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Santa Madalena Sofia Barat

Santa Madalena Sofia Barat

(† 1865)

Jacques Barat e Madaleine Foufé eram esposos exemplares, que souberam transmitir suas admiráveis virtudes cristãs a seus filhos Louis, Maria Luiza e Madalena Sofia. O pai, além de viticultor era proprietário de uma pequena oficina de tonelaria em Ivigny, na Borgonha.

Um violento incêndio na casa vizinha, na noite de 12 para 13 de dezembro de 1779 provocou o nascimento prematuro da última filha, Madalena Sofia, pondo em perigo a vida da mãe e do fruto das suas entranhas. A criança recebeu o batismo no mesmo dia, servindo de padrinho seu irmão Luís.

Madalena Luiza Sofia, apesar de constituição fraca, devido às circunstâncias anormais do seu nascimento, teve um desenvolvimento rápido e não deixou dúvida sobre a vivacidade de espírito. Podemos dar crédito à sua própria afirmação que diz: "Contava eu dezessete meses apenas, quando tive noção de mim própria". Muitas vezes no círculo estreito de parentes e amigos o incêndio pavoroso da noite do nascimento era assunto da conversa. Para se divertir com a resposta de Madalena Sofia, costumavam perguntar-lhe: "Madalena Sofia, que foi que te trouxe ao mundo?" e esta com toda seriedade dizia: "o fogo".

Com grande facilidade aprendia as orações, e nas aulas do catecismo era sempre a primeira. Devido a este seu preparo foi admitida à primeira Comunhão, quando contava dez anos.

Seu irmão e padrinho, onze anos mais velho, tomava bem a sério a responsabilidade assumida na hora do batismo de Madalena Sofia. Estudante de teologia, promovido ao subdiaconato, foi nomeado professor do ginásio de Ivigny. Com o consentimento dos pais, introduziu sua irmãzinha no estudo das matérias que se ensinavam no ginásio. Ele mesmo era seu professor de gramática, de aritmética, de história, geografia e história natural. Tão rigoroso era seu curso, que poucas horas ficavam para o recreio. Vendo a facilidade com que Madalena Sofia estudava, e observando os rápidos progressos, que fazia em todas as matérias, estendeu seu programa ao latim, ao grego, ao italiano e espanhol. Embora não se lhe afigurasse bem delineada a vocação futura de sua mana, como certa parecia-lhe a vontade de Deus de utilizar os belos talentos de que era dona.

Quando em 1792 a família Barat celebrou o casamento de sua filha mais velha, Madalena Sofia pela primeira vez declarou o desejo de se consagrar a Deus. Era no tempo do terror da revolução francesa. Igrejas e conventos eram fechados; sacerdotes e religiosos enchiam os cárceres. Em vista disto o plano da menina parecia impraticável, e por isso mesmo, dele não se falava.

Luís, se bem que apenas diácono, se declarou contrário às leis da República, e como tantos outros adversários do juramento tivera de partilhar a triste sorte dos clérigos perseguidos pelos revolucionários. Foi devido a uma particularidade providencial que escapou da guilhotina. Triste por ter perdido a coroa do martírio, quis entrar numa Ordem em país estrangeiro e terminar sua vida como missionário.

A queda de Robespierre deu a liberdade a muitos encarcerados, também ao diácono Luís Barat, que em 1795 foi ordenado sacerdote. Seu plano de levar a irmã consigo a Paris, achou primeiro a mais franca oposição da família, inclusive de Madalena Sofia. "O chamamento de Deus não pode contrariar a lei da natureza, respondeu-lhe, e a lei da caridade não pode patrocinar a separação da mãe e da filha".

As suas insistências cada vez mais fortes, finalmente cederam, e Madalena Sofia com mais uma companheira foi para Paris.

Se Luís fora seu professor em Ivigny, em Paris veio a ser seu mestre, seu guia na vida espiritual. Dura era sua escola. O único ideal que o animava, era ver sua irmã santa; para alcançá-lo empregava em profusão toda a sorte de mortificações, entre estas as mais dolorosas e humilhantes. Madalena Sofia sofreu bastante sob este regime que martelava seu amor próprio. Mas ilimitada era sua confiança em seu irmão. Seu coração se purificava de dia para dia, e no amor de Jesus achava seu conforto e seu consolo. Se o irmão no seu zelo imprudente a repreendia, dizendo que nunca seria uma santa, ela com imperturbável serenidade dizia a si própria: "pois serei sempre muito humilde. A humildade seja para mim o meio de agradar a Deus".

A revolução em seu ódio à Igreja, aos direitos divinos e históricos tinha prejudicado enormemente a sociedade da França. Estava aniquilado o trabalho de séculos. Para reconduzir a sociedade a Deus, era preciso começar pela raiz, e confiar a educação da nova geração a pessoas que no Coração de Jesus procurassem a força e o talento de remodelar o coração da criança.

Recrutar o pessoal idôneo para esta grande obra era o ideal de um piedoso sacerdote de S. Sulpício, Pe. Léonor Francisco de Tournély. Exilado da terra natal, com três companheiros se aliou numa pequena comunidade, consagrada ao S. Coração de Jesus. Perseguidos pela força militar, se refugiaram para a Baviera, onde encontraram agasalho hospitalar na diocese de Augsburgo. Aos três votos acrescentaram o quarto, de irem a Roma e oferecerem seus serviços ao Santo Padre em substituição à Companhia de Jesus, que havia sido dissolvida. Em seus longos colóquios com Nosso Senhor, o Pe. Tournély conheceu claramente a vontade de Deus de se fundar uma Congregação feminina, cujo fim seria cultivar a devoção do Sagrado Coração de Jesus em si própria e propagá-la em todas as partes do mundo.

Perseguidos ainda na Baviera, os sulpicianos tiveram de se retirar até Viena. Tournély entretanto rezava, se penitenciava, procurava possibilidades para realizar seu plano, que era o de Deus. Nada, entretanto, conseguiu. A morte o colheu na flor da idade, em 1797. Suas últimas palavras, ditas em tom profético eram: — "Ela há de vir — há de vir".

Herdeiro do seu projeto e sucessor era Pe. Varin, homem de uma energia singular e grande devoto ao Sagrado Coração de Jesus. Antes militar, anelando as grandezas do mundo, se transformou em soldado do Sagrado Coração de Jesus no dia em que a sua mãe subia ao cadafalso oferecendo sua vida pela perseverança de seu filho.

Pe. Varin conseguiu a aprovação pontifícia da regra, com a ordem, porém, de fundir sua congregação com a dos Padres da Fé, congregação idêntica nos seus fins e fundada na Itália. Uma segunda experiência no sentido de fundar uma congregação feminina teve por resultado a fundação das "Dilette di Gesú" em Roma, com a arquiduquesa Mariana, irmã do imperador Francisco II como Superiora. Esta congregação, porém, pouca duração teve.

Em 1800 foi possível o regresso para Paris. Pe. Varin conheceu então Pe. Luís Barat e sua irmã Madalena Sofia. A impressão que o encontro com esta lhe causou, Pe. Varin a definiu com as palavras: "Vi-a e compreendi tudo". Pe. Barat familiarizou-se inteiramente com a ideia do Pe. Tournély e confiou a direção de sua irmã ao Pe. Varin. A alma de Madalena Sofia, sob a direção sábia e circunspecta do novo diretor ganhou vida como uma flor tirada da sombra e posta em contato com a luz e o calor do sol.

Pe. Varin reconheceu em Madalena Sofia o grão de mostarda, eleito por Deus, para se transformar em árvore frondosa e coberta de frutos. Desenvolveu-se o plano de Pe. Tournély e concluiu: "Deus vos chama para a realização deste plano". Madalena Sofia: "Vou refletir sobre isso". Pe. Varin: "Minha filha, não é preciso refletir. Quando Deus manifestou sua vontade, nosso dever é obedecer". Ouvindo esta declaração do seu diretor, fez-se luz em sua alma, e a hesitação cedeu lugar à resolução firme. Com firmeza, confiante em Deus, disse Madalena Sofia seu "fiat".

No dia 21 de novembro de 1800 as primeiras postulantes fizeram sua Consagração ao Sagrado Coração de Jesus. As religiosas do Sagrado Coração consideram este dia o da fundação da sua Congregação. Pouco a pouco o número de candidatas cresceu, e foi preciso a transferência da jovem comunidade para Amiens, onde se abriu o primeiro colégio. Embora fosse a mais nova entre suas companheiras, Madalena Sofia foi nomeada superiora. Cinquenta anos ocupou este cargo, verificando em sua pessoa o ideal que Santo Agostinho esboça da Superiora de uma comunidade: "Amada, venerada e temida, no fundo de sua alma se considerando serva de todas". Na tomada de posse dirigiu as irmãs palavras de humilhação própria, e, tendo terminado sua conferência inaugural, beijou os pés de suas companheiras. Este espírito ela conservou em toda a sua vida, como se ocupasse o último lugar na Congregação.

Em Amiens a jovem superiora conheceu Júlia Billiart, hoje bem-aventurada, superiora da Congregação de Nossa Senhora, fundação do mesmo Pe. Varin. Muitas vezes se dirigiu a "boa Júlia", modelo de paciência e de fortaleza de espírito, e a bem-aventurada Billiart, por sua vez se edificava com as virtudes da "mãezinha Barat".

Embora não faltassem as dificuldades que costumam acompanhar as fundações, a proteção de Deus era visível. A Congregação das "Diletti di Gesú" separou-se definitivamente das "Damas da Fé", como eram chamadas as religiosas de Amiens. O colégio ganhava cada vez maior prestigio e por fim foi adquirido o grande "Oratório", que o Cardeal Berulle construíra para os Oratorianos. No dia de S. Miguel, em 1804, as Damas da Fé tomaram posse deste prédio, que é considerado o berço da Congregação.

Pouco tempo depois apareceu uma vocação preciosíssima na pessoa de Filipina Duchesne, descendente de uma nobre família de Grenoble. De rija têmpera, enérgica, rigorosa contra si e outros, era o tipo de um caráter másculo, feito para a luta e a conquista. Em tudo diferente de Madalena Sofia, tinha como esta o único ideal: o amor ardente a Jesus e à Igreja. Madalena Sofia e Filipina, de gênios quase opostos, formavam um admirável conjunto. Se esta trabalhava como apóstola e missionária, era aquela a mãe carinhosa, a palavra afável das almas que se lhe confiavam. Filipina fora educada pelas Visitandinas, que possuíam em Grenoble o convento de Santa Maria do Alto.

A revolução forçou as portas daquele santuário e obrigou as religiosas a abandonar o mosteiro. Mais tarde, quando as coisas tenderam a normalizar-se, Filipina adquiriu o prédio, que o Terror transformara em cárcere, e ofereceu-o às Damas da Fé, sendo ela mesma aceita como postulante.

A Congregação tornando-se conhecida, tomou incremento. O número das candidatas crescia consideravelmente e as fundações se multiplicavam. Era preciso dar-lhe uma forma mais positiva, criar um centro, de que irradiasse o espírito e a regra para todas as casas. Em 1806 as religiosas procederam à eleição da primeira superiora geral. Foi eleita Madalena Sofia. O dia da sua eleição foi o início da sua vida dolorosa.

O mosteiro de Amiens, dirigido por Ana Bandemout sofreu durante anos a influência do Abbé de Saint Estéve, que, contrário às ideias de Madalena Sofia, soube criar na comunidade uma atmosfera desfavorável à Superiora geral. Não satisfeito com isto, elaborou uma regra, que nas linhas principais se afastava dos verdadeiros fins da Congregação. Seu prestígio era tão grande, que a situação da Superiora mais de uma vez chegou a parecer desesperadora. É impossível dizer, quanto esta sofreu.

Já naquele tempo, nela se manifestavam os sinais de profunda contemplação. Suas cartas escritas naquela época, a mais dolorosa na sua vida, são documentos preciosíssimos de sua prudência, de sua paciência e de sua caridade imperturbável. Alma fundada em Deus, nunca descia à arena da discussão violenta, em que as paixões tomam a palavra. A serva de Deus se conservava nas alturas da oração e do sacrifício, e assim fez bem. As máscaras caíram, as intrigas foram descobertas e desfeitas. O que era obra humana, caiu por terra, e Madalena Sofia teve a prova de que sua Congregação era obra divina, assim como a ideara seu fundador Pe. Tournély.

O segundo capítulo geral de 1815, presidido por Madalena Sofia elaborou as constituições da regra da Congregação do Sagrado Coração de Jesus que foi introduzido em todas as casas, e deu à Congregação a tão desejada união e nova vida.

Chegara o momento de Filipina Duchesne ver realizado o desejo ardente de ser mandada às missões. Em 1818 o pequeno veleiro "Rebeca" levou as primeiras cinco missionárias para o novo continente.

Em 1827 teve Madalena Sofia a grande satisfação de obter a aprovação apostólica das constituições. Assim sobre a base firme da regra reconhecida e aprovada pela Santa Sé, a Congregação se desenvolveu esplendorosamente. Era a vitória da constância, da oração, do sacrifício e do amor da grande serva de Deus.

Em relação às virtudes da Santa, em resumo pode-se afirmar: "Em toda a sua vida, em todas as suas situações do seu elevado cargo de superiora revelou uma prudência extraordinária, uma retidão sem par, espírito de justiça admirável, uma caridade ardentíssima e uma firmeza invencível. Menção especial mereceu seu grande amor aos pobres. Nos pobres reconhecia ela a parte predileta do rebanho de Cristo e lhes dedicava um verdadeiro amor maternal. Socorria-os em suas necessidades, dando-lhes roupa, alimento, agasalho e mil outras coisas úteis, tudo sob o manto da maior discrição. Se eram insuficientes os meios do convento, para auxiliar a tanta gente, recorria à benevolência de benfeitores. Maior ainda era sua prontidão para dispensar seus cuidados a sacerdotes pobres. Não media sacrifícios mormente pecuniários, quando se tratava da manutenção e formação de seminaristas pobres. Em tudo isto visava o enriquecimento da Igreja de Cristo de sacerdotes, para maior honra do Sagrado Coração de Jesus e propagação do seu culto.

Não é, pois, para admirar que Deus distinguiu a sua admirável serva com o esplendor de dons verdadeiramente sobrenaturais. Ela, que muitas vezes perscrutava os segredos íntimos dos homens, predizia o futuro. Frequentes vezes foi vista em arrebatamento da esfera material à divina, e curou muitas pessoas das suas moléstias. Limitemo-nos a mencionar poucos casos. A uma religiosa, gravemente enferma, impôs as mãos e restituiu-lhe a saúde imediatamente. Almas do purgatório lhe apareceram muitas vezes e pediram seu sufrágio. Em extrema penúria material o dinheiro em suas mãos aumentava. Sem a menor dificuldade explicava a Sagrada Escritura. Seu poder a estendia aos próprios animais, que se mostravam gratos a sua benfeitora. Passada longa série de anos, cheios de trabalhos e penitências, gastas as forças do corpo, contando já 85 anos, prevendo a hora da morte, por ela profetizada, convocou um capítulo geral na casa matriz em Paris. Mais uma vez, com toda a dedicação pôs-se a serviço dos interesses da Congregação e da disciplina das religiosas. Ainda no fim da sua vida apareceu sua humildade em todo o seu esplendor. Pediu exoneração do seu cargo, para poder se concentrar à preparação à morte e nomeou uma vigária geral para a direção do Instituto. Em seguida reuniu todas as Irmãs e lhes predisse o dia da sua morte: "Minhas filhas diletíssimas, disse, quero-vos abraçar pela última vez, pois daqui há três dias irei para o céu".

A profecia se cumpriu. Aos 22 de maio de 1865, tendo ainda assistido às orações da manhã e ouvido a santa Missa, foi acometida de uma congestão. Os médicos assistentes conheceram logo a impossibilidade de prolongar a vida da Madre.

Recebeu os santos sacramentos da Igreja e a bênção apostólica de Pio IX, e na festa da Ascensão de Nosso Senhor, três dias depois da sua predição, entregou serenamente sua alma ao Criador.

A notícia da sua morte propagou-se com rapidez. As religiosas e todas as pessoas, que a conheciam, falaram da sua morte como de uma Santa, e em vez de rezar pelo seu descanso eterno, a veneravam, implorando sua intercessão junto de Deus. Conversões extraordinárias e vários milagres foram registrados, de que falam as bulas da beatificação e da canonização. Em 1893 e 1908 foi aberto o túmulo e encontrado intacto o corpo da Santa. Aos 24 de maio de 1908 teve lugar a beatificação de Madre Barat e no mesmo dia, em 1925, foi declarada santa, e inscrito seu nome no Catálogo dos Santos da Igreja Católica junto com o nome de Maria Madalena Postel, fundadora das religiosas das Escolas Cristãs de Misericórdia. Sua festa é no dia 25 de malo.

Reflexões

Instrução e educação da mocidade feminina eram consideradas por Madalena Sofia Barat um santo e importantíssimo apostolado, em cujo serviço, colocou a Congregação das Damas do Sagrado Coração por ela mesma fundada. Para o bom desempenho desta missão, exigia de suas Filhas em primeiro lugar a santificação de si próprias na imitação do Coração mansíssimo de Jesus.

Hoje mais do que nunca está em foco a educação da mocidade. Disputam-na a Igreja, os Poderes Públicos e as seitas protestantes. Todos reconhecem a importância do ensino na formação do caráter da criança. A Igreja quer educar para o céu, em perfeita obediência à ordem que recebeu do seu fundador, Jesus Cristo. Os Poderes Públicos visam apenas a educação cívica, o desenvolvimento, e aperfeiçoamento físico e intelectual da juventude. As seitas protestantes, pelo menos no Brasil, recorrem ao magistério, com o interesse declarado de dar à mocidade uma educação cristã, mas completamente emancipada dos princípios católicos.

A escola deve educar para a vida: física, intelectual e religiosamente. Missão da escola é formar a mocidade, prepará-la para os trabalhos e as lutas da vida; educá-la para a compreensão dos deveres para com a família, para com a Pátria e a Religião. Viver é lutar; lutar com as dificuldades externas e internas, materiais e morais; viver é mais que isto: é cumprir a vontade de Deus, que destinou o homem para fins superiores, para a santidade, que terá sua glorificação no céu. A santidade, a perfeição cristã deve ser o ideal de todos que foram renascidos por meio da água e do Espírito Santo. (Jo. 3, 5). É sob a influência deste ideal que a mãe ensina o filhinho a rezar, a praticar os primeiros atos das virtudes cristãs, da caridade, da obediência, da mortificação e penitência. A Escola tem por dever continuar a obra, da qual a família lançou o fundamento. É esta a grandiosa Missão da Escola católica: ensinar e educar, mostrar à mocidade o caminho do dever; pô-la na vereda das virtudes; acostumá-la às práticas indispensáveis da Religião que Deus ensinou, e quer que nela os homens se santifiquem para Sua maior honra e glória e para o bem das próprias almas. O magistério, católico, é, portanto, um verdadeiro Apostolado. Felizes daqueles que para ele forem chamados, quer no mundo, quer no convento. Se os sacrifícios do magistério são muitos, se a tarefa do professor é árdua, o consolo também é grande; o consolo de trabalhar diretamente pelos interesses de Cristo; o consolo que há nas palavras do Espírito Santo que diz: "Os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça, luzirão como as estrelas por toda a eternidade". (Dan. 12, 3).

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 25 de maio.

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São Gregório VII

São Gregório VII, Papa

(† 1085)

São Gregório é uma das figuras mais importantes da Igreja Católica, mas também poucos Pontífices têm sido perseguidos e caluniados como este defensor dos direitos da esposa de Cristo. Um historiador protestante, bastante imparcial e objetivo nas suas apreciações, diz desse Papa: "Gregório VII possuía a intrepidez de herói, a prudência de senador, o zelo de profeta e era, sem dúvida, o diplomata mais genial da idade média".

O século XI foi para a Igreja um período de grande humilhação. Não fosse ela instituição divina, edificada sobre rocha, os próprios filhos tê-la-iam destruído.

O clero superior e inferior, em sua maioria, tinha-se esquecido de sua alta missão. Frequentíssimos eram os escândalos, e os príncipes seculares, quais lobos famintos, invadiam o aprisco do Senhor. Os reis Filipe e Augusto I da França, Boleslau II da Polônia, Henrique IV, imperador da Alemanha, eram verdadeiros monstros da imoralidade e crueldade. A palma, porém, coube ao imperador, que em crueldade, devassidão e ambição não achava semelhante.

Deus se amerciou de sua Igreja e deu-lhe um Papa, como as circunstâncias o exigiam. De origem pobre, Hildebrando, natural de Toscana, ainda menino deu demonstrações de um talento superior, razão por que os pais o mandaram à escola dos Cônegos de Latrão em Roma. Hildebrando não desmentiu as esperanças nele depositadas. Moço ainda, mas já uma celebridade em ciência e virtudes, foi eleito Prior do convento de Cluny.

Deus, porém, tinha-o reservado para missão mais alta. Chamado a Roma, Leão IX escolheu-o para seu secretário. Aos sucessores Vitor II, Estevão IX, Nicolau II e Alexandre II, prestou Hildebrando os mais relevantes serviços. À sua circunspeção, prudência e coragem imperturbável deve a Igreja a vitória, em questões complicadíssimas. Um arcebispo francês teve ocasião de verificar isto, num sínodo celebrado em Reims. Acusado de simonia, justificou-se por meio de testemunhas assalariadas. Hildebrando levantou-se imediatamente e com uma franqueza verdadeiramente apostólica, perguntou ao Prelado: Crês que o Espírito Santo é da mesma essência do Pai e do Filho?" — "Creio", respondeu o interpelado. "Dize então, continuou Hildebrando, glória ao Padre e ao Filho e ao Espírito Santo". O Arcebispo pôde apenas proferir: "Glória ao Padre e ao Filho", não havendo possibilidade de pronunciar o resto. Este castigo visível tocou-lhe o coração, fazendo-o confessar o crime. Grande foi a repercussão que teve este juízo de Deus. Quarenta e cinco bispos e vinte e sete Prelados depuseram espontaneamente a dignidade criminosamente adquirida, e fizeram penitência.

O ano de 1073 trouxe-lhe a eleição à suprema dignidade do Cristianismo. Hildebrando, prevendo que o pontificado seria agitadíssimo, procurou anular a eleição e mandou mensageiros ao imperador com o pedido de não lhe dar confirmação. Grande parte do Episcopado alemão num certo pressentimento do que haviam de esperar da energia de Hildebrando, insistiu com o Imperador para que não reconhecesse a eleição. Henrique, porém, sancionou-a e, Hildebrando, adotando o nome de Gregório VII aceitou a Tiara pontifícia. Ao receber esta notícia, S. Pedro Damião contentíssimo exclamou: "Agora será calcada a cabeça miliforme da serpente peçonhenta, e será posto um termo aos negócios torpes; o falsário Simeão Mago não mais cunhará moedas na Igreja; voltará o tempo áureo dos Apóstolos, revigorará a disciplina eclesiástica, serão derrubadas as mesas dos vendilhões..."

Gregório convocou o Concílio Lateranense e renovou as antigas leis da Igreja, que existiam, sobre o celibato dos sacerdotes, contra a simonia, e fez incorrer nas censuras eclesiásticas os bispos da França, que tinham rejeitado os decretos pontifícios, como impraticáveis e irrazoáveis. Dos bispos da Alemanha, só dois tiveram a coragem de aceitar e pôr em execução as determinações do Papa. O mais descontente de todos foi o Imperador da Alemanha, que pelas proibições do Papa, se via prejudicado no negócio mais rendoso. Wiberto, arcebispo de Ravenna, ex-chanceler do imperador na Itália, promoveu uma conspiração contra o Papa. Na estação da Missa da meia noite de Natal os conspiradores, chefiados por Cencio, invadiram a Igreja e apoderaram-se da pessoa do Papa, para levá-lo à prisão. O povo, porém, libertou seu Pastor e Cencio teria sido apedrejado, se Gregório não lhe tivesse generosamente perdoado.

Um segundo Concílio, celebrado em Roma, no ano de 1075, confirmou as determinações anteriores, e fez intimação ao imperador para que, sob pena de excomunhão, respondesse pelos seus crimes, Henrique respondeu com um decreto, elaborado por bispos alemães, que declararam o Papa destituído de toda a dignidade e autoridade. "Falso monge, dizia o Decreto, carregado da maldição de todos os bispos e condenado pelo nosso tribunal, desce e renuncia à cadeira apostólica indignamente usurpada".

Gregório, em vez de descer, lançou a excomunhão contra Henrique e os Prelados rebeldes e desligou-lhes os súditos do juramento de fidelidade. Os príncipes da Alemanha, há muito cansados da tirania e arbitrariedade do Imperador, reunidos todos na Dieta de Tribur (1076), declararam-no deposto, se, no prazo de um ano, não procurasse ser absolvido da excomunhão. Henrique empreendeu tudo, para se livrar da terrível censura. A vontade da nação tinha-lhe decretado o comparecimento à grande Dieta de Augsburgo, que estava marcada para 2 de fevereiro de 1077 e na qual devia justificar-se perante o Papa e os representantes da nação. Proibira-se-lhe igualmente que se ausentasse do território alemão, antes da celebração da Dieta. Henrique não se sentiu com coragem de sujeitar-se a essa humilhação e podia prever, também, que a Dieta de Augsburgo, expondo-lhe às claras todos os crimes, declararia sua solene deposição. Para evitar isto, tratou de obter clandestinamente a absolvição da excomunhão. Sabendo que Gregório se achava no castelo da condessa Matilde, em Canossa, para lá se dirigiu, em traje de penitente e, apesar do frio intensíssimo de inverno, ficou descalço e exposto à inclemência da estação, durante três dias, esperando obter audiência do Papa. Este se negou terminantemente a recebê-lo, porque Henrique se tinha comprometido a não sair da Alemanha e apresentar-se à Dieta de Augsburgo. Não era em Canossa que devia dar satisfação à nação e ao Papa. Afinal Gregório cedeu às instâncias da condessa Matilde e recebeu Henrique em audiência. Este então aceitou as condições que lhe foram impostas e com juramento prometeu executá-las ao pé da letra, isto é, apresentar-se à Dieta de Augsburgo, voltar para a Alemanha e nunca mais fazer aliança com os príncipes e bispos simonistas. Gregório absolveu o e deu-lhe a sagrada Comunhão. Mal tinha saído de Canossa e ainda se achava na Itália, esquecido já das promessas, aliou-se com os príncipes e bispos inimigos do Papa e, uma vez na Alemanha, moveu guerra contra os seus adversários. Os príncipes elegeram um novo Imperador na pessoa de Rodolfo de Suábia e Henrique foi excomungado pela segunda vez.

Este reuniu um concílio de bispos rebeldes em Mogúncia (1080), os quais elegeram Papa o bispo Wiberto de Ravenna, que tomou o nome de Clemente III.

Rodolfo de Suábla pereceu na batalha de Volksheim e Henrique marchou sobre Roma, para tirar vingança do Papa. Só depois de um assédio de dois anos tomou a cidade, onde recebeu a coroa imperial das mãos do antipapa. Gregório retirou-se para Salermo, onde morreu em 25 de maio de 1085. As últimas palavras que proferiu foram: "Amei a justiça e odiei a iniquidade, eis porque morro no exílio".

Henrique não foi feliz com as conquistas. Graves distúrbios chamaram-no para a Alemanha onde achou os filhos em franca rebelião contra o pai. Perseguido e amaldiçoado pelos filhos, Henrique teve um fim triste, ao passo que Deus glorificou por estupendos milagres o túmulo do seu fiel servo Gregório.

Reflexões

O Pontificado de Gregório VII é um dos mais agitados que a história eclesiástica conhece. Se a Igreja fosse instituição humana, teria achado seu termo numa época em que a indisciplina e a corrupção dos costumes tinha invadido todas as camadas da sociedade cristã, inclusive o clero superior e inferior. A Igreja não só saiu vitoriosa dessas lutas, como também de outras, como as perseguições abertas e disfarçadas de todos os séculos, até os nossos dias. Surgiram e desapareceram impérios, mas a Igreja ficou imutável, e firme ficará até o fim dos séculos. Qual é a instituição humana, qual o império, a república, de que se possa afirmar a mesma coisa? Se o mundo inteiro se levantar contra a Igreja Católica, esta poderá sofrer, mas sempre terá em seu favor, como garantia absoluta e certíssima, a palavra profética do seu fundador: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Onde está o Papa, aí está Pedro, e onde está Pedro, aí está a Igreja de Cristo.

O Papa como legítimo sucessor de Pedro, é o representante de Jesus Cristo na terra, o depositário do supremo poder da Igreja.

A Igreja, como reino de Jesus, não é deste mundo. A este reino pertencem todos que acreditam na doutrina de Cristo e fazem uso dos meios de santificação. O poder supremo Cristo entregou-o a Pedro, dizendo: "Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas". (Jo. 21, 17) Isto é, a ti confio o meu rebanho, para que o leves a boas pastagens e dele trates com todo o zelo. O Papa é o supremo Pastor, que zela e trata do bem-estar espiritual das ovelhas. Desde a Ascensão de Nosso Senhor, não há faltado à Igreja bons Pastores que, com autoridade suprema e poder apostólico têm defendido o rebanho contra os mercenários e os lobos, expulsando os vendilhões que, com os seus abusos, profanam a Igreja de Cristo.

Dai graças a Deus, que vos chamou à sua santa grei. Tende muito respeito à pessoa e à autoridade do Papa e rezai por ele e seus conselheiros, para que governe a Igreja com sabedoria e fortaleza.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Roma, a memória do Papa-mártir Santo Urbano, morto na perseguição de Alexandre Severo.

Em Florença, a memória de S. Zenóbio, bispo daquela cidade, contemporâneos de Santo Ambrósio. Distinguiu-se pelo zelo apostólico e o dom de milagres.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 25 de maio.

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