejum, de outras penitências e de boas obras.

Não mais houve calamidades públicas. Os campos refloresceram, o povo se reanimou ao trabalho; as igrejas eram frequentadas e nas famílias entrou o espírito da ordem, da disciplina, da piedade e do temor de Deus.

Com grande rapidez espalhou-se em toda a redondeza a notícia de tão maravilhosos eventos e dos votos das rogações. Em toda a França a instituição foi imitada. Da França passou para a Espanha, e o Papa Leão III introduziu-a em Roma. Hoje os dias das rogações são observados em toda a Igreja.

Os dias das rogações têm duas finalidades: primeiro, de pedir a Deus perdão de todos os pecados particulares e públicos em geral; de alcançar a bênção de bons tempos, livres de calamidades, epidemias escândalos e desordens; — segundo: de avivar entre os fiéis a fé no divino amor, e a esperança do céu.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 11 de maio.

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Santo Isidro

Santo Isidro, Lavrador

(† 1130)

De todas as ocupações, a mais necessária e mais útil é a do lavrador. Santificada já pelo exemplo dos patriarcas, oferece mil ocasiões de praticar as virtudes. O lavrador possui como os eremitas, todos os meios de salvação, sem, como eles, se retirar ao interior dos desertos. A vida de Santo Isidro é disto prova eloquente. Santo Isidro nasceu em Madrid.

Os pais, pobres de fortuna, mas tanto mais ricos em virtude, comunicaram ao filho o espírito de temor de Deus e educaram-no bem cristãmente. A pobreza não permitiu que Isidoro frequentasse a escola. A assistência, porém, do Espírito Santo, merecida pela extraordinária humildade, substituiu-lhe perfeitamente a falta de livros e da ciência, os quais nem sempre adiantam o homem na santidade. Isidro, ávido do conhecer as verdades da santa religião, não perdia ocasião de ouvir a palavra de Deus, que tão profundamente lhe calava na alma.

A paciência nas contrariedades, o modo afável de tratar o próximo, a prontidão em, perdoar as ofensas, a fidelidade no cumprimento dos deveres, o respeito e a modéstia e antes de tudo, a grande caridade para com todos, fizeram com que conseguisse uma completa vitória sobre todas as paixões.

Tinha um modo de vida que confundia aqueles que, para desculparem a falta de piedade, alegavam a estreiteza de tempo. Isidro transformava em oração os trabalhos e fadigas, sujeitando-lhes em espírito de penitência e na intenção de cumprir a vontade de Deus.

O trabalho no campo era que mais ocasião lhe oferecia, de elevar o espirito a Deus. Enquanto a mão lhe dirigia o arado, sua alma se achava em colóquios com Deus e os Santos do céu. Quanto mais chorava as misérias humanas, tanto mais desejava as alegrias e consolações da celestial Jerusalém. Isidro era tão senhor da língua, que nunca dos lábios se lhe ouviu uma palavra sequer de impaciência ou queixa. A boca transbordava-lhe de louvores a Deus e agradecimentos à divina graça. Nunca mudou de patrão. Com o patriarca Jacob podia dizer: "Passei as noites vigiando, passei frio e calor para aumentar os teus bens. Pouco possuías, quando entrei em teu serviço e vê agora como estás rico". (Gen. 30, 30). João de Vagas, assim se chamava o patrão, soube avaliar bem o tesouro que possuía em Isidro, a quem dedicava uma amizade de irmão, seguindo assim o conselho do Eclesiastes: "Como a tua alma ama e estima um empregado prudente". Conhecendo bem o espírito de Isidro dava-lhe toda a liberdade de ouvir Missa todos os dias. Isidro se levantava cedo, para poder conciliar as normas da vida religiosa com as obrigações do estado.

Embora pobre, dava aos pobres esmola, repartindo com eles o ordenado.

Contraíra matrimônio com Maria Turíbia, tanto quanto ele, piedosa e santa. O único filho desta união morrera e o casal resolveu viver em perfeita abstenção e castidade. Maria Turíbia morreu em 1175 e goza na Espanha de veneração de Santa. Esta devoção foi reconhecida e aprovada pelo Papa Inocêncio XII.

Caindo gravemente doente, Isidro predisse a sua morte, para a qual se preparou com todo o zelo.

Deus chamou-o a si em 1170, tendo Isidro 60 anos.

Muitos milagres lhe confirmaram a grande santidade. Quarenta anos depois da morte, o corpo foi do cemitério transportado para a igreja de Santo André. Mais tarde depositado na capela do Bispo.

Isidro foi canonizado em 1622, pelo Papa Paulo V. O corpo repousa num caixão preciosíssimo e não apresenta até hoje o menor sinal de decomposição.

Reflexões

Lavrador e pobre, Isidro santificou-se, fugindo do pecado, praticando boas obras, sofrendo e trabalhando com paciência, observando os mandamentos da lei de Deus e da Igreja. Outra coisa não precisamos fazer, para chegar a santidade. Ser-nos-á impossível fazer o que fez Santo Isidro? É difícil fazer com pontualidade as orações prescritas? Receber os santos Sacramentos, ouvir com atenção a Santa Missa, sofrer com paciência, ser assíduo no trabalho, fazer caridade, evitar más companhias, observar os mandamentos da lei de Deus? Tudo isto Santo Isidro fazia e nada mais, e tornou-se grande na santidade. Examinemos, ponto por ponto, as nossas obrigações e digamos com sinceridade se podemos ou não fazer a mesma coisa. Deus não nega sua graça a ninguém e estado não existe em que a santificação seja coisa impossível.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Roma, na Via Salária, a morte do sacerdote-mártir Santo Antimo, figura saliente entre os cristãos no tempo da perseguição diocleciana. Atirado ao Tibre, foi salvo por um anjo. Mais tarde foi decapitado.

Na mesma cidade o mártir Evélio, da criadagem da casa de Nero. O martírio de S. Torpes, que teve ocasião de presenciar, fez com que se resolvesse a abraçar o cristianismo. Pouco tempo depois teve a mesma sorte de morrer por Cristo.

Em Grotaglie, na Itália, S. Francisco de Jerônimo, da Companhia de Jesus, missionário e um dos melhores oradores do seu tempo. O povo chamava-o apóstolo, o profeta, pai dos pobres e taumaturgo. Morreu no ano de 1716, em Nápoles.

Em Côco, no México, no ano de 1752, o martírio do franciscano José Francisco de Ganzabal.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 11 de maio.

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