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A Realeza de Maria Santíssima

A Realeza de Maria Santíssima

Há já alguns anos que se propôs aos crentes da Igreja católica o título duma nova festa de Nossa Senhora: a sua Realeza.

Com efeito, Nossa Senhora, verdadeira Mãe de Jesus Cristo, Rei do Universo é por direito, também Rainha do Céu e da Terra!

A liturgia sagrada já invoca a Mãe de Deus com os títulos de Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos, dos Mártires, dos Confessores, das Virgens, de todos os Santos, Rainha Imaculada, Rainha do Santíssimo Rosário, Rainha da Paz e Rainha Assunta ao Céu!

Este título de Rainha exprime então o pensamento de a Santíssima Virgem se avantajar a todas as ordens de santidade e de virtude, Rainha dos meios que levam a Jesus Cristo, e de que, sendo Rainha assunta ao Céu, já era sobre a terra, isto é, Rainha reconhecida pela terra e pelo céu como sendo a Criatura mais perfeita e mais avantajada em toda a santidade e semelhança de Deus Criador!

Mas, quando falamos no título da Realeza de Maria Santíssima, trata-se da Realeza que Lhe cabe por direito como Soberana, deduzida das suas relações com Jesus Cristo, Rei por direito de tudo o criado, visível e invisível, no céu e na terra.

Efetivamente as prerrogativas de Jesus Cristo têm todas os seus reflexos na Santíssima Virgem, Sua Mãe admirável: assim Jesus Cristo é o Autor da graça, e Sua Mãe é a dispenseira e intercessora de todas as graças; Jesus Cristo é o Redentor dos homens e Sua Mãe é corredentora nossa; Jesus Cristo está unido à Santíssima Virgem pelas suas relações de Filho, e nós, corpo místico de Jesus Cristo, estamos também unidos a Sua Mãe pelas relações que Ela tem conosco como Mãe dos homens. E assim, pelo reflexo da Realeza de Jesus Cristo, seu Filho, Ela é Rainha do céu e da terra, dos Anjos e dos homens, das famílias e dos corações, dos justos e dos pecadores que, na Sua Misericórdia real, encontram perdão e refúgio.

Oh! Se os homens aceitassem, de verdade prática, a Realeza da Santíssima Virgem, em todas as Nações, em todos os lares, e realmente pelo seu governo maternal regulassem os interesses deste mundo material, buscando primeiro que tudo o Reino de Deus, o Reino de Maria Santíssima, obedecendo aos seus ditames e conselhos reais, como depressa se mudaria a face da terra!

E porque a Cristandade Católica assim o sente vêm-se formulando votos e petições de muitos Prelados Diocesanos, de muitos Superiores de Ordens e Congregações Religiosas, de todos os países, manifestando ao Santo Padre o desejo de ser estabelecida na Igreja Universal a festa da Realeza de Nossa Senhora com Ofício e Missa própria, como recordação do Ano Mariano que ora decorreu.

Todas as heresias foram, em todos os tempos, vencidas pelo cetro da Santíssima Mãe de Deus. Nestes nossos tempos, tão conturbados pela suma de todas as heresias, os homens debatem-se numa pavorosa luta em que vemos e apalpamos, da maneira mais trágica, serem insuficientes os meios humanos para restabelecer a paz na sociedade humana! De resto, demasiado puseram os homens a sua confiança nos sistemas sociais, nos meios do progresso científico, no poder das armas de destruição, e tudo isso só serviu para o mundo assistir agora desorientado à maldição profetizada aos homens que põem, a sua confiança nos homens, afastando-se de Deus e da ordem sobrenatural da graça! Maria Santíssima, Rainha do céu e da terra, foi sempre a vencedora de todas as batalhas de Deus: voltem-se os governantes do mundo para Ela e o Seu cetro fará triunfar a causa do bem, com o triunfo da Igreja e do Reino de Deus!

Encíclica Pontifícia sobre a Festa da Realeza de Maria

O Papa Pio XII, em encíclica dirigida aos membros do episcopado a respeito da realeza de Maria, recorda que o povo cristão sempre se dirigiu à Rainha do céu nas circunstâncias felizes e sobretudo nos períodos graves da história da Igreja.

Antes de anunciar a sua decisão de instituir a festa litúrgica da "Santa Virgem Maria Rainha", assinalou o Papa: "Não queremos propor com isso ao povo cristão uma nova verdade a acreditar, porque o próprio título e os argumentos que justificam a dignidade real de Maria já foram abundantemente formulados em todos os tempos e encontram nos documentos antigos da Igreja e nos livros litúrgicos. Tencionamos apenas chamá-lo com esta encíclica a renovar os louvores à nossa Mãe do céu, para reanimar em todos os espíritos uma devoção mais ardente e contribuir assim para o seu bem espiritual".

Pio XII cita em seguida as palavras dos doutores e de santos que desde a origem do Novo Testamento até os nossos dias salientaram o caráter soberano, real, da Mãe de Deus, corredentora: Santo Efrem, São Gregório de Naziano, Orígenes, Epifânio, bispo de Constantinopla, São Germano, São João Damasceno, até Santo Afonso de Ligório.

Acentua o Santo Padre que o povo cristão através das idades, tanto no Oriente quanto no Ocidente, nas mais diversas liturgias, cantou os louvores de Maria, rainha dos Céus.

"A iconografia, disse o Papa, para traduzir a dignidade real da bem-aventurada Virgem Maria, enriqueceu-se em todas as épocas com obras de arte do maior valor. Ela chegou mesmo a representar o Divino Redentor cingindo a fronte da sua Mãe com uma coroa refulgente".

Na última parte do documento o Papa declara que tendo adquirido, após longas e maduras reflexões, a convicção de que decorrerão para a Igreja grandes vantagens dessa verdade solidamente demonstrada", decreta e institui a festa de Maria Rainha, fixada em 31 de maio, e ordena que nesse dia se renove a consagração do gênero humano do Coração Imaculado na Bem-Aventurada Virgem Maria "porque nessa consagração repousa uma viva esperança de ver surgir uma era de felicidade que a paz cristã e o triunfo da religião alegrarão".

† João de Deus Ramalho, S. J.

Adm. Ap. da Diocese de Macau (Religião e Pátria, 9-5-1954)

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 31 de maio.

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Maria Santíssima

Maria Santíssima, Medianeira de todas as graças

"Beatam me dicent omnes generationes..."

Conta hoje dezenove séculos a História Mariana. E ao lançarmos um olhar restrospectivo sobre este grande lapso de tempo, vemos em grandiosos quadros como a História dos povos gravita em torno da profecia da humilde Virgem.

Calvário, Éfeso, Rosário, Lepanto, Pio VII, Dogma da Imaculada, Lourdes, Fátima, nomes todos estes que lembram um passado de fatos e vitórias dos quais depende a sorte da humanidade inteira.

Mas os triunfos da humilde Virgem não terminaram. Enquanto houver gerações sobre a terra, de continente a continente, de país a país, de cidade a cidade, de povoação a povoação, pelo futuro além, ressoarão os hinos da vitória da Grande Mãe de Deus.

Ainda chegam até nós os hinos de júbilo do magno dia 8 de dezembro de 1854 e da solene definição dogmática da Assunção e Mediação Universal da Virgem Senhora!

A doutrina de Mediação Universal de Maria SS. compreende duas partes: a Corredenção ou a associação da Virgem Senhora à Redenção do gênero humano, e a Meditação ou intercessão necessária para obtermos qualquer graça de Deus.

Que a Virgem Senhora tenha sido associada à Redenção do gênero humano, não cabe a menor dúvida. O Padre José Bover, S. J., (membro da comissão pontifícia de estudos preparatórios para a dogmatização) alega para provar esta verdade, inúmeros testemunhos dos Santos Padres, doutores, pontífices, bispos, teólogos, exegetas e da sagração da liturgia. Eis o que diz no seu livro "A Meditação Universal de Maria":

"Pelo que toca à tradição dos Santos Padres, são inúmeros os seus testemunhos. Santo Irineu, o Padre por excelência da tradição cristã, escrevia: "O gênero humano, sujeito à morte por uma virgem, foi salvo por outra Virgem".

Santo Efrem fala inúmeras vezes da parte que Maria teve na Redenção dos homens. Diz, por exemplo: "Eva contraiu o pecado; à SS. Virgem ficou reservado pagar a dívida de sua mãe e rasgar a escritura de condenação que oprimia todas as gerações". E não dúvida de chamar a Maria "redenção dos nossos pecados — preço do resgate dos cativos — paga dos nossos delitos".

Na idade média encontramos uma série de teólogos que falam explicitamente na Corredenção da Virgem Senhora. Arnaldo diz que no Calvário "havia dois altares: um no coração de Maria e outro no corpo de Jesus Cristo. Cristo imolava sua carne, e Maria sua alma. Santo Alberto Magno assim se expressa: "Companheira na Paixão, Maria tornou-se cooperadora na Redenção".

"Deus, querendo resgatar o gênero humano, depôs o preço do resgate nas mãos de Maria", afirma São Bernardo. Santo Antônio ajunta que Maria foi dada a seu Filho como cooperadora na redenção mediante a sua suma participação na Paixão.

É de notar que o Magistério da Igreja não só nunca se opôs a esta doutrina, mas até a ensinou, como se depreende de muitas encíclicas dos últimos Pontífices.

"Maria, diz Pio X, associada à obra de salvação humana, mereceu-nos de côngruo o que Jesus Cristo nos mereceu de condigno (Pius X "Ad diem illum", 2 de fev. de 1904). Bento XV classicamente expressa a doutrina da Corredenção na "Intersodalícia" de 22 de março de 1918: "De tal modo Maria padeceu e quase morreu com seu Filho paciente e moribundo; de tal modo renunciou aos seus direitos maternos, e, para aplacar a justiça divina, concorreu quanto estava da sua parte para a imolação de seu Filho, que justamente se pode dizer que com Cristo resgatou o gênero humano".

Pio XI, na encíclica "Miserentissimus Redemptor", de 8 de maio de 1928, assim se exprime: digne-se a Bem-aventurada Virgem Mãe de Deus abençoar os nossos votos e esforços, ela que nos deu Jesus, o Redentor, que o nutriu, que o ofereceu em sacrifício, ao pé da cruz, e que por sua admirável união com Cristo e uma graça toda particular foi e é conhecida com o título de Reparadora".

De tudo isto se segue que, tanto a tradição como o Magistério da Igreja atribuem a Maria Santíssima uma participação imediata no sacrifício da Cruz. O essencial e substancial no sacrifício da Cruz só Cristo o pôde prestar.

Medianeira de todas as graças

A sentido desta doutrina o encontramos claramente especificado na frase de S. Bernardino de Siena, que Leão XIII fez sua na encíclica "Jucunda semper", de 8 de setembro de 1894: "Toda a graça que se concede a este mundo, tem uma tríplice procedência: pois numa belíssima ordem, do Pai é passada ao Filho, do Filho à Santíssima Virgem e dela, por fim, para nós". É uma mediação por meio de intercessão.

Jesus Cristo para honrar sua Mãe, determinou que todas as graças que ele nos mereceu, não fossem comunicadas aos homens senão por meio dela. Junto da cruz constituiu-a nossa Mãe para que dispensasse seus maternais desvelos para com todos os viventes. Este Decreto Divino, porém, não exclui a invocação de intercessão de Santos; mas se por meio deles obtemos favores, não é sem a Mediação da Virgem Senhora. É mãe, e por isso não é sempre necessário recorrer a ela para se alcançarem graças; vela por todos, mesmo não sendo invocada.

O domínio da Mediação de Maria Santíssima se estende sobre todas a graças conquistadas por Jesus Cristo. Depende diretamente de uma Mediação tudo quanto é objeto imediato da prece precatória, como são os auxílios de que carecemos para atingir nosso fim último, auxílios internos e externos, naturais e sobrenaturais, principalmente as graças atuais.

Indiretamente depende a graça santificante, tanto sua primeira infusão como seu aumento.

Indiretamente, pois, a graça santificante e seu aumento são frutos das boas obras e dos sacramentos. Mas tudo para a boa obra como para a digna recepção dos santos sacramentos precisamos de inúmeras graças atuais e estas no-las obtém Maria Santíssima, precisamente com a intenção de que em nós aumente a graça santificante.

Este ofício de Medianeira de todas as graças a Virgem Senhora o está exercendo desde a sua gloriosa Assunção.

Para provar esta segunda parte não há mister de muitos textos. A começar de Santo Efrem até Pio XII, todos são unânimes em aclamar a grande Mãe de Deus.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 31 de maio.

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Santa Joana d'Arc

Santa Joana d'Arc, a Virgem de Orleans

(† 1431)

Figura singularíssima entre os Santos é Joana d'Arc, a humilde camponesa de Domremy, que, chamada por Deus, libertou sua terra, a França, do jugo dos estrangeiros, para, como mártir dessa missão, terminar a vida numa fogueira.

Filha de pobres camponeses de Domremy, na Lorena, nasceu Joana em 6 de janeiro de 1412. Longe dos grandes centros de civilização e da política, recebeu Joana a educação que os bons e piedosos camponeses tem por costume dar aos filhos, e assim a menina cresceu em simplicidade, piedade e temor de Deus, em nada se distinguindo das companheiras, a não ser por uma piedade mais acentuada e acendrada, como também por uma compaixão extraordinária para com os pobres. Entrando na idade de 13 anos, começou para Joana uma nova época da vida. Por diversas vezes a menina ouviu vozes celestiais e apareceram-lhe o Arcanjo S. Miguel e outros Anjos, que a prepararam para a grande e extraordinária missão, para a qual Deus a tinha destinado.

Tristíssima ou antes, desesperada era a situação da França, cujo governo estava nas mãos de Carlos VII. O norte do país estava sob o poder dos ingleses, tendo ficado Carlos VII senhor apenas dos Estados ao sul do Loire. Com o sítio de Orleans, os ingleses ameaçavam apoderar-se também do resto da França. O chamado de Joana coincide com este período humilhante da monarquia francesa. O que as vozes angélicas exigiam da jovem, não era nada menos que salvar a França, libertar Orleans e conduzir o rei a Reims, para ser solenemente coroado. Tarefa aparentemente impossível para uma pobre e fraca donzela, além de tudo inexperiente e tímida! Mas as vozes tornaram-se cada vez mais insistentes e exigiram de Joana o mais pronto, cumprimento da vontade de Deus. Visões que teve também de Santa Catarina e Santa Margarida, animaram-na a não se opor aos planos divinos.

Enormes, quase insuportáveis dificuldades se levantaram diante de Joana quando esta revelou sua resolução à família. Dificuldades de outra espécie surgiram, quando Joana, em nome de Deus, exigiu ser em audiência recebida pelo rei. Este só se convenceu da missão sobrenatural da donzela, quando esta lhe revelou um segredo, só por ele e por Deus conhecido. Ainda assim o monarca providenciou para que se fizesse a mais severa observação, mas todos: homens e mulheres, foram unânimes em declarar e depor que em Joana não havia nada de exagero ou fraude. Joana designou um altar da Igreja de Santa Catarina de Fierbois, debaixo do qual acharia uma espada, de que se deveria servir, na campanha contra os ingleses. A espada foi de fato encontrada. Profecias por ela enunciadas cumpriram-se ao pé da letra, principalmente a que lhe predizia os ferimentos que receberia no assédio de Orleans. Os ingleses foram rechassados, Orleans foi libertada e Joana levou o rei em triunfo a Reims, onde se realizou a coroação do monarca. Desde o princípio de sua atividade, tinha Joana declarado positivamente que, realizada a coroação do rei em Reims, consideraria terminada sua missão. Desejava voltar para o seio da família. O rei, porém, não lhe consentiu na retirada e exigiu que continuasse no posto de comandar as tropas. Se Joana tinha preparado para o rei a solene coroação, outra coroa a ela esperava, a do martírio. Na batalha de Compiègen caiu nas mãos dos ingleses, que a encarceraram no forte de Beaurevoir, perto de Cambrai. Infeliz numa tentativa de fuga, foi encontrada desacordada e novamente levada à prisão. Instalou-se então o processo contra a heroína. Rodeada só de inimigos, abandonada pelo próprio rei, que tanto lhe devia, foi Joana julgada por um tribunal iníquo, presidido pelo bispo Pedro Cauchon, de Beauvais, que outro interesse não tinha senão de ser agradável aos ingleses. Sem ter um advogado, que lhe defendesse a causa; sem que lhe fossem ouvidos os protestos e solene apelação para a Santa Sé, Joana foi condenada à morte, a ser queimada viva. Na hora solene da execução (30 de maio de 1431) Joana se houve com toda a grandeza e dignidade. Heroína fora na vida, como heroína morreu, invocando o nome de Jesus.

"Estamos perdidos nós todos", exclamou um oficial inglês, que assistira àquela cena, "pois ela é uma santa". Os soldados, habituados à vida rude de guerreiro, enxergavam em Joana "um ser angélico, em cuja presença ninguém se atrevia a dizer ou praticar inconveniências". Joana não permitia a blasfêmia entre os soldados, e mantinha entre eles a mais rigorosa disciplina. Confessava-se quase diariamente e, além dos sacrifícios e privações, que a vida no acampamento impunha, praticava o jejum e a abstinência com muito rigor. A família requereu revisão do processo junto a Santa Sé, para que fosse reabilitada a inocência da grande heroína. A Santa Sé anuiu a este justo pedido, e o Papa Calixto III não só anulou o processo de Rouen, como também declarou solenemente a inocência de Joana. Pio X beatificou-a em 10 de abril de 1909. Em 1924 foi Joana canonizada por S. S. Pio XI, na presença de milhares de cristãos, e sob o entusiasmo mais justo de todos os católicos da França e do mundo inteiro.

Reflexões

Incompreensíveis são os juízos de Deus e inescrutáveis seus caminhos. De um modo admirável Deus se interessa pelos destinos de uma nação. Para defender os direitos de um rei, de rei indigno, recorre à intervenção de uma pobre donzela e esta morre vítima de um processo iníquo. "Quem já conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?" (Rom. 11, 34).

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 31 de maio.

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Santa Ângela Merici

Santa Ângela Merici, Virgem

(† 1540)

Santa Ângela Merici é contemporânea do tristemente célebre revolucionário Martinho Lutero. Numa época, em que os homens obcecados pelo orgulho e vaidade, negaram obediência à Sé Apostólica e pregaram a rebelião contra a Igreja de Cristo, a Divina Providência escolheu pobres donzelas para que, pela "estultícia da sua pregação" (1. Cor 1, 21) envergonhassem a sabedoria humana, pela obediência desarmassem a licenciosidade, e pela dedicação curassem os males causados pela tal chamada "Reforma". Entre aquelas almas escolhidas Ângela Merici ocupa lugar saliente. Natural de Desenzano, na Alta Itália, nasceu em 1470, filha de pais honestíssimos, porém, pobres. A educação que recebeu, foi, como não podia ser outra, numa família exemplar e temente a Deus, esmeradíssima, baseada sobre o fundamento da lei cristã. Órfã com poucos anos de idade, Ângela e a irmã foram confiadas aos cuidados de um tio, em Salo.

Embora sem constrangimento algum pudessem fazer os exercícios religiosos, o amor à solidão levou as duas irmãs meninas a um ato de grande imprudência. Um dia clandestinamente abandonaram a casa do tio, e se esconderam numa gruta, distante duas horas de Salo.

Após longas pesquisas, foi-lhes descoberto o paradeiro, e arrependidíssimas para casa voltaram. Lá viveram como num santo recolhimento, completamente separadas do mundo, conhecidas por todos pelo apelido de "as duas rolinhas de Salo". Pouco durou a íntima união das irmãs, que se dedicavam a mais terna amizade. Deus exigiu de Ângela o sacrifício da separação, pela morte da amiga e irmã. A dor foi tamanha, que dia e noite passava no cemitério, junto ao túmulo que encerrava os restos mortais da irmã. Na idade de treze anos, recebeu Ângela a primeira Comunhão e, para poder unir-se mais vezes ao divino Salvador, entrou para a Ordem Terceira de S. Francisco de Assis. Jesus era o seu amor, seu supremo Bem, seu Tudo.

Pela morte do tio, Ângela resolveu voltar à sua terra, Desenzano, com o propósito de dedicar-se à instrução religiosa da mocidade feminina. Numa visão, com que Deus a distinguiu, foi-lhe apresentada uma multidão de donzelas, rodeadas de luz celeste, trazendo coroas na cabeça e lírios nas mãos e acompanhadas por luminosos Anjos, subindo uma escada, cuja extremidade terminavam no céu. Ao mesmo tempo ouviu uma voz, dizendo: "Ângela, não deixarás a terra, enquanto não tiveres fundado uma união de donzelas, igual àquela que acabas de admirar". Deus abençoou-lhe o apostolado. As famílias confiaram-lhe a educação das filhas, e a fama divulgou-se-lhe tão rapidamente, que de Bréscia vieram pedidos para fundar ali escolas.

No espírito de Ângela a ideia de fundar uma Ordem, para o fim da educação da mocidade feminina, tomou forma cada vez mais concreta. Para alcançar a assistência divina, numa obra de tanto alcance, Ângela fez uma romaria à Jerusalém. Na viagem perdeu a vista. Levada por outros, passou por todos os Santos Lugares, sem podê-los ver, a não ser pelos olhos da fé. Na volta, o navio perdeu o rumo e aportou na ilha Candia. Ali havia, perto do porto, um crucifixo milagroso. Ângela para lá se dirigiu e pediu a Nosso Senhor que lhe desse a vista. A sua oração foi ouvida e ela se levantou curada. Para demonstrar sua gratidão, fez uma outra peregrinação à Roma, por ocasião do Jubileu (1525). O Papa Clemente VII recebeu-a em audiência, examinou-lhe os projetos e abençoou a obra, que parecia ter sido imposta pela Divina Providência. Após curta permanência em Cremona, voltou para Bréscia, onde então lançou os fundamentos da nova Ordem. De toda parte vieram petições de admissão na Congregação, que em 1535 contava já 27 irmãs. São consideradas estas as fundadoras da Instituição das Ursulinas. O fim primitivo da mesma não era a vida contemplativa, mas o trabalho no seio das famílias: a instrução religiosa, a assistência aos pobres e enfermos e a vigilância pela conservação dos bons costumes. A primeira regra, escrita por Ângela, teve a aprovação do Cardeal Bispo de Bréscia e do Papa Paulo III.

Mais tarde a Pia Instituição das Ursulinas tomou a feição de Ordem religiosa, com clausura e votos. O fim conservou-se o mesmo: a educação da mocidade feminina.

Santa Ângela morreu no dia 27 de janeiro de 1540. Tendo Deus glorificado por muitos milagres o túmulo de sua serva, S. Carlos Borromeu lhe iniciou o processo de beatificação, o qual, porém, ficou retardado pela morte do Bispo, e outras circunstâncias. Ângela foi beatificada pelo Papa Clemente XIII em 1768 e o Papa Pio VII inseriu-a no catálogo das Santas da Igreja, no ano de 1807.

Reflexões

Santa Ângela Merici dedicou-se ao apostolado da instrução religiosa. Não pode haver missão mais nobre que a de Jesus Cristo. "Eu vim para pregar aos pobres o Evangelho". Felizes daqueles que sentem em si a mesma vocação, porque, trabalhando pelos interesses mais caros de Jesus, dele receberão uma recompensa extraordinária. Dessa missão participam os pais, a quem cabe por obrigação dar aos filhos a necessária instrução religiosa. Dessa missão participam os catequistas, que, sob as vistas do vigário da freguesia, ensinam à mocidade a doutrina. Homens de grande reputação dedicaram-se ao ensino do catecismo, por exemplo, Gerson, o cardeal Belarmino, Santo Inácio, S. Francisco Xavier, S. Francisco de Sales, D. Bosco. Todos eles imitaram o exemplo de Jesus, que chamou as crianças, dizendo que delas é o reino do céu, e assevera que todo aquele que recebe uma criança em seu nome, é a Ele que recebe. Em cada criança devemos ver a Jesus. Por isso devemos amar as crianças e fazer-lhes todo o bem possível. O maior benefício que se lhes pode fazer, é instruí-las na religião. Os meninos de hoje serão os homens do futuro. Triste é o espetáculo que presenciamos, da ignorância religiosa. Para que a sociedade se regenere no espírito da fé, para que a família, a escola, voltem aos princípios cristãos, é preciso que nos dediquemos à Instrução religiosa.

Quando fordes convidados para ajudar aulas de catecismo, não vos recuseis; pelo contrário, considerai grande honra poder trabalhar na obra de Cristo. Se não vos for possível trabalhar como catequistas, auxiliai com a vossa esmola e oração.

Santos, cuja memória é celebrada hoje

Em Roma, a memória de Santa Petrolina, filha espiritual de S. Pedro Apóstolo. Era da célebre família romana dos Flávios, e achou seu último repouso perto da Via Ardeatina, onde mais tarde, no séc. 4º se erigiu uma igreja de seu nome. É padroeira de Roma. O povo cristão pede sua intercessão contra a febre, que muito a atormentava. É padroeira também dos turistas, sem que para isto se conheça uma explicação plausível.

Em Seoul, na Coréia, o primeiro missionário e sacerdote indígena Thiago Tsiu, foi decapitado em 1801.

Referência: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

Comemoração: 31 de maio.

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