Santo Acácio, Bispo
(† 1º sec.)
Santo Acácio, cognominado Agatangelo, isto é, bom Anjo, viveu como bispo de Antioquia, quando Décio era imperador romano. Em Antioquia existiam muitos Marcionitas, que abandonaram a religião, quando os católicos, guiados pelo Bispo, ficaram firmes na fé. O próprio Bispo, por motivos de religião, foi citado perante o tribunal de Marciano.
Este lhe disse: "Tens a felicidade de viver sob a proteção das leis romanas. Convém, pois, que honres e veneres os nossos príncipes, nossos defensores". Acácio respondeu-lhe: "Quem poderá ter nisso mais interesse que os cristãos, e por quem o imperador é mais amado, senão por eles? É a nossa oração constante, que tenha longa vida aqui no mundo, governe com justiça os povos, e lhe seja conservada a paz; nós rezamos pela salvação dos soldados e de todas as classes no império".
Marciano: "Tudo isto é muito louvável, mas para dar ao imperador uma prova de tua submissão, vem comigo e oferece o sacrifício aos deuses". Acácio: "Já te disse, que faço oração ao supremo Deus pelo imperador; este, porém, como criatura nenhuma, não poderá exigir de nós que lhe sacrifiquemos" Marciano: "Dize-me, pois, a que Deus adoras, para que possamos acompanhar-te em tuas orações". Acácio: "Oxalá o conheças!" — Marciano: "Que nome tem ele?" Acácio: "É o Deus de Abraham. Issac e Jacob". — Marciano: "São deuses também?" — Acácio: "Não são deuses, mas homens, a quem Deus se comunicou. Há um só Deus, a quem é devida toda a oração". — Marciano: "Afinal, quem é esse Deus?" — Acácio: "É Adonai, o Altíssimo, que tem seu trono sobre os Querubins e Serafins". — Marciano: "Que coisa é Serafim?" — Acácio: "Um mensageiro do Altíssimo e príncipe dos mais distintos da corte celestial". — Marciano: "Deixa de contar-nos as tuas fantasias. Abandona aqueles seres invisíveis, e adora os deuses visíveis". — Acácio: "Dize-me que deuses são" — Marciano: "É Apolo, o salvador dos homens, que nos defende contra a peste e a fome que ilumina e governa o mundo". — Acácio: "Eu adorar a Apolo, que não pôde salvar a si mesmo; a Apolo, cujas paixões inconfessáveis são conhecidas por Dafne e Narciso; a Apolo que, como companheiro de Neptuno, trabalhou como pedreiro, para ganhar o pão; eu adorar a Apolo?
Pelo mesmo motivo podia queimar incenso a Esculápio, vítima do assassino Júpiter, à lúbrica Venus e a outros aventureiros do vosso culto. Isto eu nunca farei, embora custe a minha vida. Como poderia adorar divindades, cuja imitação é uma vergonha e cujos imitadores são punidos pela lei?" — Marciano: "Sei que vós, cristãos injuriais os nossos deuses. Por isso eu te ordeno que me acompanhes ao banquete, que será dado em homenagem a Júpiter e Juno" — Acácio: "Poderia eu adorar um homem, cujo túmulo ainda existe na ilha de Creta? Por acaso ressuscitou?" — Marciano: "Basta de palavras: escolhe entre o sacrifício ou a morte". — Acácio: "Esta é a linguagem dos salteadores na Dalmácia: a bolsa ou a vida! Nada. Nada receio; se fosse eu adúltero, salteador ou ladrão, eu mesmo me julgaria; se, porém, me condenam por ter adorado a Deus vivo e verdadeiro, a injustiça está ao lado do juiz". — Marciano: "Tenho ordem de obrigar-te ao sacrifício ou punir tua desobediência". — Acácio: "Ordem minha é não negar a Deus; devo obedecer Deus poderoso e eterno que disse que negará perante seu Pai àquele que o negar diante dos homens". — Marciano: "Estás confessando o erro da tua seita, em dizer que Deus tem um filho". — Acácio: "Sem dúvida, que tem. — Marciano: "Quem é este Filho de Deus?" — Acácio: "A palavra da verdade e da graça". — Marciano: "É este o seu nome?" — Acácio: "Não me perguntaste pelo seu nome, mas quem era". — Marciano: "Qual é pois seu nome?" — Acácio: "Jesus Cristo". — Marciano: "De que esposa Deus teve este filho?" — Acácio: "Deus tem seu filho, não de humana maneira, gerado de mulher; pois o primeiro homem foi criado por suas mãos. Do limo da terra formou o corpo humano e deu-lhe um espírito. O Filho de Deus, o Verbo da Verdade, saiu do coração de Deus, como está escrito: meu coração produziu boa palavra". (S. 44, 1).
Marciano insistiu que sacrificasse aos deuses e imitasse o exemplo dos Montanitas, dando assim um bom exemplo de obediência. Acácio, porém, respondeu: "O povo obedece a Deus e não a mim". — Marciano: "Dize-me os nomes daqueles que compõem o teu povo". — Acácio: "Estão escritos no livro da vida". — Marciano: "Onde estão os feiticeiros teus companheiros e pregadores de nova doutrina?" — Acácio: "Ninguém condena a feitiçaria mais do que nós a condenamos". — Marciano: "Essa nova religião, que introduzis, é feitiçaria". — Acácio: "É feitiçaria atirar ao chão ídolos feitos por mão humana? Nós temos medo só daquele, que é Senhor do Universo, que nos ama como um Pai, que como Pastor misericordioso, nos salvou da morte e do inferno". — Marciano: "Dize-me os nomes que te pedi, se quiseres poupar-te dos tormentos". — Acácio: "Aqui estou diante de teu tribunal. Desejas saber o meu nome e dos meus companheiros. Como vencerás os outros, se eu sozinho te envergonho? Pois seja feita a tua vontade. Eu me chamo Acácio ou Agatangelo, e com este nome sou mais conhecido. Meus companheiros são Piso, Bispo de Troia e o sacerdote Menandro. Agora faze o que entenderes". — Marciano: "Hás de ficar preso, até que o imperador tenha tomado conhecimento do teu processo".
Décio ficou comovido pela leitura das atas e concedeu a Acácio plena liberdade no exercício da religião. Ignora-se a data da morte do Santo. Os Gregos, Egípcios e todas as Igrejas do Oriente celebram-lhe a festa no dia 31 de março.
Reflexões
O nosso século já não é mais dos tiranos, que sob pena de morte, procuram extorquir-nos a confissão de nossa apostasia. Cada qual tem bastante liberdade de seguir a religião que mais lhe agrade. Entretanto dorme em nosso peito um tirano muito mais despótico e cruel, que todos os meios emprega, para de nós conseguir uma transformação muito mais vergonhosa que a própria apostasia. Esta transformação consiste em sacrificar a convicção religiosa a interesses materiais. Pior que a apostasia é o espírito de utilitarismo, do vil interesse, que degrada a religião à simples coisa de conveniência. Para não cairmos neste laço do inimigo da nossa alma, é indispensável que nos instruamos solidamente nos ensinamentos da nossa religião. Quanto mais sólidos forem os nossos conhecimentos religiosos, tanto mais amor e respeito teremos à nossa religião; tanto mais fidelidade lhe devotaremos. Nunca nos esqueçamos da palavra do divino Mestre: "Quem me negar diante dos homens, eu o negarei diante de meu Pai. Quem me confessar perante os homens, por mim será confessado perante meu Pai". Confessemos, pois, Cristo em nossas palavras e ações, e ele nos confessará no dia do juízo final na presença de Deus e de todas as criaturas.
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 16 de abril.
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Santa Maria Bernarda Soubirous, a Santa Bernadette
(† 1879)
Em meio do século XIX, quando a perversa doutrina dos racionalistas movia guerra atroz à verdade cristã e com ímpio afã se esforçava de perturbar toda a ordem sobrenatural, Pio IX, de gloriosíssima memória, sob os aplausos de todo o mundo católico, definiu solenemente como dogma da fé a Conceição Imaculada de Maria Virgem. Esta proclamação do privilégio fulgidíssimo da Mãe de Deus, se ao mundo soberbo faz lembrar a lastimável ruina do gênero humano, pelo pecado, de modo admirável exalta a graça da divina Redenção, e eleva a coisas superiores os corações dos homens.
Mas o que em Roma, pelo infalível magistério, o Sumo Pontífice definia, a própria Virgem Imaculada, bendita entre todas as mulheres, parece quis confirmar com sua própria boca, quando não muito depois com célebres aparições se manifestou na gruta de Massabielle, perto de Lourdes, nos montes Pireneus; porque para lá de todas as partes do mundo multidões se dirigiam para sentir os benefícios da piíssima Mãe, e quase em série contínua de milhares se restabelecem as almas mais que os corpos dos homens. O mais admirável, porém, é, que a SS. Mãe de Deus para conferir aos homens tanto benefício, e para confundir o que no mundo se julga forte, escolhesse um instrumento à preferência de outros, débil, segundo a divina economia que S. Paulo exalta: "Deus escolheu o que é fraco no mundo, para confundir os fortes" (1 Cor. 1, 27). Este instrumento era Bernarda Soubirous, nome hoje caríssimo e celebérrimo no mundo inteiro, mas naquele tempo, quando apenas quinze anos contava, de todos desconhecida.
Nascida em Lourdes, região montanhosa dos Pireneus, a 7 de janeiro de 1844, filha de Francisco e Ludovica Casterot, dois dias depois foi batizada e recebeu o nome de Maria Bernarda.
Vivendo pobremente e por algum tempo empregada em tomar conta do gado, crescia sem alguma doutrina humana, mas em suavíssima simplicidade de costumes e admirável candura de espírito, querida por Deus e pela Santíssima Virgem Mãe. Maria observou a humildade de sua filha e dignou a inocente menina, entre 11 de fevereiro e 16 de julho de 1858, de 18 aparições e de celeste colóquio. Finalmente, perguntada por ela pelo seu nome, disse: "Eu sou a Imaculada Conceição".
Nesta, tão célebre aparição e ilustrada por Deus por tantos sinais, pode-se notar um tríplice carisma, conferido à piedosa jovem. Chamamo-la antes de tudo: Vidente, porque diante de numeroso povo arrebatada em êxtase, foi maravilhosamente deliciada com o bondoso aspecto da Virgem. Chamamo-la de Mensageira da Virgem ao mundo, porque por ordem de Maria pregou penitência e oração ao povo; mandou aos sacerdotes, que naquele lugar construíssem um Santuário; predisse a todos a glória, a santidade e os futuros benefícios do mesmo lugar.
Por fim, vemos nela a testemunha da verdade, porque a muitos contradizentes, com o máximo candor de simplicidade, junto com suprema prudência e fortaleza de alma sobrenaturais, atestou constantemente a verdade das aparições e do mandamento confiado da Virgem, com admiração de todos os eclesiásticos e de juízes seculares.
Todas estas coisas levadas ao termo por divino impulso por uma ignorante e inculta menina, Deus a leva longe para a solidão de um convento, e quase desprezada pelo mundo, preparou-se para coisas as mais admiráveis, para que, pregada na cruz com Cristo e com Ele quase sepultada, atingisse profundamente na humildade a vida interior sobrenatural, e um dia na luz da santidade ressurgindo ao mundo, com este estável testemunho da santidade unisse nova glória ao Santuário de Lourdes. Por isto, obedecendo ao chamamento de Deus, em julho de 1867 se transferiu para Nevers, para iniciar a vida religiosa naquela Casa-Mãe das Irmãs de Caridade e instrução cristã. Terminado o noviciado no mesmo ano, fez os votos temporais, e onze anos depois os perpétuos. Admiravelmente fulguraram nela as virtudes, mas sua alma virgem foi principalmente adornada daquelas que mais convinha à discípula predileta da Virgem Maria: Humildade profunda, terníssima pureza e ardente caridade. Provou-as aumentou-as e com as dores de uma longa enfermidade e angústias de espírito que a atormentaram suportando-as com suma paciência. Na mesma casa religiosa a humildíssima virgem ficou até a morte, que depois de recebidos os sacramentos da Igreja, invocando sua dulcíssima Mãe Maria, descansou santamente a 16 de abril de 1879, no trigésimo sexto ano de idade, e duodécimo de vida religiosa.
Tendo ficado até este ponto como debaixo do alqueire da humildade, com a morte tornou-se resplandecente a todo o mundo. Debaixo do pontificado de Pio X, em 1923, foi iniciado o processo de sua beatificação. A 14 de julho de 1925 o Papa Pio XI lançou o nome da serva de Deus nos fatos dos bem-aventurados. Em contemplação aos grandes e inegáveis milagres, que Deus se dignou de operar por sua serva, a causa foi reassumida em junho de 1926 e levada ao fim em 2 de julho de 1933.
Reflexões
Bernadette, a humilde camponesa de Barkés, simples, ignorante, que aprendeu a ler só muito tarde, que não se sentou nunca na Academia, recebeu o mais nobre, glorioso, rutilante diadema: o da Santidade. Como essa camponesa se enganou, quando em 1866 foi pedir o véu negro das religiosas de Nevers, as delicadas filhas de D. Delaveyne! O seu fim era ali, toda a sua missão na terra findaria ali. Pura ilusão: na honra que a Igreja lhe conferiu solenemente, iniciou-se o seu reinado de glória, e o seu nome é aclamado agora no mundo inteiro.
No claustro de Nevers, findava apenas uma parte de sua missão perante a humanidade. Lourdes, que ela dera a conhecer, espalhando pelas almas a nova das aparições e os desejos da Virgem de Massabielle, lá seguia, em ascensão espantosa, rápida, pela sua própria força. O mundo via a Virgem de Lourdes por intermédio de sua confidente, cujos olhos claros e cândidos afastavam toda a ilusão e embuste.
Bernadette, cavando o solo com os seus dedos afiados, fazia surgir, pela graça da Senhora, uma fonte de água do milagre, o mais fecundo capítulo da apologética moderna. Recebeu um ministério novo, confiado a todos os Santos. Cada um deles, porém, tem as suas características. As de Bernadette são a sua pequenez engrandecida pela força e pelo amor de Cristo; a sua condição humilde de ontem, elevada hoje, à de distribuidora de grandes lições ao gênero humano.
Mostrou-nos ela a Rainha dos Santos; hoje começa a ensinar-nos o espírito da santidade. Já não é o sobrenatural acima de nós, mas dentro de nós.
Já não nos convida a irmos às bordas do Gave beber da água milagrosa; o seu apelo é para que vamos ao grande rio sacramental, onde as almas bebem a santidade; e para que consideremos como a humanidade se refaz, se nobilita, se sublima, modelada em Cristo.
A sua voz dir-nos-á de futuro: Vede, homens pequeninos, materializados em gozos efêmeros, o que pode a ignorância, a humildade de uma camponesa iletrada, transformada pelo Espírito Santo.
É talvez mais bela esta segunda missão do que a primeira. Depois de nos revelar a Virgem, mostra-nos o Espírito Divino. Com uma diferença: é que a Virgem vimo-la através dos olhos dela; o Espírito vemo-lo nela própria.
Oração da missa da nova Santa
Ó Deus, que protegeis e amais os humildes, que alegrastes a vossa serva Maria Bernarda com a aparição e a palavra da Imaculada Virgem Maria, concedei-nos, nós vo-lo suplicamos, chegar aos céus a Vossa presença, pelos simples caminhos da fé. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. — Amém.
Santos, cuja memória é celebrada hoje
Atirados ao mar morreram em Corinto os mártires S. Calisto e S. Charísio, com mais sete companheiros. 3.° sec.
Em Saragoça, na Espanha, a morte de 18 mártires na perseguição diocleciana.
Na mesma cidade a Virgem Mártir Engracia. Os pagãos mutilaram-lhe horrivelmente o corpo, arrancaram-lhe o fígado e meteram-lhe um prego na testa. — É invocada em caso de dores de cabeça. 304.
Em Roma a morte de S. Benedito José Labre. Pouco favorecido pela natureza, e destituído de talento para estudar, procurou em vão ser admitido nas Ordens dos Trapistas, Cartuxos e Cistercienses. Resolveu então viver como peregrino, visitando os grandes santuários da cristandade. É admirável seu espírito de penitência e de abnegação e seu amor à pobreza. 1783.
Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.
Comemoração: 16 de abril.
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