Santo de 14 de maio

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São Miguel Garicoits

São Miguel Garicoits

(† 1863)

Não tinham cessado ainda as graves perturbações de um século agitado, quando em 15 de abril de 1797 na terra dos Vascos, no lugarejo chamado Sbarre, nasceu um menino, filho de Arnaldo Garicoïts e Graciana Etcheberry, que no santo batismo recebeu o nome Miguel. O sacerdote, registrando os nomes no livro de tombo, não podia prever que século e meio depois um Papa que se chamaria Pio XII canonizaria solenemente quem um dia seria a glória da paróquia, e elevaria à honra dos altares, Miguel Garicoïts. Da vida do recentemente canonizado destacamos os seguintes dados. Em 1811, recebeu a primeira comunhão, aos 20 de dezembro de 1823 foi ordenado sacerdote e nomeado cura de Cambó. Dois anos depois deu-se a sua transferência para o Seminário maior de Betharram. Os arquivos diocesanos informam que em 1871 o bispo D. Lacroïx deu aprovação à Sociedade dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, fundada em 1835 por Miguel Garicoïts. Em 1856, na crônica da nova Sociedade poderíamos ler a seguinte nota: "Hoje, aos 31 de agosto, partiram para a Argentina, os meus primeiros missionários, a bordo do veleiro L'etincelle. Desejava tanto ir com eles. O Prelado não consentiu com que o fizesse. Faça-se a vontade de Deus". Miguel Garcoïts.

Pelos livros de 1863, sob a data de 14 de maio consta: "Hoje partiu para o céu o nosso amado Fundador".

Uma nova e gloriosa inscrição, aparecida 60 anos mais tarde, diz o seguinte: "Hoje, aos 10 de maio de 1923, o Papa Pio XI proclamou Bem-aventurado Miguel Garcoïts. Finalmente, a última página do álbum glorioso apresenta a ata da canonização, com a data de 6 de junho de 1947.

Não se pode tratar da vida de São Miguel Garicoïts sem se referir ao seu amor à SS. Eucaristia, aos seus anelos precedentes à primeira comunhão, à introdução da comunhão frequente entre os seminaristas de Betharram, às suas ardorosas alocuções. Não devemos ir a Jesus Cristo — dizia — porque sejamos dignos de recebê-lo, senão porque d'Ele necessitamos".

Enquanto as almas, em grande número, não busquem a paz no segredo dos confessionários da misericórdia de Deus; enquanto as multidões não se apertem ao redor dos púlpitos, de onde nos chegam as doutrinas do Senhor, que são doutrinas de amor; enquanto os homens não se resolvam a receber a santa comunhão — não haverá sossego no mundo; porque para refrear as paixões; para debelar as rebeldias do nosso sangue, não poderá haver transfusão comparável com a do sangue de Cristo, que, como Miguel Garicoïts dizia: "faz-nos sair da mesa sagrada quais leões ávidos de trabalhos, cruzes e sacrifícios.

Verdadeiramente admirável era o seu amor a Maria SS. de cujo culto se tornou exímio propulsor.

O santo Rosário era-lhe companheiro inseparável. Do dogma da Imaculada Conceição era caloroso defensor, e a Santa Bernadete, os seus conselhos — nas aparições da SS. Virgem muito aproveitaram. Seus sermões, suas conferências e admoestações particulares eram revelações do seu intenso amor à Mãe de Deus.

Os fatos de se verem as igrejas vazias; de saber dos destroços do pecado impuro e dos perigos que vêm com a onda materialista, faziam-no apelar ao trono de Deus, e implorar misericórdia divina sobre justos e pecadores.

Admirável é o episódio que na vida de Miguel Garicoits vemos assinalado, de ele ter lutado contra a fúria de um incêndio noturno em Betharram. Antecipando-se a Pio XII que do alto do Vaticano clama aos quatro ventos, que chegou a hora da ação católica, Miguel Garicoits vê o mundo em chamas, envolvido num incêndio pavoroso, simbolizado por aquele. Vê a necessidade que o mundo tem de sacerdotes. Funda então sua Congregação, hoje difundida e apreciada em três continentes.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 14 de maio.

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São Bonifácio de Roma

São Bonifácio de Roma, Mártir

(† 300)

No princípio do século IV, vivia em Roma uma jovem cristã, formosa e rica, de nobre descendência, chamada Aglaé. De moral duvidosa e frívola, mantinha relações ilícitas com seu administrador Bonifácio.

Depois de muitos anos de má vida, Aglaé sentiu na alma o bafejo salutar da graça divina e, movida de remorsos, disse a Bonifácio: "Sabes em que abismo nos precipitávamos, sem nos lembrarmos das contas, que deveremos prestar a Deus, no fim de nossa vida? Ouvi dizer que, honrando aqueles que sofreram pelo nome de Jesus, participa-se-lhes da glória. Tive notícias de cristãos do Oriente que, em combate com o demônio, deram a vida pela fé. Vai e traze algumas relíquias daqueles mártires, para aqui as venerarmos e pela sua intercessão nos salvarmos".

Bonifácio, dispondo-se para a viagem, disse a Aglaé: "Se for possível obter relíquias daqueles mártires, eu as trarei. Mas, se em vez das relíquias de outros, te trouxesse meu corpo, como corpo de mártir, quererias recebê-lo?" Aglaé tomou estas palavras por um gracejo e reiterou o pedido.

Embora grande pecador, possuía Bonifácio boas qualidades. Hospitaleiro, tinha muita compaixão dos pobres, aos quais dava grandes esmolas.

Tocado pela graça divina, pôs-se a caminho para o Oriente e chegou a Tarso, na Sicília. Passava por aquela região a fúria da perseguição contra os cristãos, decretada por Diocleciano, e continuada por Galério e Maximino.

Bonifácio mal tinha chegado a Tarso, foi testemunha dos tratos desumanos, que o governador Simplício dava aos pobres cristãos. Eram vinte vítimas que, por não quererem abandonar a fé, haviam sido barbaramente torturadas.

Bonifácio, vendo aquele espetáculo resolutamente se dirigiu aos mártires, abraçou-os com muita caridade e exclamou: "Grande é o Deus dos cristãos; grande, o Deus dos mártires. Peço-vos, servos, de Cristo, que me alcances a mesma coragem, para que eu possa vencer o demônio e ter parte na vossa glória!" Dizendo isto, prostrou-se aos pés das vítimas do furor imperial, beijou-lhes as cadeias e disse: "Combatei valorosamente, heróis e confessores de Cristo, calcai aos pés Satanás, e sede, por mais um pouco perseverantes na vossa resistência. Grande é a luta, mas doce o descanso; tremenda é a dor, mas alegria indizível vos espera".

O juiz, tendo notícia do procedimento estranho de Bonifácio mandou chamá-lo à sua presença e disse-lhe: "Quem és tu, que te atreves a desprezar minha sentença?" Bonifácio responde: Sou cristão e tendo a meu Senhor Jesus Cristo por padroeiro, pela graça divina desprezo tanto a ti, como à tua sentença". O juiz: "Como te chamas?" — Bonifácio: "Já te disse, que sou cristão; meu nome é Bonifácio". — O juiz: "És intimado a queimar incenso aos deuses". — Bonifácio: "Como cristão, que sou, não presto homenagem aos demônios e ídolos. Faze de mim o que entenderes; aqui está meu corpo".

Estas declarações irritaram o juiz de tal maneira, que decretou para Bonifácio um martírio horroroso. Primeiro mandou suspender-lhe o corpo e batê-lo com varas e ferros com tanta crueldade, que os ossos em muitos lugares ficaram expostos.

Depois de uma hora de tortura, disse à vítima: "Miserável, sacrifica aos deuses e tem pena de ti". Bonifácio retorquiu: "Não te envergonhas, infame, de exigir isso de mim, quando sabes que eu não quero saber dos teus caducos deuses?" O juiz, ouvindo esta declaração de Bonifácio, ordenou que lhe metessem ferros pontudos entre a carne e as unhas, Sofrendo este tormento, o mártir levantou os olhos ao céu pedindo a Deus força e coragem. Logo em seguida fizeram preparativos para deitar chumbo derretido na boca da vítima.

Prevendo este novo martírio, Bonifácio exclamou: "Graças vos dou, Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus! Vinde em auxílio do vosso servo e dai-me a vitória nestes tormentos. Não permitais que eu sucumba na luta contra este juiz desumano! Sabeis que sofro por vosso nome".

Dirigindo-se aos outros mártires, disse-lhes: "Peço-vos, servos de Jesus Cristo, que rogueis por mim!" Os mártires responderam-lhe: "Nosso Senhor Jesus Cristo mande o seu Anjo e livre-te das mãos deste ímpio juiz, termine a tua peregrinação, e escreva teu nome entre os seus primogênitos". Entre a grande multidão dos espectadores levantou-se um tumulto e muitos exclamaram: "Grande é o Deus dos cristãos e grande o Deus dos mártires. Cristo, Filho de Deus, salvai-nos! Nós cremos em Vós e em Vós nos refugiamos! Morram os deuses dos pagãos!" O povo destruiu o altar e atirou pedras contra o juiz e seus algozes, que, espavoridos, deitaram a fugir.

No dia seguinte, Simplício tornou a citar Bonifácio e disse-lhe: "Miserável, que tolice é esta: pôr tua confiança num homem que, como malfeitor, terminou a vida na cruz?" Bonifácio: "Cala-te, infame e não te atrevas a abrir a boca contra meu Senhor Jesus Cristo. Maldição a ti, serpente das trevas, velho endiabrado! Meu Senhor Jesus Cristo sofreu só para salvar o gênero humano".

Simplício mandou preparar um novo tormento, condenando o mártir à morte em azeite fervente. Bonifácio, porém, persignou-se com o sinal da cruz. No mesmo momento desceu um Anjo do céu, que frustrou a obra do ímpio juiz. Tomado de susto e medo, Simplício deu ordem para que Bonifácio fosse executado pela espada. Assim aconteceu.

Muito admirados ficaram os companheiros de Bonifácio, que com ele tinham vindo de Roma, quando souberam da sua morte. Só deram crédito, quando viram a cabeça decepada do mártir. Por uma soma bem avultada, compraram o cadáver, embalsamaram-no e levaram-no consigo.

Aglaé teve a aparição de um Anjo que lhe disse: "Aquele que foi teu empregado, agora é nosso irmão. Recebe-o como a Nosso Senhor Jesus Cristo e dá-lhe sepultura. Por sua intercessão ser-te-ão perdoados os pecados". Cheia de alegria, foi ao enterro do santo mártir e sepultou-o uns cinco estádios fora de Roma.

O túmulo de Bonifácio foi glorificado por muitos milagres. Aglaé separou-se do mundo e das vaidades e distribuiu entre os pobres a sua grande fortuna. Deu liberdade aos escravos e retirou-se com algumas donzelas, para servir a Nosso Senhor, numa vida de penitência. O seu trânsito deu-se em 320, isto é, vinte anos depois da morte de Bonifácio e foi seu corpo sepultado ao lado do glorioso mártir.

Reflexões

1. Bonifácio e Aglaé, ambos grandes pecadores e profanadores do que o cristão tem de mais santo: o corpo e a alma, tiveram a graça da conversão. Bonifácio morreu até mártir pela religião. A conversão de um escravo do vício da impureza é considerada geralmente um grande milagre, que não se realiza muitas vezes. A conversão de Bonifácio e Aglaé é um exemplo que Deus estabeleceu, para mostrar aos pecadores, que motivo nenhum existe para se entregarem ao desânimo ou ao desespero. "Deus não despreza um verdadeiro penitente. Enquanto tivermos vida, o perdão dos nossos pecados é coisa possível, desde que nos resolvamos a fazer penitência". (Santo Agost.) O mesmo Santo escreve: "Deus franqueou-nos o porto da penitência, para nos preservar do perigo que há no desespero. O dia da nossa morte está determinado nos planos de Deus, sem que dele tenhamos conhecimento; assim nos acautelemos e não nos embalemos numa esperança presunçosa".

2. Embora vivesse em pecados, Bonifácio dava grandes esmolas aos pobres, condoendo-se da triste sorte dos menos afortunados. É provável que a caridade lhe tenha merecido a graça da conversão. A esmola abre-nos o caminho da misericórdia divina, disse o Arcanjo S. Rafael. É neste sentido que acreditamos no valor expiatório da esmola. Quem vive pecando, não despreze as obras de misericórdia e de caridade, porque fazer caridade é fazer penitência; e a penitência é uma Cooperação ativa com a graça da assistência, que Deus não nega a ninguém. "Se não fizerdes penitência — diz Nosso Senhor — perecereis todos igualmente". (Lc. 13-3).

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Na Síria, no tempo do imperador Antonino, os mártires Vitor e sua esposa Corona.

Na ilha Sardenha, as mártires Justa, Justina e Henedina.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 14 de maio.

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